O ipê é uma das árvores que mais encantam o cotidiano dos brasilienses. Eles colorem e embelezam a rotina apressada daqueles que saem para o trabalho todos os dias. É difícil encontrar alguém que não tenha fotos ou que consiga não parar para contemplar a beleza do ipê, uma marca registrada em Brasília. Neste início de agosto, a capital é agraciada pela floração do ipê-amarelo, que apesar da paisagem seca, ele enobrece com uma cor vibrante as vias do Distrito Federal.
Diante de um ipê solitário, mas radiante, do Park Way, uma família estaciona o carro para apreciar e tirar fotos. Apaixonada por ipês, Iradene Maria Nascimento Lima, 44 anos, não perde a oportunidade de captar imagens. O primeiro a aparecer foi o roxo, e a vendedora conta que já fez a foto do ano com ele. Agora chegou a vez do amarelo. Iradene estava encantada com a floração. “É só uma vez que florescem ao ano e vêm com tantas cores exuberantes. Se tem uma coisa que a pandemia não consegue parar, é com a beleza da natureza”, comenta Iradene.
A filha, Hadassa Nascimento, 22, conta que poder estar ao ar livre com a presença desses ipês traz calmaria para o atual momento. “A gente está vivendo um momento muito difícil em que precisa estar preso dentro de casa. Ver essas belezinhas de cores tão vibrantes é o que nos é permitido fazer. Sinto que traz alegria para os meus dias”, destaca.
Rebecca Conceição, 23, moradora de Samambaia Sul, também tem o hábito de sempre fotografar ipês quando os encontram. “Nunca perco uma oportunidade de registrá-los, principalmente porque eles ficam floridos por pouquíssimos dias no ano”, diz ela, que ama passear pelas ruas da cidade e ver a conexão da natureza com a bela arquitetura de Brasília.
Para ela, essa época do ano é encantadora. Rebecca acredita que a beleza da árvore transforma o nosso dia a dia, o deixando melhor e mais bonito. “Os ipês-amarelos me fazem lembrar que, mesmo em meio a tantas dificuldades e sofrimentos, nós podemos desfrutar de alegrias, de bons momentos. Principalmente porque ele floresce justamente no período onde tudo deveria estar seco e sem vida, que é o inverno”, destaca.
Sequência
A floração do ipê-amarelo dura em média de duas a três semanas. A engenheira agrônoma, Carmen Regina Correia, 62, explica que esse processo acontece ao mesmo tempo que o dos demais ipês, exceto o do branco, que é mais rápido e que também é o último a florir. Carmen ressalta que eles aparecem na sequência dos roxos e que o amarelo pode continuar florindo até setembro. “Este ano floriu pouco ainda, sendo que o rosa, que vem depois dele, está florindo intensamente agora, antes da maior intensidade do amarelo”, pontua.
A engenheira destaca que a dispersão das sementes dos ipês ocorrem pelo vento. Segundo ela, os frutos se abrem presos à planta e as sementes aladas são levadas pela ventania. Carmen afirma que a germinação da árvore não demora muito, dura até uma semana, se as sementes forem novas. Se as sementes forem mais velhas, podem demorar mais para germinar.
Arborização
Segundo a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), quem deseja fazer o plantio da árvore em espaço público, deve solicitar à empresa, pois em acordo com o decreto 39.469/2018, ela é a responsável pelo manejo e plantio da arborização no Distrito Federal. Mas, atualmente, a Novacap suspendeu a venda de árvores, no momento eles afirmam que toda a produção será destinada ao programa de arborização 2021/2022. A empresa também ressalta que não faz doação de mudas.
Para esse programa, que começa ainda esse ano e se estenderá até o próximo, será plantado em todo DF 100 mil mudas de árvores, sendo deste total 40 mil ipês de cores variadas. Estima-se que na capital federal tenham mais de 230 mil ipês plantados, sendo deste total 30% amarelo, a maioria localizada no Plano Piloto.
E para quem é apaixonado pelo ipê-amarelo, foi lançado neste ano o aplicativo Ipês. Feito para facilitar a vida de quem é apreciador da árvore, além de informar sobre a floração, ele mapeia e ajuda o usuário a chegar aos locais onde o ipê se encontra. O serviço é gratuito e está disponível para celulares com tecnologia Android e IOS.
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira
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