Construção

Moradores do Sudoeste fazem campanha contra construção de viaduto na Epig

Obra na Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig), entre o Sudoeste e o Parque da Cidade, gera discordância de moradores que temem perda de qualidade de vida e diminuição da área verde

Pedro Marra
postado em 01/08/2021 22:47 / atualizado em 01/08/2021 23:10
 (crédito: Divulgação/Secretaria de Obras)
(crédito: Divulgação/Secretaria de Obras)

Moradores do Sudoeste da Quadra 105 e de outras da região estão mobilizados contra à obra do viaduto na Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig), entre o setor e o Parque da Cidade. Com cartazes e faixas, eles listam obstáculo para a construção.

Segundo a representante do grupo - criado em 18 julho -, a servidora pública Giselle Foschetti, 51 anos, a obra criará um anel rodoviário no bairro residencial, causando aumento do tráfego, poluição sonora e diminuição da área verde e a mobilidade de pedestres. Atualmente, 160 integrantes compartilham do posicionamento

O texto assinado pelos moradores diz que a obra instalará alambrados ao lado da pista de 1,5m de altura a partir da Quadra 105 até a Epig e vai invadir, com o asfalto, a área verde da quadra residencial. “Basta passar atrás do bloco da (Quadra) 104 para ver estacas na área verde. Além de perdermos a área verde, uma pista passará bem próxima aos prédios. Isso significa, na prática, uma barreira à livre circulação de pedestres, cadeirantes e ciclistas dentro do próprio bairro e a imposição do uso de carro para acessar o Parque da Cidade a quem mora nas imediações dele”, diz o texto dos moradores.

“Significa, também, a derrubada de aproximadamente 600 árvores apenas no Sudoeste, todas já numeradas para a extração, entre as quais estão espécimes nativas do Cerrado e as jaqueiras que dão nome à avenida”, pontuam. A intensificação da poluição sonora local a "níveis insuportáveis" e o aumento exponencial da poluição atmosférica, em decorrência do tráfego de cerca de 25 mil carros por dia nas vias alargadas, são outros argumentos. A articulação rendeu um abaixo-assinado que já conta com 358 assinaturas.

 

O que diz o GDF?

Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria de Obras e Infraestrutura do Distrito Federal (GDF) informa que o viaduto da Epig faz parte do corredor eixo oeste, desenvolvido para atender à lei nº 4.566 de 2011, com base no Plano Diretor de Transporte Urbano do Distrito Federal (PDTU). “O porte da obra de tamanha complexidade exigiu a participação de diversos atores: administração regional, Caesb, CEB, Novacap, DER, Detran, Ibram, Semob, Seduh, entre outros, além de passar pela aprovação do Iphan”, diz um trecho.

De acordo com a pasta, para se chegar ao dimensionamento das vias, conforme detalhado nos projetos, foi realizado amplo estudo de tráfego. “No momento, as empresas contratadas estão trabalhando no levantamento florístico e de eventuais interferências de redes das concessionárias acaso existentes. Ainda não há a definição do quantitativo de indivíduos arbóreos que precisarão ser suprimidos”, assegura a Secretaria de Obras e Infraestrutura.

A nota ainda afirma que, durante todo o processo de elaboração dos projetos até o ponto de contratação da obra, a Secretaria esteve aberta à sugestões, inclusive da comunidade. “Prova disso é que, na última terça-feira (27/7), a Secretaria de Obras recebeu cinco moradores da quadra 105 do Sudoeste, acompanhados da administradora regional do sudoeste e octogonal, Tereza Lamb, e do deputado distrital Reginaldo Sardinha. Durante o encontro, a pasta apresentou o projeto aos participantes e ouviu as sugestões apresentadas pela comunidade.”

 

De acordo com a representante dos moradores da região, Giselle, o contato não ocorreu. “Não houve transparência, a obra foi autorizada sem a consulta aos maiores impactados. A supressão de árvores vai trazer poluição sonora e vai acabar com a mobilidade do bairro”, critica.

Ela adianta que o grupo pretende entrar com pedido por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) para solicitar documentos do Iphan e Novacap com objetivo de verificar se os pedidos foram elaborados de forma adequada. Perguntada se será feito um plantio de árvores, a Secretaria de Obras informa que, assim como ocorre com todas as obras que demandam a retirada de indivíduos arbóreos, o Ibram determina que seja feita a compensação ambiental. “Para cada uma planta nativa do cerrado retirada, cinco novas são plantadas”, conclui a pasta.

  • Árvores marcadas supostamente para derrubada para obras do viaduto da Epig
    Árvores marcadas supostamente para derrubada para obras do viaduto da Epig Arquivo pessoal
  • Árvores marcadas supostamente para derrubada para obras do viaduto da Epig
    Árvores marcadas supostamente para derrubada para obras do viaduto da Epig Arquivo pessoal
  • Faixa no Sudoeste contra obras na Epig
    Faixa no Sudoeste contra obras na Epig Arquivo pessoal
  • Faixa no Sudoeste contra obras na Epig
    Faixa no Sudoeste contra obras na Epig Arquivo pessoal
  • Manifestação de moradores do Sudoeste, na quinta-feira (29/7), contra obras na Epig
    Manifestação de moradores do Sudoeste, na quinta-feira (29/7), contra obras na Epig Arquivo pessoal
  • Tucanos avistados na quadra 105 do Sudoeste
    Tucanos avistados na quadra 105 do Sudoeste Arquivo pessoal
  • Área verde na Quadra 105 do Sudoeste deve ter obras do viaduto da Epig
    Área verde na Quadra 105 do Sudoeste deve ter obras do viaduto da Epig Arquivo pessoal
  • Área verde na Quadra 105 do Sudoeste deve ter obras do viaduto da Epig
    Área verde na Quadra 105 do Sudoeste deve ter obras do viaduto da Epig Arquivo pessoal

Em 22 de julho, o grupo de moradores protocolou uma reclamação na 4ª Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). E, na última quinta-feira (29/7), cerca de 30 moradores da Quadra fizeram uma manifestação presencial na Avenida das Jaqueiras, onde ocorrem as obras.

Organizadora da campanha, Giselle diz que os moradores presenciaram a numeração das árvores, que chegava a cerca de 500 unidades em frente à quadra. Os técnicos da Novacap não queriam que a gente fotografasse. Isso significa acabar com 2/3 da área verde que a 105 tem. Vai ser a cicatriz num bairro residencial. Vamos ter uma via maior do que o Eixão atravessando o Sudoeste”, lamenta.

“A gente não é contra o viaduto, mas no momento em que transforma uma rua tranquila de duas pistas em uma de quatro pistas com trânsito intenso suprimindo a área verde, nos mobilizamos para impedir. Temos uma fauna riquíssima de animais silvestres, como tucanos e araras”, conclui.

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