A poucos dias da Semana Nacional de Trânsito, comemorada entre 18 e 25 de setembro com o objetivo de conscientizar a população sobre a segurança viária, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) assinou, nesta quarta-feira (8/9), contrato para instalação de 148 radares para detecção de infrações — conhecidos como pardais — nas vias urbanas do DF. Serão 326 faixas monitoradas, e 40% dos novos equipamentos devem ser instalados em até 90 dias. O contrato terá duração de 30 meses, com possibilidade de prorrogação por mais 30.
Desde novembro de 2020, o Distrito Federal está sem pardais, aparelhos que flagram excesso de velocidade e monitoram o trânsito em faixas exclusivas, como as do transporte público. O motivo, de acordo com o Detran-DF, deve-se ao vencimento do contrato anterior, o qual não era mais possível renovar. A publicação do edital para a instalação dos novos equipamentos foi feita em março deste ano, mas o preço estipulado pelo órgão, à época, foi considerado inviável pelas empresas participantes, o que acabou causando demora no processo de recolocação dos pardais. No entanto, a capital federal não está sem fiscalização eletrônica de trânsito. Há em funcionamento nas vias urbanas do DF 245 equipamentos de avanço de sinal e barreiras eletrônicas.
O controle da velocidade de tráfego é essencial para a segurança viária. Um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que o risco de morte por atropelamento cresce drasticamente conforme o aumento da velocidade do veículo. Quando o automóvel circula a 32km/h, a chance de sobrevivência é de 95%. A taxa cai para 15% quando a velocidade é de 64km/h.
Segurança
Segundo Rodolfo Rizzotto, coordenador do SOS Estradas, programa de segurança viária, a gestão da velocidade é uma das principais armas no combate à violência no trânsito, já que há relação direta entre velocidade e consequências graves de acidentes. O especialista alerta, porém, para o perigo do discurso da existência de uma “indústria da multa”, criada com o objetivo único de usar a punição como forma arrecadatória. “Estamos na contramão daquilo que está sendo feito em outros países, com políticas de reduzir a velocidade a 30km/h em áreas urbanas. Aqui estamos, cada vez mais, perdendo o controle”, lamenta Rizzotto, citando a recente política de desligamento de radares em rodovias federais.
De acordo com o coordenador, essa desativação da fiscalização de velocidade resultou em aumento de 15% na média de mortes naquelas vias. “Essas decisões vêm sempre acompanhadas da justificativa de uma suposta ‘indústria da multa.’ Temos que usar a tecnologia para preservar vidas. Ninguém é obrigado a andar em excesso de velocidade. Mesmo os infratores, que logo depois do radar vão voltar a acelerar, ao menos naquele ponto crítico vão reduzir a velocidade”, destaca Rizzotto.
Monitoramento
O Detran-DF não trabalha com equipamentos do tipo radar, aqueles capazes de detectar objetos à distância, mas com aparelhos que registram a infração no local onde estão instalados. Os novos pardais vão continuar usando a tecnologia de reconhecimento automático de placas de veículos, com recursos de discernimento óptico de caracteres.
Os aparelhos também vão analisar as informações de tráfego, enviar os dados à central do órgão e elaborar inventários, registros, ordenação de dados de contagem volumétrica e classificatórios de veículos, além de gerar autos de infração. “O contrato prevê a prestação de serviços de monitoramento e gestão das informações de tráfego — como matriz de origem-destino, dados de fluxo, tempo médio de percurso e registro de congestionamento — que são utilizadas pela autarquia para acompanhamento do fluxo de veículos e realização de estudos voltados à engenharia de trânsito”, afirma, em nota, o Detran-DF.
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