Cacos de vidro no chão, fibras despedaçadas e pedaços de esculturas carbonizados. Os brasilienses que foram à Praça dos Orixás na noite desta quinta-feira (26/8) encontraram depredada uma das esculturas que representam as divindades africanas. A estátua de Ogum caiu do pedestal após ser incendiada.
O espaço dedicado às figuras religiosas fica na Prainha do Lago Paranoá, próximo à Ponte Costa e Silva. Por meio das redes sociais, a Administração Regional do Plano Piloto criticou o ato de vandalismo. "Lamentamos profundamente o ocorrido no dia de hoje, na Praça dos Orixás, declarada patrimônio imaterial do Distrito Federal, onde imagens de orixás foram queimadas", diz o texto.
O órgão reforçou o compromisso de garantir a preservação dos espaços culturais da cidade e informou que tomará as "devidas providências para restauração do local, incluindo a reposição das imagens, e para impedir que esses atos de vandalismo e intolerância religiosa se repitam".
A nota informa que a Polícia Civil foi acionada para investigar a materialidade e a autoria do crime, bem como para pedir a instalação de mecanismos de vigilância. "A Administração Regional conclama toda a comunidade para o combate à intolerância religiosa e a defesa da preservação do patrimônio público, denunciando atos dessa natureza no DF", ressalta o texto.
Histórico de intolerância
A inauguração do espaço, com 16 orixás, ocorreu em 2000. Desde então, ataques às figuras são comuns — muitas vezes, motivados por intolerância religiosa. A imagem de Oxalá, por exemplo, foi incendiada no ano-novo de 2015.
Para a vice-presidente da comissão de liberdade religiosa da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF), Patricia Zapponi, falta fiscalização por parte do poder público. "Não é de hoje que ocorrem depredações na Praça dos Orixás. O espaço é alvo recorrente de vândalos e não há nenhum zelo por parte do Estado para a manutenção e cuidado do espaço", destaca.
Para Patrícia, é necessários investimento no local, declarado patrimônio imaterial do DF em 2018, por decisão unânime do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural do Distrito Federal (Condepac). "Que ocorra a manutenção da praça, para a realização de apresentações de congada, além de feiras com comidas típicas e artigos da cultura africana", cobra a advogada.