“Abandono”. É dessa forma que o presidente do Conselho Regional de Cultura do Guará, Rênio Quintas, define a atual situação da Casa de Cultura e o Teatro de Arena do Cave, no Guará. Há três semanas, os cabos de cobre que energizam os locais foram furtados e, desde então, eles estão no escuro. “Estamos sofrendo uma série de descasos e abandono”, relata Quintas.
Rênio afirma que procurou a Administração Regional do Guará desde o primeiro dia do furto, mas até agora nada foi resolvido. “Já tem três semanas que o GDF, através da administração, não consegue adquirir cabos para preservar um patrimônio que é o Teatro de Arena e a Casa de Cultura”, diz. “É o apagão da cultura de forma objetiva. Levada aos pícaros da omissão e do descaso”, lamenta.
Os vigilantes passam a noite no local, sem luz elétrica. Apenas lanternas são usadas para cumprir o expediente noturno. “Eles são obrigados a ficar em uma casa sem luz, sem geladeira e sem poder carregar o celular. Estão apenas com uma lanterna que não tem como carregar se desligar. Insalubridade. Uma situação inaceitável para uma cidade do tamanho do Guará e com a importância e cultura pujante que tem”, desabafa Rênio.
Além da administração local, o artista afirma que tem procurado ajuda de parlamentares do Distrito Federal e outros órgãos como a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap). Quintas, que também é maestro, ressalta que os artistas estão extremamente fragilizados por conta da pandemia de covid-19. “Em plena pandemia, já estamos impedidos de trabalhar e estamos tentando fazer a reforma da Casa de Cultura. É só obstáculo”, diz.
Procurada pelo Correio, a Administração do Guará disse, por meio de nota, que “já encontra-se em andamento a compra dos materiais e cotação junto às empresas para a reposição dos cabos o mais breve possível”.
Problema
O furto de cabos de energia causa prejuízo para o governo e para a população. O problema, no entanto, é antigo. “Quando falamos do furto do fio de cobre, não estamos falando de nada novo. Isso já acontece tanto no Distrito Federal como em outros pontos do nosso país há muitos anos”, avalia o especialista em segurança pública Leonardo Sant’Anna. “Contudo, esse produto é tratado, hoje, como algo muito caro. Em todos os ferros-velho essa sucata é uma das mais lucrativas”, afirma.
A pena para quem pratica furto é de 1 a 4 anos de prisão. Quem compra produtos oriundos de roubo ou furtados também está cometendo o crime de receptação, previsto no artigo 180 do Código Penal. A pena é de 1 a 4 anos de reclusão, além de multa.