O rastro de violência e terror deixado por Lázaro extrapola o período de buscas pelo foragido na região de Goiás. Uma das vítimas do criminoso, que preferiu não ser identificada, sentiu-se aliviada. A mulher foi estuprada por Lázaro em 2009, aos 19 anos, e o criminoso a manteve por três horas na mata, no Sol Nascente. Apesar do trauma e do horror vividos, ela não torcia por um desfecho com morte. “Gostaria que ele pagasse, dissesse porque maltratou tanto as famílias e o que o motivava. Porém, para outros não sofrerem, ontem (domingo) à noite, confrontei Deus, em oração, onde Ele estava que não via isso (crimes de Lázaro). E, hoje (segunda-feira), Ele me respondeu com isso. Pedi em oração também muita luz para a família Vidal, para irem em paz”, relata a mulher.
E é justamente para Deus que os familiares das vítimas da chacina no Incra 9 se viram nesse momento de dor. Um sobrinho de Cleonice Marques, que pediu para ter o nome preservado, conversou com a reportagem, ainda em estado de choque. “A família está um pouco aliviada. É uma história de tragédia. Só Deus, mesmo, agora. Eles eram muito trabalhadores, até o mais novinho (Carlos Eduardo, 15 anos). Ficavam sempre na chácara, quase não saíam. Eram pessoas humildes, muito reservadas e tranquilas”, lamenta o parente das vítimas.
Segundo o sobrinho, os familiares ficaram sabendo da morte de Lázaro pela televisão. “Foi um susto e um pouco de alívio, na hora. Agora, precisamos esperar”, conta, lembrando que as investigações estão sendo feitas pela polícia e não é possível afirmar que Lázaro agiu sozinho nos assassinatos. “Não consigo nem imaginar o que ela (Cleonice) sofreu. Todo mundo ficou sem entender o porquê de tanta violência. Foi muita covardia, muita crueldade com uma família só, sem motivo nenhum”, argumenta o sobrinho de Cleonice, sequestrada por Lázaro em 9 de junho e encontrada morta três dias depois.
Os representantes da família Marques Vidal não esperavam a conclusão do caso com o falecimento do criminoso. “Infelizmente, houve uma morte. Não há de se comemorar quando há uma morte, mas a família se sente um pouco mais tranquila (pela morte de Lázaro). Mas sabemos, muito bem, que ele não agia sozinho, outras pessoas davam cobertura e financiavam os crimes. Então, vamos deixar a polícia trabalhar, é claro, e, com certeza, vão achar os demais comparsas que o ajudaram”, afirma Fábio Alves, advogado da família Vidal.
Visita à ex-mulher
A ex-mulher de Lázaro, Luana, 30 anos, contou em entrevista ao Correio que o ex-marido a visitou, na noite de domingo (27/6), por volta das 20h, para entregá-la R$ 300. “Ele chegou, me chamou, daqui, do portão, que estava fechado. A gente conversou, e ele entregou o dinheiro para mim. Disse que era para eu cuidar do neném e que iria para Brasília. Depois saiu, demorou alguns segundos e voltou. Nessa hora, os cachorros começaram a latir”, relata.
Luana conta que Lázaro não chegou a ver o filho do casal, que tem 3 anos e 9 meses, na visita. O menino estava com Isabel, mãe de Luana e ex-sogra de Lázaro. “Por volta das 21h30, a polícia chegou aqui. Eles arrombaram a porta, e um dos policiais me deu um tapa, dizendo que eu estava mentindo para eles e escondendo o Lázaro. Isso foi muito constrangedor”, detalha Luana.
Ela recebeu a notícia da morte de Lázaro pela imprensa, enquanto aguardava na delegacia. A equipe de reportagem entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública de Goiás, a respeito da ação truculenta dos policiais na casa da ex-mulher de Lázaro, no entanto, até o fechamento desta edição, a pasta não havia se posicionado.
Inocência
O filho de Lázaro não sabe que o pai foi morto. Enquanto o homem visitava a família, a criança dormia no quarto com a avó e não acordou quando os agentes visitaram a casa. Durante o almoço, a mulher lembra que a notícia sobre a morte de Lázaro passou na televisão. “Ele (o filho de Lázaro) apontou para a tevê e disse: ‘olha, o papai, eu amo muito ele’”, diz. Isabel ressalta que o menino ainda não entende o ocorrido. A ex-sogra de Lázaro conta que, no momento em que o menino disse isso, uma amiga da família chegou a se emocionar. “Ele é uma criança, não sabe o que está acontecendo”, defende a avó do menino.