Os crimes de Lázaro

Viúva ajuda na investigação

Ellen Vieira prestou depoimento na quinta-feira. Polícia tenta descobrir se Lázaro atuava para uma organização criminosa

A viúva de Lázaro Barbosa, 32 anos, Ellen Vieira, 43, prestou depoimento na 2ª Delegacia de Polícia de Águas Lindas. Ela falou na condição de informante, e não é investigada no caso. A advogada Helda Sampaio ressaltou que a mulher está colaborando com as investigações. Nessa quinta-feira, Ellen conversou com os agentes por cerca de uma hora.

Ao ser questionada sobre as ligações entre Lázaro e o fazendeiro Elmi Caetano, 74 anos, preso desde 24 de junho acusado de acobertar o foragido, a viúva disse à delegada Rafaela Azzi que não sabia de qualquer relação entre os dois. “Ellen respondeu que não tinha conhecimento de nenhuma tratativa, desconhecia por completo”, relatou a advogada dela, Helda Sampaio.

Ellen e Lázaro têm uma filha, e conviveram ao longo dos últimos três anos. Nesse período, ela disse à polícia que o relacionamento era pacífico. “Queriam saber se ele (Lázaro) era uma pessoa violenta”, reforçou Helda. “Nos anos que conviveu com ele, não relatou nenhum tipo de violência por parte do Lázaro, em relação a ela ou à filha”, afirmou a advogada.

“Ela está bastante abalada com a situação, não pode sair às ruas por conta desse episódio. Ela está sendo muito exposta em razão desse fato que envolve ela indiretamente”, pontuou. Não se sabe se a viúva será chamada a falar novamente.

Feridos
Enquanto esteve foragido, Lázaro deixou um rastro de estragos. Depois de assassinar a família Vidal, ele fugiu para Cocalzinho (GO). No município, no dia 12 de junho, ele invadiu uma chácara e baleou três ocupantes do local.

Um deles foi atingido na perna, e, depois de socorrido, foi liberado. Os outros dois, atingidos no abdômen, foram encaminhados para o hospital de Anápolis. Um deles se recuperou e saiu nessa quinta-feira. Ele faz fisioterapia em casa para voltar a andar. O outro desenvolveu uma infecção e segue hospitalizado.

Quadrilha
As investigações do caso continuam. Doze dias após a morte do foragido, em uma troca de tiros com policiais em Águas Lindas (GO), a Delegacia de Homicídios de Goiânia, que tomou à frente da apuração, averígua se Lázaro era parte de uma organização criminosa que envolve empresários e fazendeiros da região.

Para os investigadores, Lázaro Barbosa não agiu sozinho, e por isso, tentam identificar possíveis colaboradores dos crimes. Um deles, Elmi Caetano, é, agora, réu: o Tribunal de Justiça de Goiás, acolheu a denúncia do Ministério Público contra ele. O resultado do laudo pericial sobre as duas armas apreendidas na fazenda dele atestaram que elas foram modificadas, mas que não teriam capacidade de fazer disparos na ocasião.

Os advogados de Caetano contestam a prisão preventiva, mantida pela Justiça. “A defesa manifesta que a decisão da manutenção da prisão tem que ser reconsiderada.”, disse o defensor Ilvan Barbosa. Elmi Caetano foi preso em flagrante pelo porte ilegal de armas e por favorecer a fuga de Lázaro. Em uma caminhonete, Caetano desrespeitou um bloqueio policial em uma estrada, e foi interceptado. Três dias depois, Lázaro foi localizado após 20 dias de caçada.

À época, o caseiro da fazenda de Caetano, Alain Reis, também chegou a ser detido, mas, depois, liberado ao se constatar que não teria ligação com os crimes. À polícia, ele declarou que Lázaro foi acobertado pelo patrão por pelo menos cinco dias, que o criminoso fazia refeições na sede da chácara e que dormia no local. O caseiro teria recebido ordens para não deixar os policiais entrarem na propriedade enquanto durassem as buscas por Lázaro, em Girassol (GO).