Carros de luxo e um apartamento de alto padrão situado em um dos pontos mais valorizados de Águas Claras. Um dos maiores traficantes de cocaína em atuação no Distrito Federal ostentava uma boa vida na capital, local onde nasceu e cresceu. Hélio Silva Soares, 42 anos, foi um dos alvos da operação Medusa, deflagrada, nessa terça-feira (10/8), pela Polícia Federal (PF), que desarticulou uma organização criminosa voltada ao tráfico internacional de drogas.
As diligências começaram em 2020 e revelaram um grande esquema de tráfico. Os policiais chegaram à conclusão que a organização criminosa, composta por diversas pessoas, trabalhava para abastecer o DF e outros estados da região Nordeste com drogas trazidas da Bolívia e do Peru. Cerca de 150 policiais cumpriram 20 mandados de prisão e 33 de busca e apreensão.
Os criminosos moravam em diversos estados do país, como Mato Grosso, Goiás, Paraíba, Piauí e no Distrito Federal. Duas pessoas foram presas no Piauí, duas em Mato Grosso — entre elas um policial penal —, uma na Paraíba e 13 no DF, entre eles Hélio. Na capital da República, apurou-se que Hélio é, atualmente, um dos maiores traficantes de cocaína em atuação em Brasília. Segundo as investigações, a quadrilha era responsável pelo fornecimento mensal de, aproximadamente, 500kg de cocaína, além do sequestro de dois imóveis avaliados em R$ 5 milhões, em Águas Claras e Brazlândia. Em dois anos, a organização movimentou aproximadamente R$ 20 milhões.
Processos
Os policiais federais apreenderam, no DF, 25 carros de luxo. Entre eles, veículos das marcas BMW, Land Rover, Mercedes e Honda. De acordo com a apuração policial, os automóveis são produtos oriundos do dinheiro do tráfico. O Correio esteve em um dos endereços onde Hélio soares residia, na Rua 36 Norte de Águas Claras. O edifício é de alto padrão, mas, em conversa com um funcionário do local, havia a informação de que o criminoso não vivia mais lá.
Hélio acumula sete processos, entre ações cíveis, execução fiscal e penal. A reportagem obteve acesso aos autos de um dos processos pelo crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido. À época, em 2017, Hélio e um comparsa foram denunciados. O colega confessou a prática e esclareceu que a arma não era dele, mas que estaria em sua posse em razão de uma negociação de compra e venda de veículo, tendo-a recebido como pagamento.
Como consta nos documentos, no apartamento de Hélio foram encontrados um carregador (pente de munições) de uma pistola Glock calibre .380, um carregador calibre .22 e três munições calibre .22, todos classificados como de uso permitido. Nesse processo em específico, Hélio ganhou o benefício de suspensão condicional do processo (medida que tem objetivo de anular um processo criminal que tenha menor potencial ofensivo). Além disso, o MPDFT pugnou pela extinção da punibilidade — a perda da pretensão punitiva do Estado, de modo que não há mais a possibilidade de impor uma pena ou sanção ao réu — contra Hélio. O Correio procurou a defesa de Hélio Soares, mas não obteve retorno até o fechamento dessa edição.
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