DENÚNCIA

Homem vacinado não teve lote, fabricante e data de aplicação informados no cartão

Servidor que aplicou o imunizante também não assinou o registro. Homem teme não conseguir tomar a segunda dose da vacina, já que os dados dele não constam na plataforma do SUS

Um homem de 38 anos recebeu o cartão de vacinação, após ser imunizado contra a covid-19, sem as informações de lote, fabricante e data de aplicação. O servidor que prestou atendimento também não assinou o registro.

O diplomata Ernesto Batista Mané tomou a xepa da primeira dose da CoronaVac no Parque da Cidade em 19 de junho. "Não reparei na hora. Fiquei super feliz por ter conseguido me vacinar pela xepa, já tinha tentado várias vezes. Em casa, depois que postei nas redes sociais, alguém me alertou para a falta dos dados", conta o morador da Asa Norte.

No momento da vacinação, o diplomata preencheu os dados em um formulário de papel e foi informado de que o registro seria feito no Conecte SUS, plataforma oficial de comunicação entre o cidadão e o SUS, em até 10 dias. No dia seguinte à aplicação, retornou ao ponto do Parque da Cidade para apontar o erro. Porém, a equipe em atendido era outra.

"Reconheceram o erro grave e uma das funcionárias pegou meus dados e foto do cartão, para localizar o cadastro. Depois disso, esperei o prazo do sistema, checando todos os dias se as informações tinham entrado. Os dados não foram atualizados até hoje, mais de 20 dias depois", relata Ernesto.

Outras unidades

O homem foi então encaminhado a um posto de saúde, com acesso ao sistema. Na unidade da 115 Norte, a mesma situação se repetiu — os dados não foram encontrados no sistema. "Meu medo é chegar na segunda dose e não conseguir tomar, porque não tenho como provar que realmente tomei a D1. Na 115 Norte, os servidores me falaram que não foi a primeira vez que isso aconteceu", repassa.

No posto da 612 sul, na quinta (8/7), Ernesto explicou novamente a situação e o registro não foi encontrado na plataforma. "Deixaram a entender que a responsabilidade (de checar o preenchimento) era minha porque não conferi na hora da vacinação. Expliquei que estava emocionado e foi a primeira vez que me vacinei pelo GDF, não sabia quais eram os procedimentos. É irresponsabilidade de quem aplicou. Sei que errar é humano e são milhares de doses aplicadas por dia, sem contar a pressa de fim do expediente, como é na xepa. Mas é preciso admitir o erro", cobra Ernesto.

Em agosto, o diplomata viajará em missão oficial para os Estados Unidos. "Por isso procurei me vacinar pela xepa, não queria embarcar sem estar imunizado", explica. Ele registrou queixa na Ouvidoria do GDF apenas na quinta e recebeu a confirmação de recebimento da denúncia, sem respostas.

"Honestamente, achei que a questão fosse se resolver com o tempo, fiquei esperando o prazo de 10 dias. É uma falta grave, e outras pessoas podem ter o mesmo problema. As equipes precisam ser muito bem orientadas, porque isso não pode voltar a acontecer", denuncia Ernesto. "Não sou grupo prioritário pela profissão nem estou pedindo tratamento diferenciado", completa.

A Secretaria de Saúde informou, por meio de nota oficial, que a reclamação, solicitada por meio da Ouvidoria, será analisada e respondida no mais breve tempo possível.