As madrugadas têm exigido dos brasilienses cobertores extras, além de grande força de vontade para deixar a cama pela manhã, para ir ao trabalho. O inverno deste ano é o mais frio registrado no Distrito Federal desde 2002. Nesta quinta-feira (1º/7), nas primeiras horas do dia, os termômetros marcaram 4,6°C no Gama, e a sensação térmica foi de quase 1°C.
Segundo os meteorologistas, o motivo do recorde de baixa temperatura é uma massa de ar frio de origem polar que atingiu o sul do país, o Centro-Oeste e, inclusive, alguns estados da região Norte, como Acre, Rondônia e o sul do Amazonas. A expectativa é de que as temperaturas se elevem no fim de semana, mas, ainda assim, o aumento será tímido: a capital deve registrar uma média mínima entre 10°C e 11°C, neste fim de semana, com máxima em torno de 25°C.
O inverno começou no Hemisfério Sul em 21 de junho e vai até 22 de setembro. Heráclio Alves, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explica que a estação é marcada pelo clima mais seco. “Teremos nesses dias um céu mais limpo, com poucas nuvens. A massa de ar frio ainda deve permanecer nos próximos dias. No fim de semana, ela continua atuando, mas deve ser vencida aos poucos. Durante a tarde, existe um certo predomínio do Sol, mas isso não irá causar uma elevação significativa da temperatura”, pontua. A umidade na capital deve variar entre 90% e 25%.
O DF começou a monitorar as temperaturas por estações automáticas em 2002, e, desde então, a temperatura mais baixa registrada na capital foi em agosto de 2013, em Águas Emendadas (Planaltina): 5,2ºC. O meteorologista detalha que as flutuação entre dias mais frios e mais amenos são comuns durante o inverno. “Vai ter sempre semanas mais frias ou dias com picos de baixas temperaturas. De qualquer forma, em termos médios, a temperatura na capital costuma ficar em 12,3ºC durante a estação”, explica
Luvas e casaco
O morador do Gama e estudante Leonardo Arruda, 21 anos, diz que o inverno, até agora, está mais rigoroso que nos anos anteriores. “Principalmente nessas duas últimas noites (de quarta-feira e terça-feira) foi bem tenso. Antes, estava esfriando muito por volta das 23h, mas, nessa semana, dava 21h e já estava muito frio. Nunca tinha sentido um inverno assim”, destaca. O desafio para vencer o frio começa logo cedo: “para acordar, a gente dá aquela enrolada, não tem jeito. Também passei a dormir de moletom, calça e meia”. Leonardo conta que também alterou a rotina de exercícios. “Costumo pedalar na cidade ou correr. Antes saía de casa umas 20h, mas hoje vou bem mais cedo, por volta das 17h, para aproveitar o fim do sol e não sentir tanto frio”, conta.
O garçom Cristiano Soares, 32 anos e morador do Paranoá, revela que para sair de casa coloca luvas, toucas e casacos. “Lá em casa, quando estou coberto, o gato também aproveita para se esquentar. Nos últimos dias estou dormindo com um edredom, um lençol e um cobertor. Aqui no Paranoá, como é subida e é próximo ao lago, o frio parece que fica mais intenso”. Cristiano veio de Pernambuco para o DF há três anos. “Lá, a gente fala que o clima é quente, calor e mormaço. Até em dia de chuva é quente”. Apesar das diferenças de temperaturas, Cristiano confessa que se adaptou bem e não pretende deixar Brasília. “Eu gosto muito daqui, quero voltar a Pernambuco apenas para visitar meus familiares.”
Alimentação
As baixas temperaturas, além de trazerem aquela preguiça, também afetam o apetite. Com o frio, o organismo tende a desejar alimentos mais calóricos, e os exercícios físicos costumam ficar de lado. Por isso, a professora do departamento de nutrição da Universidade de Brasília (UnB) Raquel Botelho ressalta alguns cuidados necessários. “Nesta época do ano, as pessoas sentem menos sede, em função de estar frio. Uma alternativa para continuar ingerindo a quantidade adequada de líquidos é optar por chás, pois eles vão aquecer e hidratar o organismo”.
A nutricionista também sugere tomar sopas, pois elas possuem baixas calorias e também hidratam. “Fazer uma sopa para o jantar, com bastantes vegetais, ajuda a pessoa a se sentir saciada. Mas é importante fazer uma sopa com vários legumes. Algumas pessoas acabam cozinhando apenas tubérculos, como mandioca, batata e inhame, alimentos que possuem um valor calórico maior. Por isso, é importante misturar cenoura, chuchu e abóbora, por exemplo”, aconselha.
Para quem não gosta de tomar sopa com pedaços de alimentos, a sugestão é optar pelos cremes. “Creme de abóbora é uma boa alternativa. Se a pessoa não tiver carne, pode colocar pedacinhos de queijo”, sugere. Para as refeições diurnas, é possível adotar o consumo de vegetais cozidos ou refogados. “As pessoas têm mais dificuldade de comer saladas frias e frutas, então, cozinhá-los é uma boa medida para facilitar o consumo. No caso das frutas, como pera, banana e maçã, elas podem ser cozidas com um pouquinho de água, açúcar e canela. Assim, a pessoa terá um alimento quente e saboroso. Temperos termogênicos, como gengibre, são outra opção”, finaliza.