A Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) avalia a possibilidade de confiscar a propriedade do chacareiro Elmi Caetano Evangelista, 74 anos, para custear parte dos gastos com a megaoperação de buscas por Lázaro Barbosa de Sousa, no mês passado. O fazendeiro foi indiciado por favorecimento pessoal, após dar comida e abrigo para o fugitivo. A informação partiu do chefe da pasta, Rodney Miranda, que anunciou a proposta ontem, durante coletiva no 10º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, em Ceilândia Norte.
Como antecipado pelo Correio, os gastos com a força-tarefa estão sob sigilo de cinco anos. A Delegacia-Geral da Polícia Civil de Goiás comunicou, via Lei de Acesso à Informação (LAI), que divulgar os custos fragilizaria a instituição. Na visão do secretário de Segurança Pública, o arrendamento da fazenda permitiria cobrir despesas, pois, segundo Rodney, o apoio do chacareiro prolongou as buscas por, ao menos, uma semana.
Para o chefe da SSP-GO, uma rede de colaboração entre fazendeiros pode ter relação com os crimes praticados por Lázaro. No entanto, a polícia não tem uma linha de investigação definida e trabalha com mais de uma opção. “Ainda é apurada a (participação) de outras pessoas. Nada impede que, surgindo provas, sejam instaurados os devidos procedimentos”, comentou o chefe da 17ª Delegacia Regional da Polícia Civil de Goiás (Águas Lindas), Cléber Martins.
Por enquanto, cinco pessoas foram indiciadas por suposta ajuda a Lázaro: Elmi Caetano — réu na Justiça, mas respondendo ao processo em liberdade; duas ex-companheiras e uma ex-sogra do criminoso; além do caseiro que trabalhava no imóvel do fazendeiro — o funcionário não foi denunciado por falta de provas. A reportagem entrou em contato com os advogados de defesa do Elmi, mas eles não quiseram se manifestar sobre o possível sequestro do bem.
A Polícia Civil de Goiás encaminhou 13 inquéritos finalizados ao Ministério Público do estado. No DF, a 24ª DP (Setor O) tem cinco investigações em aberto: quatro envolvem roubo e uma tem a ver com o assassinato da família Marques Vidal, entre 9 e 12 de junho. O delegado-chefe da unidade policial, Raphael Seixas, afirma que ainda não há explicações sobre o que teria motivado os homicídios. No entanto, uma das linhas de investigação apura crime patrimonial. “O que podemos afirmar é que o autor é Lázaro e que Cleonice (Marques) foi violentada. Mas não descartamos nenhuma informação. Tudo está em apuração”, destaca o investigador.
Após a integração nas buscas por Lázaro Barbosa, as polícias de Goiás e do DF iniciaram a Operação Anhanguera na sexta-feira, para combater crimes violentos e tráfico de drogas na região da fronteira entre as duas unidades federativas. Em quatro dias, os 550 integrantes das equipes prenderam 22 pessoas e fizeram 3.462 abordagens.
Presente à coletiva, o secretário de Segurança Pública do DF, Júlio Danilo, reforçou a importância da operação: “Os criminosos não respeitam as fronteiras. Então, é necessário que as forças policiais atuem de forma integrada. Seguiremos com o planejamento e atuando de forma conjunta em outras áreas de divisa”. Os grupos monitoraram a região rural de Brazlândia, os Incras 8 e 9 de Ceilândia, além dos municípios goianos de Águas Lindas e Cocalzinho — inclusive no distrito de Girassol e no povoado de Edilândia.