Muitas pessoas aguardaram ansiosas pelo surgimento de vacinas eficazes contra o novo coronavírus. Fazer aglomerações ainda não é permitido, mas, com quase sete meses de campanha, os brasilienses imunizados começam a traçar estratégias para colocar em prática planos que ficaram limitados ao papel desde março de 2020. No caso de quem espera pela segunda dose no Distrito Federal e, até mesmo de quem as recebeu, a meta é a mesma: garantir a proteção para retomar a vida da fase pré-covid.
Os músculos da pedagoga Eliane Pinto, 41 anos, antes enrijecidos devido à preocupação com o futuro incerto, estão um pouco mais relaxados. O coração, antes descompassado pela apreensão e insegurança, bate levemente mais calmo. Após semanas de espera, ela finalmente recebeu a segunda dose da aguardada vacina. Ontem, sorriu mais aliviada, depois de garantir a imunização. “Poderei, enfim, voltar à minha rotina de trabalho sem tanto medo do vírus”, desabafou.
A pedagoga faz parte dos mais de 504 mil brasilienses imunizados com o reforço da vacina contra o novo coronavírus ou com a dose única dos imunizantes. Enquanto isso, outros 1,3 milhão receberam a primeira e aguardam o tempo de espera necessário para completar o esquema vacinal — o que varia de um a três meses, a depender da fabricante. Até lá, muitos planos ficam para depois. No entanto, a expectativa é de que a aceleração das aplicações ajude na recuperação desses projetos.
A biomédica Raíssa Fernandes de Souza, 25, mora na Octogonal com os pais, que fazem parte do grupo de risco. Agora, todos da casa estão vacinados. A tranquilidade com a imunização veio depois de ela enfrentar um quadro leve da doença, ao trabalhar em uma empresa de testagem da covid-19 e se infectar, no início da pandemia. Após o atendimento, em abril, ela acredita estar mais perto de seguir com a vida. “Foi muito emocionante (vacinar). Primeiro, por saber que eu poderia tomar a dose. Mas, quando recebi a segunda, foi melhor ainda. Meus pais choraram, eu chorei. Era algo que esperávamos muito”, conta.
A preocupação com uma possível contaminação dos familiares foi o que mais a preocupou. Depois da vacinação, a família relaxou algumas restrições, mas sem abrir mão do uso da máscara e de outros cuidados ainda necessários. “Fiquei um pouco mais tranquila para sair de casa e visitar algum parente ou de poder ir comprar algo. Voltei a fazer coisas simples, do dia a dia, que evitava por causa dos meus pais e da possibilidade de contágio. Depois que eles se imunizaram, pude acalmar o coração, sabendo que, caso alguém tivesse a doença, o risco de ela se agravar seria menor”, relata Raíssa.
Cuidados
A expectativa pela imunização é alta entre os que acompanham as orientações científicas. No entanto, mesmo após a vacinação, as medidas sanitárias devem continuar em foco. “Precisamos, primeiro, dar uma sensação positiva de que as coisas caminham para um rumo melhor do que este que vivemos até agora. Mesmo que a imunização completa se dê em uma parcela pequena da população, há perspectiva de ela crescer, e isso nos deixa muito otimistas. Mas esse otimismo deve ser encarado com cuidado, pois o atendimento caminha a passos lentos. Ainda temos uma longa estrada até alcançarmos a imunização coletiva”, ressalta o clínico geral e chefe da emergência do Hospital Santa Lúcia, Luciano Lourenço.
Ele lembra que só se atinge essa proteção quando cerca de 80% da população está vacinada. Até ontem, a taxa de pessoas que receberam as duas ou a dose única no Distrito Federal estava em 19,81%. Luciano reforça que, no meio coletivo, a principal medida deve ser cuidar do próximo. “Precisamos evitar aglomerações, manter distância segura em locais de uso comum. Tudo isso tem dado um retorno positivo e saudável. O uso da máscara também é eficiente para que você não transmita a doença aos demais, bem como a higienização das mãos — que protege da covid-19 e de outras enfermidades. Todas essa são formas de reduzir a velocidade da infecção comunitária”, completa o clínico geral.
Mas, afinal, quando esses cuidados deixarão de ser necessários? A orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que isso só ocorra após a imunização coletiva. “Quando alcançarmos isso, a liberação das medidas de proteção provavelmente será orientada pelo Ministério da Saúde. Mas, enquanto não tivermos uma contenção (da doença), mediada principalmente pelas vacinas, para que a covid-19 perca força, não será possível (dispensar as recomendações de segurança sanitária). Receber a vacina é algo que nos emociona, mas a guerra ainda não acabou”, completa Luciano.
Sonhos
O técnico na área da saúde Wanderson Lima, 59, recebeu a segunda dose do imunizante contra a covid-19 ontem, no Parque da Cidade. Fã de viagens, ele conta que adiou muitas delas por causa da pandemia. Depois do reforço, ele comemora a possibilidade de voltar a fazer planos. “O distanciamento social foi cumprido e continuará sendo. Só que, agora, defino essa aplicação com uma palavra: segurança”, diz. Mesmo sem saber por qual projeto começar, ele acredita que o principal objetivo é retomar o que adiou desde março de 2020.
Com Márcia Aparecida Martins, 56, não será diferente. Só que, no caso dela, os planos são focados no trabalho. Após receber a dose 2, ela relata que o alívio chegou com a esperança de dias melhores. “Posso, finalmente, voltar a algo parecido com minha rotina anterior, sem medo desse vírus”, destaca. Apesar disso, ela salienta que vai se resguardar como puder, a fim de zelar pela vida das pessoas que ainda não tiveram a oportunidade de se imunizar. “Eu também me preocupo muito com meus filhos, que não conseguiram se vacinar ainda. E, no caso atual, quando cuido de mim, automaticamente cuido dos outros”, comenta a contadora.
Orientações
Confira dicas importantes para a hora de colocar, usar, tirar e descartar a máscara
1 • Antes de tocar na máscara, limpe as mãos com um higienizador à base de álcool 70% ou água e sabão;
2 • Pegue a máscara e verifique se ela está rasgada ou com buracos;
3 • Oriente-se sobre qual lado é deve ficar para cima (a parte superior é onde está a tira de metal);
4 • Assegure-se de que o lado correto da máscara está voltado para fora;
5 • Coloque a máscara sobre o rosto. Aperte a tira de metal ou a borda rígida da máscara para que ela se adapte ao formato do nariz;
6 • Puxe a parte inferior da máscara para que ela cubra boca e queixo;
7 • Após o uso, retire a máscara remova as presilhas elásticas por trás das orelhas, mantendo-a afastada do rosto e das roupas, para evitar toques nas superfícies potencialmente contaminadas do item;
8 • Descarte a máscara em uma lixeira fechada imediatamente após o uso;
9 • Higienize as mãos depois de tocar na máscara também;
10 • Dê preferência aos modelos que garantam o isolamento total da área em volta das vias aéreas (nariz e boca).
Fonte: Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a Organização Mundial de Saúde (OMS)
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