ELEIÇÕES 2022

Políticos veteranos do DF devem buscar uma cadeira no Congresso

Possíveis alterações nas regras eleitorais também terão impacto no cenário que se desenrola na batalha por uma cadeira no Congresso Nacional

Alexandre de Paula
postado em 08/08/2021 06:00
 (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press - 3/10/18                                 )
(crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press - 3/10/18 )

Embora publicamente políticos e autoridades evitem falar sobre candidaturas para as eleições de 2022 e afirmem que não é hora de fazer esse debate, nos bastidores, as movimentações e as articulações para o próximo pleito avançam. No Distrito Federal, conversas esquentaram e partidos e prováveis concorrentes estão se reunindo para debater as possibilidades. No quebra-cabeças que começa a se desenhar agora, chama a atenção a disputa para as oito vagas de deputado federal pelo DF, que estão no radar de diversos nomes.

A corrida por uma cadeira na Câmara dos Deputados será pesada, na avaliação tanto de figuras da política quanto na de analistas do cenário. O número grande de nomes consagrados e indefinições nas regras eleitorais, até agora, são fatores que contribuirão para uma batalha acirrada nas urnas no próximo ano.

Ao menos, quatro políticos fortes da capital federal que disputaram o Palácio do Buriti em 2018 devem buscar uma vaga na Câmara. As candidaturas de Rodrigo Rollemberg (PSB), Alberto Fraga (DEM), Rogério Rosso (PSD) e Eliana Pedrosa são dadas como certas por interlocutores. Os quatro foram bem votados e têm histórico de peso.

Ainda sem partido depois de deixar o Pros, Eliana Pedrosa, que chegou a liderar as pesquisas para o Governo do Distrito Federal (GDF), em 2018, por quase todo o primeiro turno, articula com o PDT para integrar a legenda. As conversas estão avançadas, e o nome dela tem boa aceitação na sigla.

Na avaliação do cientista político André Rosa, o quadro que se desenha aponta para um pleito com muitos consagrados e pouca renovação. “Será uma eleição disputada, e a presença de tantos nomes fortes para concorrer a oito vagas acaba dificultando a entrada de outras figuras. Mesmo que haja trocas, é uma circulação de elites de nomes que sempre estiveram ali”, explica.

Se em 2018 a busca por pessoas de fora da política foi uma das tônicas para o voto, o clima para o ano que vem é diferente, avalia Rosa. “A ideia do outsider foi muito forte na eleição anterior, mas isso mostrou também que político inexperiente pode trazer mais prejuízos do que benefícios. Agora, começa a se discutir a experiência na política, e isso vai influenciar no comportamento do eleitor”, argumenta.

Reeleição

Boa parte dos nomes que estão na Câmara dos Deputados deve disputar a reeleição, o que contribui para embolar o jogo. Com mais holofotes nos últimos quatro anos e mandatos nas mãos, eles rivalizam com políticos que estavam fora na briga pelo eleitorado. Professor Israel (PV), Luis Miranda (DEM), Julio Cesar (Republicanos) e Celina Leão (PP) são cotados para tentar se manter no cargo. Israel deve trocar o PV pelo Solidariedade.

Eleita com maior número de votos e, hoje, licenciada para ocupar a chefia da Secretaria de Governo no Planalto, a ministra Flávia Arruda (PL) deve se lançar ao Senado. Ela é cotada, também, para a disputa pelo GDF, mas, por enquanto, mantém alinhamento com o governador Ibaneis Rocha (MDB). O suplente dela, Laerte Bessa (PL), tentará cadeira na Câmara. Entre os ministros de Bolsonaro, Anderson Torres (PSL), atual comandante da pasta da Justiça e da Segurança Pública, também pode se colocar nessa disputa.

Erika Kokay (PT), Paula Belmonte (Cidadania) e Bia Kicis (PSL) são outros nomes ventilados para o Senado, mas, segundo interlocutores, é cedo para para cravar a tentativa de mudança. As três podem, portanto, decidir tentar a reeleição.

Mudanças

Contribui para deixar o jogo mais complicado e indefinido a avaliação de mudanças nas regras eleitorais pela Câmara dos Deputados. A última reforma aprovada acabou com as coligações, mas está em debate no Congresso o fim do sistema proporcional, com a adoção do chamado distritão. A proposta enfrenta resistência no Senado, porque enfraquece partidos ao eleger diretamente os mais votados (leia Para saber mais).

O distritão favoreceria os nomes consagrados, explica o cientista político André Rosa. “Não existiria a distribuição entre votos pela legenda. Funcionaria como uma eleição majoritária, o que acaba descaracterizando a figura do partido político. Beneficiaria artistas, pastores, atletas e dificultaria a renovação e a eleição de representantes das minorias”, analisa. A proposta perdeu força no Congresso nesta semana.

Alguns esperam a definição das regras para decidir qual cargo disputarão, como o presidente da Câmara Legislativa, Rafael Prudente (MDB). Os planos do distrital são de disputar uma vaga de federal, mas ele espera a confirmação ou não de mudanças para avaliar as chances concretas de se eleger. Casos assim impactam na formação de nominatas para a disputa na assembleia local, segundo representantes dos partidos e prováveis candidatos.

Na Câmara Legislativa, há outros nomes que avaliam tentar a mudança para o Congresso Nacional. O PSol pretende lançar Fábio Felix. O distrital não se decidiu, mas pode ser influenciado se Erika Kokay, de fato, se lançar a outro cargo, pois os dois dividem eleitorado parecido. Leandro Grass (Rede) e Reginaldo Veras (PDT) são vistos como possíveis candidatos.

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O que é o distritão?

O chamado distritão está sendo avaliado em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), atualmente, em tramitação na Câmara dos Deputados. A medida, que foi rejeitada duas vezes, altera a forma como deputados seriam escolhidos no pleito. Os mais votados nos estados seriam eleitos, o que privilegia políticos consagrados e nomes muito conhecidos. Hoje, o sistema é proporcional, que leva em conta os votos para os partidos na divisão de cadeiras.

 

 

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