O Distrito Federal registrou queda nas ocorrências de crimes como homicídio e feminicídio em 2020, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021. No entanto, apresentou aumento de 19,3% na quantidade de armas apreendidas sem documentação — entre 2019 e o ano passado — e de 3,6% na quantidade de pessoas que conseguiram posse ou porte de armamentos no mesmo período. O relatório reúne informações prestadas pelas secretarias estaduais do setor (leia Resultados).
Para Leonardo Sant’Anna, especialista em segurança pública e privada, o aumento na apreensão de armas de fogo tem associação com um trabalho mais intensivo das polícias. “Esperávamos que os números fossem maiores. Mas, nos períodos pós-restrições sanitárias, percebemos que havia mais policiais nas ruas, o que pode, também, ter contribuído para uma maior apreensão de armamento ilegal”, avalia o consultor da Organização das Nações Unidas (ONU). “As pessoas não associam mais a posse de arma à violência ou ao perigo. Há uma diferença na percepção social. Além disso, o poder aquisitivo do DF e a existência de diversas bases de corporações das forças de segurança podem ter contribuído para que mais pessoas as registrassem”, completa.
Em relação aos crimes violentos, houve queda de 9% nos homicídios em 2020, na comparação com 2019. Já os assassinatos em razão de gênero caíram 46,8% no período. Contudo, as vítimas das tentativas de feminicídio aumentaram: no ano passado, 67 mulheres sofreram esse tipo de violência, 33% a mais do que há dois anos.
Advogada e ex-secretária adjunta de Segurança Pública do DF, Isabel Figueiredo afirma que a redução dos crimes contra a vida pode ser comemorada. Contudo, os números da violência contra mulheres devem ser analisados com cautela. “A queda dos homicídios não é de agora, mas uma tendência que vemos, ao menos, desde 2014. Porém, com os feminicídios, precisamos ter mais atenção, pois (o resultado) poderia ser melhor. A prevenção desses casos não envolve só a polícia. Todo o serviço de assistência, apoio e denúncia é importante”, ressalta.
Em relação ao armamento, ela considera ser preciso ter atenção, pois armas tendem a agravar conflitos que, normalmente, ocorreriam de forma amena. “Elas potencializam situações de acidentes ou casos de violência contra a mulher, por exemplo. Além disso, armas registradas legalmente podem migrar para o crime, serem roubadas ou vendidas. Não são instrumentos que trazem mais segurança pessoal”, opina.
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