Para escapar da fila quilométrica de carros do estacionamento 12 no Parque da Cidade, Pedro Ferreira encontrou outro meio de transporte para chegar ao posto de vacinação: a bicicleta. O arquiteto, 40 anos, estava agendado para receber a primeira dose da vacina contra covid-19 nesta segunda-feira (19/7). Morador da Asa Norte, ele conta que, durante a pandemia, adquiriu o hábito de andar de bicicleta, pois gosta de realizar exercícios de forma segura, e ao ar livre.
Enquanto aguardava, Pedro disse que estava ansioso para receber a D1. “Estou com um pouco de frio da barriga para receber a vacina, esperando não ter nenhum efeito adverso, mas, com certeza, qualquer efeito é melhor do que ficar no hospital, ou morrer de covid-19. É uma esperança, e estou feliz de estar recebendo, não importa qual a vacina, todo mundo tem que fazer sua parte de tomar a que tiver, para a gente imunizar a população, e sair dessa situação”, declarou. Descontraído, o ciclista brincou que voltará para casa pedalando para que a vacina circule melhor pelo corpo.
O auxiliar administrativo Wilton Ramos, 45, aguardava no carro para tomar a primeira dose da AstraZeneca, único laboratório disponível no parque. Ele disse que estava feliz por ter chegado o momento. “Até peguei o vírus, porém fiquei tranquilo, e não perdi ninguém que gosto. Estou feliz por ter chegado a minha hora”, garantiu. Além disso, o homem demonstrou insatisfação com a plataforma da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) que realiza agendamentos pois, segundo ele, o site sempre estava fora do ar. Pedro também reclamou que, ao tentar agendar a primeira vez, o sistema deu problema.
Reforço
No estacionamento 12 do Parque da Cidade, a quantidade de automóveis ultrapassou a fila demarcada. Próximo à tenda que aplica a segunda dose da Coronavac, Bárbara Santana segurava o filho Miguel, de quase 2 meses, nos braços. Do lado de fora do automóvel, o bebê chorava e estava inquieto. A lactante, 30 anos, relatou que não teve sintomas após receber a D1 e acha importante tomar o reforço. “Meu marido já está vacinado, e agora é minha vez. Estou feliz, graças a Deus. Sou empresária mas ,como estava gestante, eu não estava me expondo”, falou.
Diferente de Bárbara, que esperou trinta dias para tomar a D2, a arquiteta Sônia Almeida, 62, aguardou três meses, pois recebeu o imunizante AstraZeneca. Moradora do Jardim Botânico, ela lamenta ter perdido pessoas que amava para a covid-19. “Como estava marcado no meu cartão para vir hoje, estou aqui. Espero que eu fique livre disso e estou muito feliz, pois acabei perdendo parentes e amigos para o vírus, que estão fazendo falta”, disse a arquiteta.
Pandemia no DF
O Distrito Federal registrou 498 casos de covid-19 nas últimas 24 horas. Com as ocorrências, o número de infecções confirmadas na capital é de 441.749. A média móvel de casos está em 575 — 21,93% a menos do que o registrado há 14 dias. Os dados são do boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde do DF neste domingo (18/7).
Ontem, a SES-DF registrou 12 mortes. A média móvel está em 14,29 — redução de 10% se comparado ao índice de 4 de julho. Desde o início da pandemia, o DF contabilizou 9.479 óbitos causados por complicações decorrentes da covid-19.
Das vítimas deste domingo (19/7), duas tinham entre 30 e 39 anos de idade; duas de 40 a 49; três de 50 a 59; duas na faixa de 60 a 69 anos; e três tinham 80 ou mais. As comorbidades foram verificadas em oito pessoas. Os agravantes notificados foram doenças cardiovasculares; distúrbios metabólicos; imunossupressão; obesidade; e pneumopatia.