Em um ano, a campanha estará aberta, com todos os candidatos oficializados e o confronto nas ruas e redes sociais. Quem serão os nomes estampados nas urnas na disputa ao Palácio do Buriti? Hoje temos alguns indicativos, sem considerar imprevistos — que sempre ocorrem. Ibaneis Rocha trabalha abertamente pela reeleição, embora políticos experientes apostem que o governador pode, ainda, optar por outro caminho, a depender da conjuntura: concorrer como vice numa chapa nacional ou mesmo voltar para a advocacia. Hoje sua postura é de um candidato de olho em mais quatro anos de mandato. Ibaneis tenta costurar um amplo arco de alianças que lhe garanta tempo de televisão e uma base forte. Nessa empreitada, trabalha para impedir uma candidatura ao governo na base bolsonarista, como a dos ministros da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres (PSL), e da Secretaria de Governo, Flávia Arruda (PL). Nesse jogo, conta com o apoio do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, que tem espaço político no GDF. No Iges-DF, órgão responsável pela gestão do Hospital de Base, Hospital de Santa Maria, e UPAs, a presidência está a cargo de Gilberto Occhi, homem da confiança de Ciro Nogueira.
Três senadores no páreo para o Buriti
Entre os prováveis adversários de Ibaneis, estão os três senadores da bancada do DF. Izalci Lucas (PSDB) sonha, há anos, com a chance de ser candidato. Não tem outro caminho em 2022, uma vez que estará na metade do mandato de senador. Nessa situação estará, também, Leila Barros (Cidadania). José Antônio Reguffe (Podemos) terá de disputar nova eleição se quiser continuar na política. Ele tem se preparado para concorrer ao GDF. Campeão de votos nas urnas do DF, Reguffe será testado depois de oito anos sem candidaturas.
Enquanto isso… Na sala de Justiça
O Tribunal de Contas do DF decidiu, com base em representação da procuradora Claudia Fernanda de Oliveira Pereira, suspender contratações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF) por apresentarem irregularidades no processo seletivo. Segundo denúncia que chegou ao Ministério Público de Contas, as provas são realizadas pela internet, sem critérios objetivos de avaliação. O TCDF abriu prazo para que o Iges-DF apresente explicações, uma vez que esse tipo de seleção dá margem para contratações políticas ou de profissionais sem qualificação para trabalhar nos hospitais e UPAs. O relator do processo é o conselheiro Paiva Martins.
Via alternativa
Sem Leila Barros, o PSB tenta construir uma alternativa. Principal nome do partido, Rodrigo Rollemberg está decidido a disputar um mandato de deputado federal. Ajuda o PSB a ampliar a bancada na Câmara e terá mais possibilidade de retornar à política. Assim, ele deu início à construção de um grupo político, o que passa por conversas com o ex-secretário de Educação Rafael Parente e com o deputado distrital Leandro Grass (Rede). Nesse bloco, pode entrar, também, o PDT, de Joe Valle e Reginaldo Veras. Mas esse grupo gostaria de incluir, ainda, o senador José Antônio Reguffe (Podemos).
Última hora
O governador Ibaneis Rocha (MDB) deve deixar para o último minuto o anúncio do vice ou da vice que vai integrar a sua chapa à reeleição. Para evitar desgastes com descontentes num período longo até o início da campanha.
Siga o dinheiro
R$ 189.257.064,24
Foi o montante gasto, até o momento, em 2021, no principal programa de combate à covid-19 da Secretaria de Saúde. O valor corresponde a 48,6% dos recursos previstos no orçamento deste ano.
Mandou bem
O Distrito Federal avançou bastante no ranking nacional de vacinação. Agora, está em 3º lugar em número de primeiras doses aplicadas. Na próxima terça-feira, começa a imunização da turma acima de 18 anos.
Mandou mal
Em solenidade no Palácio do Planalto, o mestre de cerimônias anunciou, na última quinta-feira, que o uso de máscaras era opcional. Um absurdo de medida em meio a uma pandemia que está ainda longe de acabar.
À Queima Roupa
Ex-deputado Geraldo Magela (PT)
“Quando chegar a outra eleição presidencial, em 2026, os diversos projetos de país vão entrar em disputa. Mas, em 2022, é eleger alguém que pode fazer esta transição do autoritarismo para a democracia. Que será Lula”
Resolução aprovada pelo PT-DF estabelece que, na campanha de 2022, a tática local estará plenamente submetida à tática nacional e às orientações da direção nacional. O que isso significa? O partido seguirá, aqui, as alianças nacionais?
Significa que a eleição do Lula é a prioridade absoluta do partido e que todas as nossas decisões no DF vão obedecer a essa tática nacional. Não faremos nada aqui sem dialogar com Lula e com a direção nacional.
O PT-DF terá candidato ao governo ou aceitará apoiar outro concorrente?
O PT tem vários nomes que podem encabeçar uma chapa para o governo e outros que podem ser candidatos para o Senado. O PT vai oferecer esses nomes para análise dos partidos. O PT quer fazer uma aliança com partidos progressistas, que pode ser no primeiro ou no segundo turno. Não iremos para o debate com nenhuma imposição.
A resolução defende alianças com partidos de centro-esquerda. Com quais partidos o PT aceita debater?
O que vai nortear as alianças no DF será o apoio ao Lula, em primeiro lugar. O nosso arco de alianças será determinado pelo apoio ao Lula. Mas vamos procurar todos os partidos da centro-esquerda e da esquerda que queiram derrotar a direita bolsonarista no DF.
O PT-DF aceitaria uma aliança com Ibaneis Rocha (MDB)?
O Ibaneis faz um governo com o receituário do governo Bolsonaro. Tem todas as semelhanças com o programa federal. Isso, por si só, dificultaria qualquer possibilidade de aliança eleitoral. O PT vai apresentar para a sociedade um programa absolutamente diferente do governo Ibaneis. E penso que o PT será o principal adversário de Ibaneis.
Muitos eleitores condenam atitudes do presidente Jair Bolsonaro, mas votarão na reeleição se o adversário for Lula. Acha que Lula fortalece Bolsonaro?
Lula é o maior adversário de Bolsonaro. Se alguém disser que vai votar no Bolsonaro porque não gosta do Lula, estará mentindo. Na verdade, esse eleitor é bolsomínion. Na eleição de 2022, haverá dois lados: um, de quem defende o fascismo, e outro, de quem defende a democracia. Lula representa a democracia. O eleitor de centro, que defende a democracia, vai votar no Lula.
Acredita que Lula irá até o fim ou existe possibilidade de acabar apoiando outro candidato, como Fernando Haddad?
Não existe essa dúvida. Lula será o candidato de vários partidos para resgatar a paz e a prosperidade para o povo brasileiro. Nós queremos construir uma forte aliança com a sociedade brasileira para reconstruir o Brasil. E Lula é o melhor nome para fazer isso. Quando chegar a outra eleição presidencial, em 2026, os diversos projetos de país vão entrar em disputa. Mas, em 2022, é eleger alguém que pode fazer essa transição do autoritarismo para a democracia. Que será Lula.