Sob a estátua que eterniza o famoso aceno de Juscelino Kubitschek à nova capital do Brasil, está a história de Brasília. A epopeia brasiliense é narrada nos corredores do Memorial JK, monumento construído em um dos pontos mais altos da cidade, que completou 40 anos ontem, no mesmo dia do nascimento de JK, há 119 anos. Para celebrar a data, o museu lançou duas obras literárias, que contam um pouco da história e jornada de um dos presidentes mais respeitados do Brasil, o mineiro JK.
A primeira obra é voltada ao público infantil, e tem como título De Nonô a JK. Ela estará disponível na rede pública de ensino do DF e em bibliotecas da capital. O livro infantil é fruto de parceria entre o Memorial JK e a Secretaria de Cultura do Distrito Federal, comandada pelo secretário Bartolomeu Rodrigues. A obra faz alusão ao apelido de infância do ex-presidente, e é composta ainda por um livro de colorir e uma pasta.
Estudantes da Escola Classe 305 Sul foram convidados para receberem alguns exemplares dos livros. A assistente administrativa Cássia Coimbra do Nascimento, 40 anos, levou os filhos, Miguel, 7, e Clarissa, 4, para conhecerem o museu e terem acesso à obra. “É a primeira vez que eles visitam o Memorial JK. Trazê-los aqui me lembrou da vez que eu vim, foi na pré-escola”, recorda.
Cássia conta que a família gosta de contação de histórias. “As crianças adoram livros, e acho que é um meio de comunicação mais eficaz quando se trata de história, e não faço menção só das lúdicas. Em casa, temos uma estante e, no nosso cotidiano, a gente nem sempre pode contar uma história como a de JK. Assim que chegar em casa vamos abrir para ver. Eu acho que é a melhor forma de ensinar as crianças, principalmente nessa idade”, diz. “Eu também vou aproveitar para aprender um pouquinho e, até mesmo, relembrar a história do ex- presidente”, garante a assistente administrativa.
O secretário Bartolomeu Rodrigues entende que a obra é de fundamental importância para preservar e difundir as memórias da história de Brasília entre o público infanto-juvenil. “Não se pode falar de Brasília sem falar de Juscelino. A obra é voltada a esse público, porque a gente precisa envolver cada vez mais as crianças em todos os projetos, não só fazendo referências de pessoas, mas também de obras arquitetônicas. É na juventude que a gente deposita toda a nossa esperança”, disse.
O outro livro é o terceiro volume da coletânea Memórias do Brasil — Discursos de Juscelino Kubitschek, que é a compilação de todos os pronunciamentos feitos por ele em 1958. A publicação é do Conselho Editorial do Senado Federal (Cedit), presidido pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Para Bartolomeu, a obra traz a possibilidade de manter a memória de JK viva. “A gente depende da juventude para que Brasília continue sendo patrimônio cultural da humanidade. Então, se não tivermos esse engajamento, essa preocupação, Brasília pode se desfigurar, e não podemos permitir isso de maneira alguma. Nós temos uma preocupação muito grande, sobretudo com a questão patrimonial. Brasília precisa zelar pela obra que Juscelino construiu”, ressaltou.
Exemplo a ser seguido
Filho de caixeiro viajante, JK fez do nada, muito. Saiu da pobreza, estudou e tornou-se um dos maiores exemplos políticos do país. A habilidade do ex-presidente em dialogar com diferentes setores e matizes políticas foi destacada pelo governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), para quem o JK é um exemplo a ser seguido por toda a população e, principalmente, pelas autoridades políticas. “Foi um dos maiores democratas que esse país já teve. Advindo de MG, com uma história maravilhosa e com todas as dificuldades do interior de Diamantina, ele chegou à capital da República mostrando tudo o que precisamos neste momento: diálogo", pontuou.
