Pela terceira vez furtada em menos de um ano, a situação da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, na 307/308 Sul, reflete a sensação de insegurança dos moradores e visitantes do templo. Esse problema se repete em outro ponto do Distrito Federal: a Praça dos Orixás, na Prainha, que teve a escultura de Ogum queimada na noite da última quinta-feira (26/8). Sem uma vigilância adequada, esses locais são alvo de criminosos e de intolerância religiosa, respectivamente.
A reportagem do Correio visitou, na tarde de nessa sexta-feira (27/8), esses dois cartões-postais e também a Torre de TV. Apenas na Torre havia a presença de uma equipe da polícia. No entanto, a Igrejinha e a Prainha, segundo visitantes, não recebem a mesma atenção.
Para o segurança da Igrejinha, José Antônio Souza, 34 anos, falta monitoramento no local. “Costumo chegar aqui por volta das 14h, fico até as 21h, a não ser que tenha casamento, aí fechamos mais tarde. Mas aqui só veio patrulha depois do último roubo. A polícia só ficou por dois dias, depois, não apareceu. Falta realmente vigilância no local”, destaca José.
O porteiro Antônio Medeiros, 53, trabalha em um prédio na quadra da Igrejinha há 38 anos, e explica que o problema, ao contrário do pensamento de alguns, não é devido aos moradores de rua. “Estou aqui todo esse tempo e houve períodos com muitos moradores de rua por aqui, e te digo que não havia assaltos como tem hoje. Acho que é questão de criminalidade mesmo”, diz.
A babá Regiane Aparecida, 33, conta que fica sempre atenta quando desce com o bebê para a praça da Igrejinha. “Fico prestando atenção e, se vejo alguém que parece mal-intencionado, evito passar perto, volto para o apartamento. É o jeito de a gente se proteger. O problema é que não há policiamento suficiente para inibir esse tipo de ação aqui perto”, alerta.
A falta de vigilância é o mesmo problema relatado na Prainha. A Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) investiga o caso de depredação a escultura de Ogum. Os autores do crime podem pegar até 6 anos de prisão.
Questionada sobre as ocorrências nos dois locais, a Polícia Militar do DF (PMDF) ressaltou, em nota, que patrulha diariamente as quadras da Asa Sul. “Reiteramos que os criminosos esperam o melhor momento para agir. Neste caso, a PMDF orienta aos moradores e comerciantes da quadra para que procurem o batalhão da área para falar sobre as demandas de segurança. No mais, informamos que a PMDF tem prendido diariamente, porém na mesma velocidade, muitos infratores têm sido liberados durante audiências. Todo o DF recebe policiamento de forma ininterrupta, ou seja, 24h por dia”.
Tranquilo
Dos locais visitados pelo Correio, a Torre de TV apresenta a melhor sensação de segurança para os visitantes e comerciantes da região. Márcia Dias da Silva, 40, frequenta o local desde a infância, acompanhando o pai que era pipoqueiro. Agora, é ela que vende o produto. “Aqui é muito tranquilo. Tem patrulhamento e, quando começa a escurecer, eles ligam as luzes. Nunca vi relato de problemas”, conta.
A frequentadora do lugar Eneida Alves dos Santos, 35, compartilha da mesma sensação de segurança. “Aqui, na região central do DF, costuma ser mais monitorado. Falta esse controle em outros locais, como na minha cidade, em Taguatinga. Lá eu me sinto insegura”, afirma. Thiago Lima, 31, morador do Guará, aproveitou a tarde de sexta-feira para visitar o ponto turístico. “Nesse horário (16h40), acho bem tranquilo. Tem fluxo de gente passeando por aqui, então não vejo perigo”, avalia.