OBITUÁRIOS

Todorov, ex-reitor da UnB

Professor e um dos responsáveis pela criação do PAS morreu aos 80 anos, na terça-feira, devido a complicações de uma doença pulmonar. Velório será hoje, no Campo da Esperança da Asa Sul. Universidade de Brasília declarou luto de três dias

Ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB), João Cláudio Todorov morreu, na noite de anteontem, aos 80 anos. Todorov lutava contra complicações de uma doença pulmonar obstrutiva crônica. O velório está marcado para hoje, entre 13h e 15h, no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Depois da última homenagem, o corpo será cremado em Valparaíso (GO).

Devido à perda do professor, a UnB declarou luto de três dias e ressaltou que Todorov brindou a universidade com inteligência, vivacidade e disposição para ensinar. Os atuais reitores da UnB, Márcia Abrahão e o vice-reitor Enrique Huelva, apontam que “sua vida e sua obra são exemplos a serem seguidos por cientistas e por todos que valorizam o ensino superior neste país”.

Para o ex-senador e professor emérito da UnB, Cristovam Buarque, 77 anos, Todorov deixou um legado na capital da República. “Devo muito a ele. Sempre foi muito dedicado à educação, nas negociações com o Ministério da Educação (MEC), na elaboração de planos de carreira. Foi graças a ele que foi criado o PAS (Programa de Avaliação Seriada), que marcou e marca o DF até hoje. O PAS mudou a vida de milhares de jovens e deu um impulso na melhoria da nossa educação básica. Sem falar que ele foi um grande cientista e ótimo professor em sua área de atuação, a psicologia”, explica.Além do PAS, foi Todorov quem criou o regime de cursos noturnos na universidade, o que permitiu o acesso de mais estudantes.

Não apenas a UnB sentiu a perda do professor. A Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em nota, lamentou a morte do profissional. “A Reitoria da UFPB se solidariza com a comunidade acadêmica da UnB por irreparável perda e presta as mais sinceras condolências aos familiares, amigos e colegas do professor”, declara.

Trajetória

João Cláudio nasceu em Santo Anastácio (SP), em 8 de junho de 1941. Começou a trabalhar aos 14 anos, como office boy. Formou-se, em 1962, em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), mesmo ano em que se engajou no movimento estudantil. Apenas seis anos depois, em 1968, concluiu o doutorado da Universidade Estadual do Arizona, nos Estados Unidos.

Todorov era um apaixonado pela capital do país. Chegou à cidade em 1962, e confessou, em entrevista à UnBTV, que Brasília mudou a vida dele. “As pessoas não faziam ideia do que era Brasília. Eu não me imagino fora de Brasília”, declarou. Para o professor, a capital era um “Eldorado”.

Em 1974, Todorov assumiu o cargo de professor da UnB e atuou até os anos 2000. Nesse período, ele foi diretor do Instituto de Ciências Biológicas (IB), diretor do Instituto de Ciências Humanas (IH), do Instituto de Psicologia (IP) e do Centro de Excelência em Turismo. Também foi decano de Pesquisa e Pós-Graduação — profissional responsável pela promoção, coordenação e supervisão de políticas relativas à pesquisa e à inovação na universidade.

O professor criou o laboratório de Análise Experimental do Comportamento, que é referência de pesquisa, e ajudou a fundar a Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP). Em nota, a Sociedade também lamentou a morte do professor. “Todorov foi um pesquisador que contribuiu significativamente com o desenvolvimento da psicologia no nosso país e no exterior, e para a formação de todos os analistas de comportamento do país”. A entidade está em luto por três dias. “Grande Mestre. Muito obrigado por seus ensinamentos e liderança”, declarou Ricardo Gorayeb, membro da SBP.

Neusa Maria Monteiro, 61 anos

Neusa Maria Monteiro morreu aos 61 anos, nesta terça-feira, por complicações causadas pela covid-19. A corretora de imóveis estava com a doença desde o dia 16 de maio. Ela deixa marido e dois filhos.

Neusa nasceu em Brasília e superou a pobreza no início da vida com dedicação e muita alegria. Começou como balconista de farmácia veterinária, onde conheceu pessoas e foi convidada para trabalhar em um banco, onde chegou ao cargo de gerente. Depois, trabalhou como autônoma no ramo de imobiliárias.

A moradora do Park Way gostava de manter hábitos saudáveis e reunir a família. “Ela curtia desde rock a Barões da Pisadinha. Conseguia comandar a casa sendo uma esposa amorosa e uma mãe carinhosa, pronta para aprender e ensinar os filhos”, conta filho Rafael Monteiro, 30 anos.

Ele lembra que Neusa era conhecida pela comida bem temperada e por reunir todo mundo na mesa. “Ela tinha o sonho de ser dona de um restaurante. Minha mãe sempre foi um exemplo para todo mundo. Exemplo de mulher batalhadora, guerreira, persistente, feliz e dedicada. Uma mulher exemplo, uma mãe extremamente especial. Então, eu tive muito orgulho de ser filho dela. Ela também tinha outros filhos de coração, que acabava adotando, alguns amigos meus que ela pegava para ajudar, para dar um carinho e para dar um conselho”, recorda-se Rafael.