Na tarde de 15 de junho, durante a megaoperação de buscas pelo fugitivo, um policial penal do Distrito Federal recebeu a seguinte mensagem: “Socorro, o assassino Lázaro tá aqui em casa, fazenda grota da água Valdo Silva”. A resposta chegou quatro minutos depois: “Qual a localização???”. Sem retorno, o agente tentou novamente: “Onde fica??? Oi”. A primeira mensagem partiu de uma adolescente, mantida refém com os pais. Dias antes, integrantes das forças de segurança que visitaram a casa da família haviam deixado um número de telefone, para o caso de algo acontecer.
Ao ver o criminoso entrar, por volta das 13h40, a adolescente se escondeu embaixo da cama e enviou uma mensagem ao policial e a uma amiga, que retornou por meio de ligação. O policial que atendeu a ocorrência detalhou o restante dos acontecimentos: “Ele (Lázaro) colocou as vítimas andando na frente e foi atrás delas, comendo. Quando ouviu o barulho do helicóptero, entrou debaixo de uma pedra e se cobriu com folhas, para não ser identificado. Ficou até a aeronave passar”, contou o agente, que pediu para não ter o nome divulgado.
A intenção do criminoso era despir as vítimas e matá-las em seguida, segundo disse o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Teixeira, à época. Com a aproximação das equipes, Lázaro trocou tiros com a polícia e acertou um PM de raspão no rosto. Os reféns foram liberados sem ferimentos.
Dois aparecimentos
Mais próximo de Lázaro ficou Alain Reis Santana, 34 anos. Pai de seis filhos, ele chegou a ser preso por supostamente auxiliar na fuga do criminoso. No entanto, nada ficou provado contra o caseiro, que foi liberado após audiência de custódia. Ele chegou para trabalhar na fazenda do ex-patrão, Elmi Caetano Evangelista, 74 — atualmente preso —, três dias depois da chacina em Ceilândia Norte. O funcionário não tinha ideia do perigo que enfrentaria.
Em 18 de junho, por volta das 18h30, após o expediente, o caseiro se preparava para colocar a comida dos porcos e no curral. Quando acendeu a luz, deparou-se com Lázaro. “Ele estava em pé, encostado na parede, carregando o celular na tomada. Quando me viu, tirou o celular e saiu andando, não correu. De primeira, fiquei em dúvida (se era ele), porque tinha visto o noticiário poucas vezes”, relatou.
Em 23 de junho, enquanto Alain estava agachado em frente ao poleiro, para impedir a saída dos pintinhos, sentiu a pressão de uma mão no ombro. “Olhei para trás e achei que era o meu patrão (Elmi), mas era ele, o Lázaro”, contou. O foragido vestia uma camisa social preta de manga longa, calça preta, sapatos, carregava uma mochila e usava um boné. “Ele me ameaçou. Disse que sabia onde eu morava, falou da minha família e deixou bem claro que, se eu entregasse o esconderijo dele, mataria a mim, minha mulher e meus filhos. Depois, saiu”, continuou Alain.
Atualmente, o caseiro mora com a mulher e os filhos em uma casa em Girassol, distrito de Cocalzinho (GO). No entanto, o imóvel está à venda e precisa ser esvaziado em breve. “Vou ter de desocupar a casa, e não temos para onde ir. Não tenho como pagar aluguel agora, porque estou desempregado”, lamentou. Com experiência em serviços de roça, criação de animais, lavagem de carros, obras e conserto de carros, o caseiro procura um emprego após passar pelo trauma.