Desde que o inverno começou no Hemisfério Sul, em 21 de junho, cobertores, casacos e bebidas quentes se tornaram companheiros fiéis dos brasilienses. Os termômetros já marcaram 4,9ºC na capital do país, em 1º de julho, com sensação térmica de 1ºC. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), essa foi a temperatura mais baixa registrada desde 2002, quando o Distrito Federal começou o monitoramento por estações automáticas. Apesar da trégua do frio nos últimos dias, ontem, a mínima chegou a 9°C, com máxima de 24°C e umidade relativa do ar entre 70% e 25%. E o fim de semana promete ser gelado, com mínima entre 8°C e 10°C.
O meteorologista Mamedes Luiz Melo, do Inmet, explica, no entanto, que a estação está dentro da média dos últimos anos. “Estamos em pleno inverno, então, é natural que as temperaturas caiam. A característica da estação no Centro-Oeste é ser fria e seca. Às vezes, algumas massas de ar polares entram com mais frequência na região Sul, e é isso que estamos vivenciando agora na capital. Esse frio é um reflexo do frio polar que passou pela região Sul e Sudeste”, pontua.
Mamedes esclarece que a tendência de poucas nuvens colabora com as quedas de temperatura durante a noite. “Teremos o céu mais limpo, e isso faz com que durante o dia a Terra aqueça mais rápido, mas, por consequência, à noite, ela se resfria mais rapidamente também. Por isso, no período da tarde temos um clima mais ameno, e na madrugada quedas mais acentuadas”, frisa.
O inverno acaba em 22 de setembro, e, para hoje, como consequência da massa de ar frio que atingiu o Centro-Sul do país, o Inmet prevê mínima de 8°C e máxima 25ºC. A intensidade do vento estará entre fraco e moderado, com presença de algumas rajadas, enquanto que a umidade relativa do ar pode variar entre 95% e 30%. Segundo o Instituto, no sábado haverá um tímido aumento de temperatura, com mínima de 10ºC. No entanto, no domingo, a mínima pode chegar a 9°C. Na segunda-feira, a expectativa é de que os termômetros marquem mínima de 7°C. A temperatura máxima se mantém, nos três dias, entre 23°C e 25°C.
Agasalhos
A cozinheira Alcida Ferreira do Nascimento, 64 anos, precisou enfrentar o frio de Brasília na manhã de ontem. Enquanto esperava o filho terminar um treinamento, no Parque da Cidade, Alcida procurou um local ensolarado para se aquecer. Encolhida e agarrada no casaco de frio, ela conta que, assim como muitos brasilienses, costuma sair de casa nas primeiras horas do dia para trabalhar, mas reforça que ontem foi um dos típicos dias “difíceis de sair da cama”. “Eu tenho o costume de sair cedo, porque trabalho em casa de família. Levanto, geralmente, às 6h30, no pico do frio. Então, preciso sair bem aquecida”, disse.
A comunicadora Rebeca Guimarães, 23 anos, explicou que a mania de consultar a previsão do tempo foi o que a alertou sobre a frente fria que chegou na capital federal. “Apareceu o alerta laranja para mim dizendo que ia diminuir a temperatura, e realmente essa noite fez muito frio. Eu quase não consegui dormir direito com o barulho do vento”, relatou.
Rebeca diz que, apesar de gostar do frio, as baixas umidades prejudicam sua saúde. Ela tem rinite e dermatite atópica, que pioram durante essa época. “Fico bem ruinzinha nesse tempo. Minha boca e pele ficam secas, tenho de estar sempre me hidratando. O frio até mascara um pouco, mas a gente sente muito a seca, e essa parte é horrível”, pontou.
De congelar
Menores temperaturas registradas desde 2002, quando a capital começou o monitoramento automático
» 4,9ºC, no Gama, em 1º de junho de 2021
» 5,2ºC em Águas Emendadas, em 4 de agosto de 2013
» 5,5ºC em Águas Emendadas, 19 de agosto 2010
» 5,7°C em Águas Emendadas, 5 de setembro de 2011
Fonte: Inmet
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