“A partir de segunda-feira (amanhã), vamos finalizar a limpeza e iniciar a obra de reconstrução. Queremos estar com tudo pronto em um prazo de 30 dias”, afirmou o ex-deputado distrital Raad Massouh, dono do prédio que desabou na altura da Quadra 713 Norte, às margens da W3. O empresário esteve durante toda a tarde de ontem no local, onde coordenou a instalação de vigas de madeira para sustentação da estrutura e dos tapumes, com o intuito de impedir o fluxo de pessoas na parte de baixo.
De acordo com Raad, uma avaliação prévia mostrou que as lojas do térreo não tiveram qualquer tipo de dano. “Vão permanecer fechadas e, na próxima semana, é possível retomarem às atividades, com o devido aval da Defesa Civil”, completou.
Quatro lojas suspenderam as atividades neste fim de semana. Um restaurante, funcionou normalmente, ontem. Em relação às sobrelojas à esquerda da estrutura colapsada, moradores voltaram ao local para pegar pertences. “Passamos a noite em um prédio alugado aqui perto. Estamos tendo todo o apoio, mas estamos sem nossas coisas: roupas, dinheiro e documentos”, ressaltou um homem que preferiu não se identificar.
Apesar do cenário de terra arrasada, que ainda assusta quem passa pela W3 Norte, e do cercamento com fita tracejada feito pelas autoridades, moradores e comerciantes parecem estar tranquilos após o ocorrido.
Muitos ainda se recordam com tensão do momento em que a sobreloja desabou. “Eu estava em um prédio do outro lado da rua. O barulho se compara à queda de uma cristaleira gigante. Tremeu tudo ao redor. Não sei explicar o susto que senti no momento”, contou o comerciante Alan Miranda, de 29 anos, que há 14 anos atua na região. “Muita fumaça, muita gritaria e muita preocupação em ter alguém lá dentro”, lembrou.
Não houve mortes, mas um operário ficou ferido no pé, sem a necessidade de hospitalização. Em nota, a DF Legal informou que reformas como a do imóvel são de responsabilidade dos proprietários do edifício e dos técnicos que acompanham os trabalhos. “Não há, em nosso sistema, registro de pedido de vistoria ou denúncia quanto à obra”, revelou o texto.
Fatores
Ao analisar o fato, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-DF), Dionyzio Klavdianos, acredita que não foram tomados cuidados, como a manutenção temporária preventiva e a contratação de empresa sem o devido gabarito. “Um engenheiro calculista conseguiria dar o devido diagnóstico desse trabalho e orientar, sem intercorrência, sua execução”, garantiu.
Para Klavdianos, o acidente em Águas Claras, em que um operário morreu após a queda de uma barra de ferro, na sexta-feira, é um caso diferente. “É uma empresa conhecida e, devidamente, formalizada. Os cuidados, certamente, foram tomados. Podemos, sim, falar em fatalidade”, resumiu o dirigente.