A solenidade contou, ainda, com a presença do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (Democratas), que destacou a atuação de JK, sempre pautada pelo respeito à democracia. “Celebramos a vida e obra de quem, ouço dizer, exerceu o mais importante mandato presidencial deste país. Juscelino Kubitschek celebrou nossa diversidade e construiu o que hoje compreende a nossa nação. Sempre com profundo respeito à Constituição Federal e à democracia. A criação desta cidade que nos recebe é a primeira metáfora desse sentimento”, ressaltou.
André Octávio Kubitschek, bisneto do ex-presidente, também homenageou o avô, em nome da família, durante a solenidade. Em companhia dos pais Anna Christina Kubitschek, neta e presidente do Memorial JK, e do empresário e ex-senador Paulo Octávio, André reiterou que o bisavô foi responsável por “um dos mais férteis momentos da história política do Brasil”. “Foi um homem de diálogo. Soube conversar com todas as instâncias da República, honrando as técnicas democráticas, e respeitando as penas da Constituição. Por onde passou, abriu portas e trouxe aliados. Essa é a Brasília de JK. Esse é o Brasil de JK. Este é Juscelino, o líder estadista que capitaneou o sonho de um Brasil grandioso", afirmou.
Guarda tesouro
Inaugurado oficialmente em 12 de setembro de 1981, dentro de 5.784 metros quadrados de área construída, o Memorial JK reúne o acervo pessoal e político do ex-presidente. A partir de fotos, maquetes, vestes e imagens que contam detalhes de sua vida e obra, o espaço recebe visitantes de diferentes locais do país. De acordo com a secretária de Turismo do DF, Vanessa Chaves de Mendonça, o interesse turístico pela capital federal está atrelado à vida do ex-presidente. “Lembrar o aniversário de JK é ressignificar essa história de Brasília, que é tão única e trouxe tantos brasileiros para construir, realizar esse sonho e fortalecer os propósitos do nosso governo”, ressalta.
Dentre os pontos mais visitados no Memorial JK, está a Sala de Metas, que possui um holograma em tamanho real responsável pela explicação de seu plano de governo, que culminou na inauguração da nova capital. Também chama a atenção uma pintura feita pelo artista Cândido Portinari, em 1956, e a coleção de obras do escritor inglês William Shakespeare, presenteada pela Rainha Elizabeth II.
No segundo andar, está a Câmara Mortuária, morada definitiva do estadista. O túmulo onde JK descansa está no centro de um ambiente com paredes esculpidas por Athos Bulcão e um vitral feito por Marianne Peretti. O espaço recebe luz natural que varia de tom de acordo com a posição do Sol. Durante a solenidade, Pacheco, Ibaneis e a primeira-dama, Mayara Noronha, e Anna Christina e seu marido, Paulo Octávio, depositaram buquês de flores na câmara mortuária, em homenagem ao ex-presidente, e respeitaram um minuto de silêncio.
» Horários de visitação do memorial JK
De Terça a Domingo, das 9h às 18h. Valor do ingresso: Inteira R$ 10 e meia-entrada para estudantes e idosos.
A trajetória Política de JK
1933: Benedito Valadares é nomeado Interventor em Minas Gerais e designa JK para ser seu Chefe de Gabinete;
1945: é eleito Deputado Federal de Belo Horizonte, e remodela a cidade com obras de vanguarda. Obras como o complexo urbanístico da Pampulha ganham dimensão internacional;
1950: concorre às eleições para Governador do Estado. Ao término de seu governo, campos de pouso, escolas, hospitais, postos de saúde, faculdades, pontilhavam todo
o estado;
1954: credenciou seu nome à postulação de candidatura à Presidência da República. E assim o foi: saiu vitorioso da convenção do PSD, com seu nome indicado para concorrer à Chefia da Nação;
1956: Juscelino Kubitschek de Oliveira se elege presidente da República. Eleito pelo povo, o presidente promovia confiança na economia e estimulava a estabilidade política objetivando gerar o desenvolvimento nacional
e bem-social;
*Com informações do site oficial do Memorial JK
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