Três dias depois de ser morto após um confronto com a Polícia Militar de Goiás (PMGO) — na segunda-feira — Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, foi enterrado ontem, por volta das 15h30, no Cemitério de Cocalzinho (GO). O corpo dele ficou no Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia até quarta-feira. De lá, seguiu para uma funerária no Guará, onde foi preparado para o sepultamento. No caminho para Goiás, o veículo da empresa foi escoltado por um carro da corporação. A cerimônia fúnebre começou por volta das 15h e reuniu nove pessoas, entre elas a companheira de Lázaro, além de alguns familiares. No entanto, a mãe, o pai e do criminoso não compareceram.
Carlos Fábio Alves Magalhães, coveiro-chefe do cemitério e responsável pelos sepultamentos, relatou que o enterro ocorreu rapidamente. “Fizemos o trabalho de forma simples. Estavam presentes a esposa, o primo, a filha e outras poucas pessoas próximas. Depois, alguém da família falou que vai nos procurar novamente, para fazer um jazigo melhor para ele”, contou Carlos Fábio, enquanto apontava para uma área com terra, sem marcações, túmulo ou identificação.
Por 30 minutos, a equipe do cemitério abriu uma das capelas, a pedido dos familiares, para desembarque do corpo de Lázaro. Houve exceção à regra de segurança que visa evitar o contágio pela covid-19 e, por isso, não permite a realização de velórios. A mulher de Lázaro, uma jovem de 19 anos que pediu para ter a identidade preservada, despediu-se durante a cerimônia: “Em nome da família, nós agradecemos a todos que compareceram. Deus cuidou de nós até o último momento”, declarou. O casal estava junto havia quatro anos e tinha uma filha de 2.
Despesas
Os gastos com o sepultamento de Lázaro ficaram a cargo do advogado da família, Wesley Lacerda — para quem o fugitivo e a mãe já trabalharam. Os dois atuaram como funcionários em uma fazenda de produção de gado, em Cocalzinho (GO). Wesley tem cuidado do caso sem cobrança de honorários. Ele procurou o diretor da funerária e se ofereceu para pagar os gastos. Por meio de um acordo, conseguiu garantir a retirada do corpo do IML de Goiânia e o transporte até o Distrito Federal. “O doutor Wesley ajudou a família como podia. Houve um acordo para ajudar os parentes. Depois da remoção do Instituto Médico Legal, o corpo passou por uma clínica, onde ocorreu a preparação e o encaminhamento para o cemitério”, detalhou a representante da funerária, Lívia Nunes.
O advogado relatou ao Correio que tem atendido a família por caridade e que atuou para pedir informações ao IML sobre a liberação do corpo. “O apoio à família nesse último momento é por uma questão de humanidade, pois os familiares são muito carentes e têm baixa instrução”, justificou Wesley, ressaltando não ser representante de Lázaro. “Quero servir de intermediário entre a família e o poder público. O que quero é trazer a paz para nossa sociedade”, completou.
Wesley mencionou que, devido ao caso, recebeu ataques na internet. “(Disseram) que eu quero aparecer, que sou defensor de estuprador. No início da carreira, trabalhei atendendo vítimas de crimes violentos. Posteriormente, vim para a advocacia privada. Tenho minha clientela e 15 anos de advocacia”, declarou em um vídeo postado nas mídias sociais. Durante as buscas, o profissional também se ofereceu para tentar negociar uma rendição de Lázaro, mas não teve sucesso.
No dia em que foi assassinado por policiais, Lázaro estava com um revólver calibre .38 da marca Taurus. A arma havia sido roubada de uma chácara em Ceilândia Norte, em 16 de abril — 10 dias antes de ele estuprar uma mulher no Sol Nascente. O criminoso usou o item nos dias de fuga, segundo as investigações, inclusive na noite em que atirou contra três pessoas da família Marques Vidal, em Cocalzinho. Na noite em que invadiu a chácara de onde roubou o revólver, ele estava com um comparsa, com um facão e uma espingarda, segundo depoimento da vítima à polícia. O delegado responsável pelas investigações informou que as ocorrências seguem em apuração.