O caso Lázaro ainda é cercado por questionamentos. A polícia segue com as investigações para saber se o criminoso, morto na segunda-feira em confronto com policiais militares da Rotam de Goiás, integrava uma associação criminosa voltada à prática de crimes violentos. Ontem, mais um crime atribuído a Lázaro foi comprovado: o resultado do exame de DNA mostrou que Lázaro Barbosa Santos, 32 anos, foi o autor de mais um crime violento contra uma mulher, de 39 anos, cometido em abril deste ano, no Setor Habitacional Sol Nascente.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) tinha o laudo do Instituto de Identificação, que constatou a presença das impressões digitais de Lázaro na cena do crime. Segundo Adriana Romana, delegada-titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam 2), em 26 de abril, o serial killer invadiu uma chácara e, armado, roubou vários objetos e estuprou a mulher.
O crime bárbaro aconteceu no dia do aniversário da vítima. A mulher estava na casa com o marido e o filho, quando ouviu latidos do cachorro e foi ver o motivo. Lázaro estava do lado de fora, na janela, mostrando a arma e ordenando que ela abrisse a porta. Ao entrar no imóvel, ele revirou a residência, levou celulares e dinheiro e trancou o esposo e o filho da mulher em um dos quartos.
Sob o poder de Lázaro, a vítima foi obrigada a seguir o serial killer até um matagal próximo, a obrigou a tirar a roupa e a estuprou por mais de 40 minutos. “Tínhamos o laudo que constatou as digitais do autor na cena do crime e só faltava o exame de DNA, porque já tínhamos o material genético dele da ocorrência de 2009, ano que ele cometeu roubo seguido de estupro”, detalhou a delegada Adriana Romana.
A partir do material identificado, comprovou-se que Lázaro foi o responsável pelo estupro. “Foi possível afirmar com 100% de certeza que ele foi o autor”, complementou a delegada. Em 2009, aos 21 anos, Lázaro cometeu um crime parecido. Ele invadiu uma chácara onde funcionava um pesque-pague, em Ceilândia Norte, obrigou as vítimas a tirarem as roupas e as trancou no banheiro. Na sequência, ele levou uma mulher para uma área fechada, onde a estuprou. Nesse mesmo ano, ele foi identificado e preso, permanecendo no Complexo Penitenciário da Papuda até 2016.
Ausência em velório
A dor de perder o filho, Lázaro Barbosa, é grande para Eva Maria Sousa, 51 anos. Para ela, ainda é difícil encarar a situação. “Tô procurando como seguir a vida e não estou achando, está difícil. Estou quebrada, partida no meio”, desabafa Eva. Em conversa com o Correio, ela explicou porque não estava presente no enterro de Lázaro.
“Eu não fui para esse velório porque eu tenho certeza que não suportaria, eu não aguento. O padrasto também ama ele de todo o coração e também não suportaria ver ele (Lázaro) nessa situação”, conta. “Do pai, eu não sei. Eu posso falar de nós aqui”, afirmou ela.
De acordo com Eva Maria, ela recebeu críticas por não ter ido ao enterro do filho, que ocorreu na quinta-feira, no Cemitério de Cocalzinho de Goiás. “Fui criticada na TV porque eu não fui ao velório, mas eu estou falando para o mundo inteiro o porquê. Se eu tivesse condições, eu teria ido, mas não tive. Não tive e não tenho”, defende.
Caseiro
Pai de seis filhos, o caseiro Alain Reis Santana, 32, responsável por mudar o rumo das investigações acerca do caso Lázaro, busca por um emprego. O funcionário mora em Girassol (GO) com a família, em uma casa que está à venda e precisará ser desocupada em breve. Cinco dos seis filhos moram com ele e a mulher e têm idades entre 1 e 12 anos.
Alain chegou a ser preso na quinta-feira passada por supostamente auxiliar na fuga de Lázaro. Contra Alain, nada ficou comprovado, e ele foi liberado em audiência de custódia. Em depoimento, o caseiro alegou que recebeu ordens do patrão, o fazendeiro Elmi Caetano, 74, para não permitir a entrada da polícia na propriedade. Alain também auxiliou na investigação durante as buscas por Lázaro. “Ficou claro que (Alain) não tinha domínio, influência ou mesmo consciência clara da atuação dolosa e espúria praticada pelo seu empregador”, salientou a promotora de Justiça de Cocalzinho de Goiás Gabriela Starling Jorge Vieira de Mello.
Atualmente desempregado, Alain depende de doações para poder sustentar a mulher e os filhos. “Vou ter que desocupar a casa, e não temos para onde ir. Não tenho como pagar aluguel agora, porque estou desempregado. Não podemos ir para a casa de parentes da minha esposa, porque lá tem familiares do Lázaro. E em Coimbra, também não podemos, porque tem parentes do seu Elmi morando lá”, disse.
Alain tem experiência em serviços de roça, com plantação de horta e criação de peixes e de animais. Ele também trabalhou em lava-jatos por quatro anos, como ajudante de pedreiro e em oficinas. Os que tiverem interesse em ajudar Alain e a família dele podem entrar em contato com o advogado Taciano Guedes, que representa a defesa do caseiro. O número é: (61) 9 9882-6939.