TRIBUNAL DO JÚRI

Procurador da Infraero que atirou na própria mãe deve voltar à prisão

Em decisão divulgada nesta quinta-feira (26/8), juiz determinou que o procurador Henrique Celso Gonçalves volte à prisão preventiva. Determinação tem força de mandado, mas defesa pode recorrer

Um mês depois de um desembargador da 2ª Turma Criminal conceder habeas corpus para liberar Henrique Celso Gonçalves da prisão preventiva, o Tribunal do Júri de Brasília determinou que o procurador seja preso novamente. Ele é acusado de atirar na própria mãe, em 24 de julho, após uma discussão com o cunhado e com a esposa, no Lago Sul. A decisão tem força de mandado de prisão, mas a defesa pode recorrer.

A determinação, assinada pelo juiz de direito substituto Frederico Ernesto Cardoso, saiu nesta quinta-feira (26/8) e atende a um pedido do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A instituição havia apresentado denúncia contra Henrique Celso por cinco crimes: tentativa de homicídio; lesão corporal contra a esposa; agressão contra a irmã; submeter a constrangimento uma criança de 4 anos, no dia dos fatos; e por manter em casa, sem autorização legal, nove armas, além de munição e carregadores. A acusação pode ser rejeitada ou aceita — integral ou parcialmente — pela Justiça.

O magistrado do Tribunal do Júri argumentou que o mandado de prisão preventiva é uma medida "excepcional, que só pode ser aplicada quando presente a materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria, como forma de garantir a ordem pública e econômica, bem como pela conveniência da instrução criminal, e para assegurar a aplicação da lei penal". Com a decisão, Henrique Celso pode responder ao processo preso.

A defesa do procurador informou que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) "havia se manifestado pela concessão da liberdade" de Henrique Celso, desde que cumpridas medidas judiciais. "Entendemos que não há necessidade da prisão e vamos novamente recorrer, com novo pedido de habeas corpus", afirmou o advogado Karlos Eduardo de Souza Mares.

Entre as obrigações que Henrique Celso deveria cumprir, segundo o alvará de soltura concedido previamente, estavam: comparecer a todos os atos do processo; manter distância mínima de 300 metros da esposa; não ter contato com ela por nenhum meio; e não retornar à residência do casal até nova autorização judicial. 

O MPDFT informou que pediu pela prisão preventiva após a concessão do habeas corpus e que a decisão desta quinta-feira (26/8) confirmou o entendimento da acusação, pois destacou "ser absolutamente necessária a custódia cautelar do referido acusado, para garantia da ordem pública".

Discussão e disparos

Henrique Celso Gonçalves Marini trabalhava como procurador na Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e foi preso em flagrante, após discutir com o cunhado, na noite de 24 de julho. O desentendimento ocorreu durante uma confraternização na casa dele, na QI 28 do Lago Sul. A confusão começou quando o procurador, depois de ingerir bebida alcoólica, teve uma briga com a esposa e a irmã — cujo marido tentou intervir. 

Na sequência, Henrique Celso buscou um revólver calibre 38 e disparou cerca de quatro vezes, na tentativa de atingir o cunhado. No entanto, um dos tiros acertou a mãe do procurador, uma mulher de 83 anos. Os familiares e amigos que estavam na confraternização se esconderam em um quarto e acionaram a Polícia Militar. O caso ficou foi encaminhado à 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul).

Em 26 de julho, o procurador passou por audiência de custódia, e a Justiça determinou que ele ficasse preso preventivamente. Contudo, dois dias depois, o desembargador Silvanio Barbosa dos Santos, da 2ª Turma Criminal do TJDFT, atendeu ao pedido de habeas corpus que liberou Henrique Celso da prisão preventiva.

Consultada pela reportagem, a Infraero informou que, à época dos fatos, o funcionário estava cedido ao Ministério da Justiça. "Ao ser devolvido para a Infraero, solicitou licença médica, a qual foi deferida pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Após o término da licença e retorno do empregado às atividades, a Infraero avaliará internamente o caso", comunicou a empresa.

 

Saiba Mais