Sinal de alerta para a seca

Com a chegada do inverno e a diminuição de chuvas, aumenta o perigo de incêndios florestais no Distrito Federal. Risco de queimadas deve diminuir apenas no fim de setembro

O inverno começou oficialmente ontem, e com ele as noites frias e o clima seco no Distrito Federal. O período é marcado por poucas chuvas, que devem voltar a ocorrer com frequência somente no fim de setembro, segundo o Instituto de Nacional de Meteorologia (Inmet). Com isso, os perigos de queimadas e incêndios aumentam na região Centro-Oeste.

De acordo com o meteorologista do Inmet Olívio Bahia, a previsão de vários dias sem chuva liga um alerta à população. “A umidade não está chegando a níveis extremos, mas a quantidade de dias sem chuva vai impactando no tempo do DF. Se alguém jogar um palito de fósforo aceso em algum gramado, por exemplo, pode provocar incêndio. A umidade não ficará tão baixa assim, mas sempre dou esse destaque. Não devemos ter umidade na atmosfera suficiente para umedecer a vegetação. Inclusive, o ar fica poluído”, analisa.

Olívio diz que a sensação térmica do inverno estará relacionada ao vento. “Periodicamente, temos alguns momentos com entrada de ar mais frio, com frentes frias vindas do Sul do país. Podemos sentir 6°C de temperatura, pois, se está ventando, a sensação térmica fica menor. Temos, principalmente, noite, madrugada e início da manhã com temperaturas mais baixas. No decorrer do dia, as temperaturas não sobem tanto, indo de 25°C a 27°C, em média, porque ainda temos nebulosidade”, esclarece.

Queimadas

Na quarta-feira passada, a Defesa Civil Nacional reuniu virtualmente órgãos estaduais e federais envolvidos na prevenção e combate a incêndios florestais no Centro-Oeste. O objetivo do encontro foi antecipar problemas e se preparar para a temporada crítica de queimadas na região, que ocorre tipicamente nos meses de agosto e setembro. Segundo a previsão climática do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as chuvas no período de junho a agosto devem ser inferiores à média histórica.

A coordenadora técnica do Plano de Prevenção a Combate aos Incêndios Florestais (PPCIF), Carolina Schubart, esclarece que no período de chuva, os incêndios são provocados, em sua maioria, pelos raios, e ocorrem em menor número em relação ao período de seca, que tem as queimadas causadas, em grande parte, por ações humanas. “Um fósforo ou uma fogueira mal apagada podem resultar em um incêndio grande. Por isso, a população deve ficar atenta ao descartar esses materiais e ao fazer fogueiras”, explica.

Segundo dados do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF), foram cerca de 27,6 mil hectares de área queimada na capital em 2020. Desse total, 18,16 mil hectares (65,8%) entre os meses de julho e setembro. Enquanto que em 2019, foram pouco mais de 16 mil hectares, sendo 13,9 mil hectares no mesmo trimestre.

No entanto, Schubart esclarece que “apesar do maior número de área, houve uma queda nos incêndios em unidades de conservação ambiental aqui no DF”. A coordenadora explica que os dados dos bombeiros reúnem todas as áreas queimadas que ocorreram em canteiros, espaços rurais, parques e unidades de conservação. Em 2019, o mês de junho teve uma área queimada de 172,21 hectares. Já em 2020, teve apenas 45,76 no mesmo mês.

Até o dia 20 de junho, o Corpo de Bombeiros registrou 503 ocorrências de incêndio e 843,29 hectares de área queimada no DF. Desse total, 61% dos chamados foram feitos entre os dias 1º e 20 deste mês, com 592,84 hectares queimados. O número representa 70% do total registrado neste ano. Em maio, os bombeiros haviam recebido 177 ocorrências e 177,97 hectares de área foram queimados. Enquanto que, em abril, foram apenas 7 chamados e 34,11 hectares.

Estratégias

De acordo com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente do DF (Sema), de janeiro a julho, o PPCIF trabalha com ações de prevenção dos incêndios, de educação ambiental e com a contratação de brigadistas. A coordenadora técnica do PPCIF, Carolina Schubart, destaca a importância dos brigadistas dentro das Unidades de Conservação nessa época do ano. “Com o período de seca e a maior incidência de queimadas, é importante ter mais brigadistas que deem o primeiro combate ao incêndio para evitar que se alastrem mais rápido”, explica.

Além disso, a Sema tem como parte da estratégia “desenvolver ao máximo as ações de prevenção, com a integração entre as instituições parceiras que compõem o PPCIF, para otimizar a fase de combate que ocorre de julho a novembro”.

O CBMDF informa que o planejamento para combater os incêndios resultou na chamada Operação Verde Vivo. Segundo o órgão, “lá são alocados recursos humanos e materiais por todo o DF de forma estratégica, a fim de chegar aos incêndios o mais rápido possível para minimizar ao máximo os prejuízos causados pelo fogo”, esclarece. Outra estratégia adotada pelos bombeiros é o Grupamento de Proteção Ambiental, que promove palestras e treinamentos de prevenção e combate a incêndios florestais para a população da área rural. Em caso de incêndio, os bombeiros alertam que “a população pode ligar imediatamente para o 193 sempre que avistar algum foco. Quanto mais rápido formos avisados, mais rápido vamos chegar”.

Processo seletivo

O Governo do Distrito Federal (GDF) abriu, ontem, as inscrições para o processo seletivo de brigadistas de combate a incêndios florestais. São 150 vagas para contratação temporária, mais formação de cadastro reserva. Os interessados podem se inscrever gratuitamente pelo site do Ibram até as 16h do dia 28 de junho.

Serão seis vagas para supervisor de brigada, 24 para chefe de esquadrão e 120 para brigadistas para início imediato. Os salários variam entre R$ 2,2 mil e R$ 3,3 mil, a depender do cargo, mais seguro acidente.

O processo seletivo será dividido em três etapas. Será feita a análise de documentos do candidato e de currículo, além de investigação funcional nos órgãos que compõem o PPCIF.
A entrega dos documentos será presencial. Após o preenchimento da inscrição on-line, o candidato deverá comparecer na sede do Ibram com as cópias das documentações, conforme descrito no edital.

* Estagiária sob a supervisão de Adson Boaventura

Como evitar

Não atear fogo para limpeza de terrenos, lixo ou resto de podas de árvores.

Após fumar, apagar o cigarro e descartá-lo em local adequado.

Ao identificar um incêndio, procurar um local seguro, distante do fogo e da fumaça.

Caso presencie um incêndio, as denúncias podem ser feitas por três meios:

Disque 193, para acionar o Corpo de Bombeiros

Pelo 9 9224-7202 para acionar o Brasília Ambiental (Ibram), caso o incêndio seja dentro de uma Unidade de Conservação

Pelo 9 9351-5736, que também é WhatsApp, para acionar a Polícia Militar Ambiental

Fonte: Ibram