No Distrito Federal, entre 2016 e 2020, foram notificados 2.290 casos confirmados de hepatite, de acordo com a Secretaria de Sa[ude. Apenas em 2020 a capital registrou 458 ocorrências da hepatite C: um aumento de 110,1% em relação a 2019, quando houve 218 casos. Em entrevista ao CB.Saúde — programa do Correio em parceria com a TV Brasília —, a hepatologista Liliana Mendes falou à jornalista Carmen Souza sobre as principais complicações das doenças e os avanços em relação à prevenção.
Quais os tipos de hepatite viral?
A hepatite é uma inflamação do fígado, e a pessoa pode adquirir de diversas maneiras. O tipo mais comum é a hepatite A, que não deixa sequelas, não dá fibrose e não leva à cirrose. Em seis meses, a pessoa fica curada. A hepatite B pode passar de seis meses e trazer sequelas ao fígado, como cirrose e câncer. Ela tem um contágio mais importante por via sexual e por via sanguínea. A hepatite C é a mais grave, e é a que leva mais pessoas a terem cirrose e câncer de fígado.
Qual a importância do Julho Amarelo?
O Julho Amarelo foi instituído em 2010, com o dia principal da campanha em 28 deste mês. O objetivo é conscientizar a população, trazer a situação de pesquisa, de diagnósticos e de possíveis tratamentos para evitar as sequelas, já que são hepatites que podem cronificar, principalmente as do tipo B e C, que podem causar cirrose silenciosa. A hepatite C é uma grande causadora de transplante de fígado no Brasil e no mundo. O Prêmio Nobel do ano passado foi para cientistas que descobriram a hepatite C, e isso foi muito relevante. Porque até 1989, a gente não sabia o que era aquilo que fazia os pacientes evoluírem desfavoravelmente. A gente faz essa chamada para as pessoas mais velhas fazerem o teste para identificar as hepatites.
Como ter acesso aos testes?
No número 0800 882 8222, a pessoa pode identificar a unidade básica de saúde mais perto da sua residência para fazer a testagem, que é feita de forma gratuita.
Ter uma hepatite viral é um fator de risco para a covid?
O coronavírus pode agir mais desfavoravelmente em pessoas que têm sequelas de doenças crônicas, como a cirrose. Pacientes com cirrose são mais propensos a evoluírem para óbito. De uma forma geral, o medo à covid tem propiciado as pessoas a fazerem tratamento precoce, e por conta própria. E não é incomum o hepatologista pegar pacientes no consultório que tomaram o tratamento precoce em doses extremamente altas, por conta própria. E a gente tem hepatoxidades por conta desses medicamentos. Há, ainda, outra situação em relação a sequelas no fígado causadas pela covid. Na primeira onda, a gente notava alterações no fígado sem muito impacto, a não ser em pacientes cirróticos. Mas hoje, temos uma outra realidade, porque uma das vias de entrada da covid-19 é por uma célula que está no ducto biliar, que vai entrando no fígado. Então, algumas pessoas que tiveram covid na forma grave, que foram intubadas, apresentaram problemas hepáticos. Não foram todas, uma minoria, mas ocorreu.
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