O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou, no Distrito Federal, a menor variação entre as regiões pesquisadas do Brasil pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE). O resultado foi alcançado pelo terceiro mês consecutivo e divulgado nesta quinta-feira (8/7). O IPCA tem publicação mensal e acompanha a variação dos preços de bens e serviços comprados pelo consumidor final. O índice é o responsável por indicar, oficialmente, a inflação do país. De acordo com os dados divulgados, a média do Brasil está em 0,53%, enquanto a capital do país apresenta um índice de 0,17%.
A Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) apresentou, em live no YouTube, os dados da pesquisa. De acordo com a variação dos últimos doze meses, o índice no DF começou a ter alta em janeiro deste ano. Ainda em dezembro do ano passado, ele estava pouco acima de 3%, mas foi avançando até alcançar 7,3% neste último relatório. Em relação à variação em nível nacional, o índice começou a ter alta em setembro de 2020, e neste mês alcançou 8,35%.
O economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, destaca que a inflação se trata do poder aquisitivo das famílias. “Ela afeta a população porque, basicamente, o poder de compra não acompanha as altas nos preços dos produtos. A inflação corrói o poder do consumidor. Atualmente, a pressão inflacionária vem, inclusive, de muitos cenários internacionais. Contudo, uma questão interna que vai afetar o IPCA nos próximos meses é a crise hídrica”, pontua. O economista esclarece que o IPCA é calculado com base na cesta de consumo da população. “Os itens básicos para a sobrevivência das famílias são principalmente alimentação, transporte, habitação e cuidados pessoais. É também por isso que o IPCA afeta de forma diferente cada faixa de renda, porque a classe mais alta tem demandas de compras diferentes em relação a classe de menor poder aquisitivo”, explica.
Resultados
Para o pesquisador Renato Coitinho, da Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da Codeplan, “os gêneros alimentícios tiveram retração nos preços praticados no DF, assim como a gasolina, o que ajudou a aliviar a pressão sobre as famílias de mais baixa renda. No entanto, a crise hídrica que o país está passando tem um elevado potencial inflacionário, pois incentiva ajustes na conta de energia elétrica”, pontua.
Algumas das melhores variações ocorreram nos itens alimentação e bebidas, como no caso das frutas, que tiveram uma variação de -7,53% e um impacto no IPCA de -0,06 pontos percentuais (p.p). O principal destaque foi o tomate, que teve queda de 13,36%, assim como a banana prata, com recuo de 17,91%. Em parte, o menor impacto dessa categoria está relacionado à sazonalidade, pois o segundo trimestre é marcado, tradicionalmente, pela queda no preço dessa categoria de alimentos.
Vale destacar que o IPCA é sentido de diferentes maneiras entre as diversas classes sociais. O impacto da inflação sobre as diferentes faixas de renda das famílias do DF aponta que 25% dos mais pobres perceberam um incremento de preços de 0,15% na sua cesta de bens e serviços. Enquanto os 25% mais ricos perceberam uma inflação de 0,21%. A diferença se deve, principalmente, porque a classe mais pobre consome, basicamente, alimentação e bebida, enquanto que as faixas de renda elevadas tem alto consumo de passagem aérea, que foi um dos focos inflacionários no último mês.
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calcula a inflação sobre as famílias com rendimentos entre um e cinco salários mínimos. De acordo com o IBGE, foi possível observar uma variação positiva de 0,14% em maio de 2021, percentual que ficou abaixo do valor registrado pelo IPCA (0,17%). O índice foi, novamente, o menor entre as regiões pesquisadas pelo terceiro mês consecutivo. Com isso, ficou abaixo da média nacional (+0,60%). No acumulado em 12 meses, a inflação excedeu o limite superior da meta de inflação tanto na capital federal (8,07%) quanto na média nacional (9,22%).
O presidente da Codeplan, Jean Lima, comentou que a variação de preços para os diferentes estratos sociais do Distrito Federal, evidencia que os 25% mais ricos da capital foram os que perceberam a maior inflação em junho de 2021, observando uma variação de 0,21% no mês, refletindo o aumento na Passagem Aérea, item com peso maior no orçamento das famílias dessa faixa de renda que nas demais, e que a categoria Alimentos e bebidas, a que mais caiu no mês, ter um peso menor. As faixas de renda Média-alta (0,10%), Média-baixa (0,17%) e Baixa (0,15%) tiveram um percentual menor calculado no período.
Expectativas
Para os próximos meses, a Codeplan avalia que a bandeira vermelha no patamar 2 da tarifa de energia elétrica deve trazer um aumento de 4,5% em julho. Em relação à expectativa da inflação nacional, análises do Banco Central do Brasil (BCB) esperam que o índice apresente queda nos próximos meses.
Em dezembro, ainda deste ano, o BCB avalia que a inflação deve estar em uma média de 5,86%. No entanto, o índice vai se aproximar da meta de inflação projetada pelos órgãos apenas em dezembro de 2022, quando se espera que ele caia para próximo de 3,77%.
Itens com maior e menor influência no IPCA
Maior contribuição:
- Energia Elétrica residencial: variação de 3,92% e contribuição de 0,10
- Leites e derivados: variação de 5,33 e contribuição de 0,06
- Plano de Saúde: variação de 0,66 e contribuição de 0,04
Menor contribuição:
- Tubérculos, raízes e legumes: variação de -16,47% e contribuição de -0,08
- Frutas: variação de -7,53% e contribuição de -0,06
- Aluguel e taxas: variação de 0,51% e contribuição de -0,04
Variação acumuladas em 12 meses do IPCA, por faixa de renda:
- Classe alta: 7,33%
- Média-alta: 8,00%
- Média-baixa: 8,13%
- Baixa: 6,74%