PANDEMIA

"Vacinação não é um ato individual, mas coletivo", diz Ana Helena Germoglio

Em entrevista ao CB. Saúde, médica infectologista fez uma avaliação sobre o semestre de vacinação contra a covid-19 e ressaltou preocupação com a variante Delta

Luana Patriolino
Rafaela Martins
postado em 29/07/2021 20:22 / atualizado em 29/07/2021 20:29
 (crédito: Marcelo Ferreira/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/D.A Press)

Em um balanço sobre os seis meses de vacinação contra a covid-19, a médica infectologista Ana Helena Germoglio foi a entrevistada desta quinta-feira (29/7) do CB Saúde — uma parceria da TV Brasília com o Correio Braziliense. A especialista alertou para o crescimento da variante Delta no Distrito Federal e ressaltou que o perfil das vítimas da doença mudou nos últimos tempos.

“Não temos mais os idosos com comorbidades, estamos tendo um público novo que não se vacinou, e pasmem, também estamos tendo pessoas que se recusaram a vacinar. Tenho pacientes em UTI que não quiseram se vacinar e eles podem contaminar outros que se vacinaram, infelizmente. A vacinação não é um ato individual, mas coletivo”, destacou a especialista.

A médica infectologista demonstra preocupação com a circulação da variante Delta e o baixo percentual de vacinados na capital. “Os pacientes que recebemos, que já estão confirmados, ou suspeitos que são portadores da variante Delta, têm um comportamento diferente. Eles têm um tempo menor de adoecimento. Isso preocupa”, apontou a especialista. “Nosso percentual de vacinação é muito pequeno, quando comparado à Europa e aos Estados Unidos. Infelizmente, devemos ter aumento de casos bem expressivo nas próximas semanas”, destacou.

Germoglio explica que outra peculiaridade da nova mutação é a altíssima transmissibilidade. “Antes de iniciar meus sintomas, a pessoa já está transmitindo. Além disso, já sabemos que esses pacientes têm uma carga viral muito grande, ele expele muito mais vírus, quando comparado a outras variantes”, disse.

A especialista fez uma avaliação sobre os seis meses de vacinação na capital. Para Ana Helena Germoglio, ainda existem questões que devem ser corrigidas no processo de imunização da população. “Se pudéssemos voltar atrás, primeiro, teríamos uma listagem de prioridades do Programa Nacional de Imunização (PNI). Infelizmente todo mundo se acha mais prioritário que os outros. Mas quando falamos de saúde pública, não podemos simplesmente criar prioridades para fortalecer classes que têm vozes políticas, em detrimento a outras”, ressaltou.

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