Com a determinação do Ministério da Saúde de vacinar contra a covid-19 adolescentes a partir de 12 anos, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), confirmou que o GDF vai acatar a definição do governo federal. De acordo com o plano aprovado, o atendimento aos menores de 18 anos deve começar após aplicar, ao menos, a primeira dose em todos os grupos prioritários e adultos. “Acredito que até a primeira quinzena de setembro (todos os adultos estarão imunizados)”, disse o chefe do Executivo local ao Correio. Para especialistas, a decisão é correta e pode até diminuir a circulação do vírus. Nesta quinta-feira (29/7), das 8h às 17h, o DF começa a vacinar pessoas com 35 anos ou mais, em 61 pontos de atendimento.
A nova orientação foi emitida na noite de terça-feira (27/7), em nota conjunta assinada pelo Ministério da Saúde, pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e pelo Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). No documento, os três órgãos orientam que, uma vez esgotados os grupos prioritários, a campanha de vacinação contra a covid-19 deve seguir critério decrescente de idade, ou seja, começar com quem tem 17 anos e descer até chegar aos com 12 anos.
O infectologista Dalcy Albuquerque, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), afirma que a decisão de vacinar adolescentes pode ser muito favorável. “Contando que se tenha vacinado, com pelo menos uma dose, as outras idades e os grupos de risco”, comenta. O médico explica que, como crianças e adolescentes costumam ter infecções mais leves da doença e podem chegar a não apresentar sintomas, eles são fortes transmissores.
“Realmente não dá para começar a imunização por eles. Mas como o adolescente circula e se relaciona muito e não chega a apresentar sintomas ou ter manifestações graves é uma fonte de transmissão. Assim, com a vacinação deles, podemos chegar a ver uma queda na taxa de transmissão”, considera. Porém, ele alerta para a manutenção das medidas não farmacológicas. “Adolescentes, adultos, idosos, qualquer pessoa que esteja vacinada com uma ou duas doses não pode deixar de se cuidar. A máscara e o distanciamento social são importantes no combate à pandemia e vão permanecer em nossa realidade, pelo menos, até o próximo ano”, diz.
Ampliação
Nesta semana, o DF recebeu 55.800 doses de CoronaVac e 30.420 da Pfizer. Essa quantidade será dividida: metade destinada para a primeira dose (D1) e a outra metade para a segunda (D2). Assim, haverá 43.110 doses de vacinas disponíveis para a primeira aplicação de pessoas de 35 anos ou mais que começam a ser atendidas nesta quinta-feira (29/7). Não haverá agendamento e há 61 pontos abertos, sendo que cada um aplica uma dose específica. O atendimento ao público será iniciado às 8h nas unidades básicas de saúde e às 9h serão os drive-thrus. Todos funcionarão até as 17h (leia abaixo).
Para ser vacinado basta fazer parte da faixa etária atendida e comparecer ao posto mais próximo do local em que mora portando documento de identidade com foto e cartão de vacinação. Além disso, gestantes e puérperas — mulheres com até 45 dias pós-parto — a partir dos 18 anos também serão vacinadas em 28 pontos específicos tanto para primeira ou segunda dose. Aquelas que receberam a primeira dose da AstraZeneca e que estão no prazo para tomar a segunda dose, o Ministério da Saúde autorizou a intercambialidade da vacinação. Assim, elas poderão tomar a dose de reforço da Pfizer/BioNTech ou CoronaVac. A Secretaria de Saúde vai seguir a recomendação.
Até o momento, o DF vacinou 1,2 milhão de pessoas com a D1, 496,4 mil com a D2 e 50.863 com vacinas de dose única. Nessa quarta-feira (27/7), foram 669; 13,8 mil e cinco atendimentos, respectivamente. O infectologista e coordenador científico da Sociedade de Infectologia do DF (SIDF), Alexandre Cunha, avalia que, no atual ritmo da vacinação, as pessoas de 12 a 17 anos podem começar a se imunizar em novembro ou dezembro.
“Claro que depende muito da frequência da chegada de doses. Mas temos capacidade para vacinar todos rapidamente se tivermos imunizantes”, considera. Ele reforça que a vacinação dessa faixa etária é segura. “Em vários países em que a imunização está mais avançada essa estratégia deu certo. Além disso, há estudos que garantem a segurança da aplicação das vacinas nos adolescentes”, completa Alexandre.