Em clima de dor e indignação, amigos e familiares se despediram, ontem, de Thaís da Silva Campos, 27 anos, em sepultamento realizado no Cemitério São Vicente de Paula, em Unaí (MG) — distante cerca de 168 km de Brasília. A cirurgiã-dentista foi assassinada a tiros pelo ex-companheiro, em Sobradinho, no domingo. Ele foi preso na segunda-feira.
Consternada, Leda Bering, 66 anos, avó de Thaís, clamou por justiça. “É um momento muito difícil, de muita dor. O que posso dizer é que ela será amada eternamente, que toda a família está com o coração em pedaços. Ele foi preso, e o que todos da família e da sociedade esperam é justiça o quanto antes, por ela e por todas as outras mulheres que são vítimas de homens covardes”, comentou.
Yuri Bering, 25 anos, lamentou a morte da prima. “Eu sempre a admirei pelo fato de ela ter corrido atrás para alcançar os objetivos dela. Minha tia se esforçou muito para dar condições boas de estudo para Thaís, e ela retribuiu toda a luta que a mãe teve. Infelizmente, ela se foi muito nova, com um futuro brilhante pela frente”.
Colegas de trabalho
Os dois homens acusados de cometer feminicídios na mesma semana contra as ex-companheiras, em Sobradinho, foram colegas de trabalho. O especialista em tecnologia da informação Leandro de Barros Soares, 41 anos, acusado de matar por asfixia a psicóloga Melissa Mazzarello, 41, foi chefe de Osmar de Sousa Silva, 36 anos, que matou a tiros Thais Campos. Os dois estão presos.
Em um intervalo de três dias, ambos assassinaram as ex-companheiras e tinham histórico de descumprimento da Lei Maria da Penha. “Eles trabalharam juntos por um tempo, mas os crimes não tiveram relação”, explicou o delegado-chefe da 13ª Delegacia de Polícia, Hudson Maldonado.
O crime que vitimou Melissa Mazzarello ocorreu na quinta-feira passada, na Quadra 7. Ela foi morta por asfixia após uma discussão. Leandro se apresentou à polícia e foi preso. No domingo, Osmar matou a ex-mulher a tiros, na Quadra 14. Ele foi preso na segunda-feira, pouco antes de se entregar, acompanhado por um advogado, na 31ª DP (Planaltina).
"Ele foi preso, e o que todos da família e da sociedade esperam é justiça o quanto antes, por ela e por todas as outras mulheres que são vítimas de homens covardes”
Leda Bering, avó de Thaís Campos