Consta no sistema da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que o papiloscopista da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Ronney José Barbosa Sampaio possui em seu nome cinco helicópteros, adquiridos entre 2002 e 2021. Um deles, que caiu no último domingo, no Pantanal mato-grossense, com 300kg de cocaína, estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) vencido desde novembro de 2017. O registro da Anac aponta que o policial comprou o helicóptero em 5 de maio de 2021.
Segundo a Anac, a expiração da validade não impede que as máquinas sejam vendidas ou compradas, mas indica que as aeronaves não podem ser operadas. O agente relatou ao Correio que vendeu o helicóptero em 25 de maio, mas que a transferência não foi feita, por isso o veículo ainda está em seu nome. A reportagem tentou contato com o suposto comprador, mas não obteve resposta.
Das cinco aeronaves registradas no nome do papiloscopista, uma não tem o fabricante registrado no sistema da Anac e outra, do modelo Mike Seymour Exec 162F, não tem valor estimado. Uma é do modelo Robinson R22, com preço base de cerca de R$ 2,2 milhões. As duas restantes são Robinson R44, incluindo a que caiu no Pantanal, e podem custar cerca de R$ 3,8 milhões, segundo levantamento feito pelo Correio.
Apesar do alto valor, a Polícia Federal avalia o helicóptero que caiu no último domingo em aproximadamente R$ 450 mil. A aeronave tem registro particular e não pode ser usada comercialmente. Ela possui capacidade para transportar até três passageiros, além do piloto, e carga máxima de 340 kg.
Segundo o Portal da Transparência do DF, a última remuneração de Ronney Sampaio, em junho, foi de R$ 19.746,02. O salário médio do policial civil é de R$ 12 mil. Ele não quis comentar os questionamentos do Correio. Procurada pela reportagem, a PCDF afirmou que a corregedoria da corporação vai instaurar “procedimento para apurar os fatos envolvendo o papiloscopista policial”, destacando que não há previsão de afastamento cautelar administrativo no regime jurídico da PCDF, a não ser com pedido expresso da Justiça. Segundo a corporação, Ronney Sampaio atualmente está lotado na Divisão de Trânsito (Ditran) e exerce atividade administrativa.
Policial investigada
Uma agente da Polícia Civil do DF investigada por perseguir e ameaçar o namorado — presa, na terça-feira, por tentar impedir o depoimento da vítima — foi denunciada pelo Ministério Público do DF por acusar um delegado do DF de falso estupro e agressão, em 2017. Ela também foi condenada duas vezes por injúria contra o delegado, em 2019. O processo sobre a falsa acusação de estupro corre em sigilo. Na terça, ela assinou um termo circunstanciado e foi liberada.