CASO LÁZARO

Em carta, Lázaro disse estar sem munições e que não se entregaria à polícia

Bilhete foi encontrado no bolso do criminoso no dia em que foi morto por policiais militares de Goiás. Secretaria de Segurança Pública admite que Lázaro teve acesso à internet no período em que esteve foragido, em área de mata

Darcianne Diogo
Ana Isabel Mansur
postado em 05/07/2021 13:44
 (crédito: SSP-GO/Divulgação)
(crédito: SSP-GO/Divulgação)

Em atualização das investigações do caso Lázaro Barbosa, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), por meio de investigações da Polícia Civil de Goiás (PCGO), divulgou uma carta escrita pelo criminoso enquanto esteve foragido. O bilhete foi encontrado no bolso de Lázaro no dia em que foi morto pela Polícia Militar de Goiás (PMGO), na última segunda-feira (28/6), em Águas Lindas de Goiás, após 20 dias de buscas.

No documento, Lázaro admite estar sem munições e pede ao destinatário da carta, a quem chama de Jil, que envie mais balas, de calibre 38 e 380. "Cara por favor arruma o tanto de munição de 38 e 380 pra mim, eu tenho 35 munição de 380 lá naquele barraco que eu tava", pede o criminoso, acrescentando que, caso não conseguisse as balas compradas, teria que matar mais pessoas e "isso não pode acontecer", completa. A grafia original foi mantida nas citações de trechos da carta escrita pelo criminosa.

A PCGO investiga a participação de outras pessoas nos crimes que Lázaro cometeu em Cocalzinho de Goiás e reforça a possibilidade de o foragido ter feito parte de uma organização criminosa. Em outro trecho da carta, o criminoso admite que, por causa dos confrontos que teve com os policiais, estava sem munições para as armas que carregava, roubadas de chácaras que invadiu.

As investigações da PCGO também apontam para uma fuga arquitetada com apoio financeiro, devido à maneira com que a quantidade de dinheiro encontrada com ele, cerca de R$ 4,4 mil, estava guardada. A PCGO também admite que Lázaro teve acesso à internet enquanto esteve foragido e cometendo crimes na zona rural de Cocalzinho (GO), no distrito de Girassol e no município de Edilândia. Na carta, inclusive, o criminoso afirma que "tem um monte de mentira rolando, vejo na TV às vezes".

A PCGO destacou, mais uma vez, que a força-tarefa responsável pela operação de captura, formada por 270 agentes de diversas forças policiais, tentou, "o tempo todo" a rendição de Lázaro, uma vez que era do interesse da operação que o criminoso respondesse por seus crimes. "A força-tarefa tinha o propósito de restabelecer a paz da população da região, garantir que Lázaro Barbosa Sousa não cometesse mais crimes e que ele fosse capturado', completou, em nota, a SSP-GO.

A secretaria divulgará outras atualizações da operação que não comprometam os trabalhos da polícia, conforme o andamento das investigações.

Leia a íntegra da carta escrita por Lázaro (a grafia original também foi mantida):

"Oi Jil, olha mano velho eu fui numa fita que deu mó peteco como vc mesmo deve ta vendo o cara tava armado, e antes de eu conseguir enquadrar a vitima ainda consegui avisar uma pessoa que quando eu vi já foi só os tiros
Deu essa p... aí, olha tem um monte de mentira rolando, vejo na TV as vezes, mas isso só daria pra falar se fosse pessoalmente.
Mano não vou me entregar, pois além do caso (...) tem muita coisa que tão querendo botar pra mim, e eles tão me caçando como caça viado, já tive 2 confronto com eles e to zerado de munição, cara por favor arruma o tanto de munição de 38 e 380 pra mim, eu tenho 35 munição de 380 lá naquele barraco que eu tava ve com a --- (Lázaro omitiu o nome) pra pegar para mim eu voou te adiantar 500 reais por esse corre por favor mano não me deixa na mão não pois se eu não arrumar comprado eu vou ter que ir atrás e pode morrer mais gente e isso não pode acontecer, eu só quero que eles não cheguem perto de mim que são muitos e tão só pra matar.
Se tu for me ajudar vem pegar a grana se não rasga
Falou, to na -- (ocultado por Lázaro)"

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