A cineasta Tânia Quaresma, 71 anos, morreu, na noite desta terça-feira (6/7), após sofrer uma parada cardíaca. A artista é um importante nome para o cenário audiovisual do Brasil. Ao longo da carreira, realizou diversos documentários, sendo um dos mais famosos o Nordeste: Cordel, Repente, Canção, de 1975. Outras longas metragens da cineasta são Trindade: Curto Caminho Longo (1979) e Nísica, Paulo e Josué: Oficina de Memória (2008).
Nascida em Belo Horizonte, Tânia chegou a Brasília em 1983 e se apaixonou pela cidade. No DF, criou o projeto cinematográfico administrado pela Fundação Bem Te Vi. Em depoimento ao Projeto Memória e Invenção, Tânia chegou a confessar: “eu estava feliz: Brasília tinha me recebido de asas abertas. Achei, então, que já era hora de ter uma base fixa, um ponto permanente para pouso e decolagem. Percebi que meu sonho com Brasília era mais que um filme: ele me indicava um projeto de vida. Acreditei nele e vivo essa realidade, desde então”, afirmou.
A produtora Geralda Magela, de 57 anos, conheceu a cineasta na juventude. “Eu tinha 17 anos, estava entrando na faculdade e assisti uma palestra dela e decidi que queria fazer produção de cinema. Ela me profissionalizou na prática dessa área. Trabalhamos juntos sete anos”, conta. Em 2010, o laço entre aluna e professora retorna e elas voltam a trabalhar juntos em cinema. “Meu laço com ela é muito grande, ela é uma irmã muito querida. E, como nós duas dizíamos, durante mais de três anos fizemos a produção do filme Catadores de História. Eu posso dizer que ela estava sempre presente”, se emociona Geralda.
Tânia deixa um filho, Alexandre Quaresma, que também trabalha na produção cinematográfica. Em nota de pesar, a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (Secec) contou que Tânia, recentemente, procurou a pasta para discutir a possibilidade de doar um acervo televisivo. A cineasta fez reuniões com a equipe da Secec para discutir como seria o processo de destinação ao público.
O secretário da pasta, Bartolomeu Rodrigues, conta que ela estava empolgada com o projeto. “Ela estava muito entusiasmada a tornar toda essa preciosidade que documentou em um bem imaterial para a sociedade. É uma perda sem tamanho, pela sua sensibilidade e pelo olhar humano para Brasília e sua população”, lamentou.
Perda cultural
Diversos artistas lamentaram a morte da cineasta. O diretor André Luiz Oliveira, 73 anos, escreveu nas redes sociais que a artista fará falta para a cultura brasileira e do DF. “Hoje é um dos dias mais tristes para o cinema brasileiro, para os que a conheceram e para mim pessoalmente. Tânia Quaresma foi uma mulher guerreira e cineasta de luz própria, tanto na vida quanto na arte. (...) Sua partida foi, de fato, uma libertação adquirida e construída em vida como um direito à Luz que sempre desejou. Siga em paz, querida Tânia, viva, em nossos corações”.
O artista plástico Bené Fonteles, 68 anos, também lamentou a perda da artistas. “Agora tu moras dentro de nossa memória que te amará sempre”, escreveu na rede social. “Fico por aqui muito sentido como estou agora junto com teus amig@s e aliad@s aguardando que dês um sinal e diga: vamos lá trabalhar que a Vida é Eterna e a morte é uma mentira sem muita graça”.
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