Em entrevista ao CB.Saúde, uma parceria do Correio com a TV Brasília, a infectologista e professora da Universidade de Brasília (UnB) Valéria Paes ressaltou a importância de campanhas e acompanhamentos a pessoas que não querem se imunizar. “Infelizmente, ainda temos observado alguma resistência às vacinas, pessoas ainda com receio, e nós precisamos ser firmes com essas pessoas e esclarecer, dar toda a segurança para que o máximo possível de pessoas sejam vacinadas”, disse à jornalista Sibele Negromonte.
As pessoas estão escolhendo qual vacina tomar. O que a senhora tem a dizer sobre isso? Todas as vacinas são eficazes?
Para nós, infectologistas, é uma decisão muito simples, a melhor vacina é a que está mais disponível para você, elas têm um perfil diferente de possíveis efeitos colaterais, mas todas têm eficácia comprovada em proteger contra a covid-19. O risco do vírus é muito maior do que qualquer possível efeito causado pela vacina.
Muitas pessoas não voltaram para tomar a segunda dose. Isso é preocupante? A imunização só ocorre quando há as duas doses?
Então, 15 dias após a primeira dose, já existe uma proteção parcial, mas para extrair o benefício máximo, é necessário tomar as duas doses. Às vezes, a pessoa apresentou algum tipo de efeito colateral na primeira dose da vacina e aí fica insegura ou acaba perdendo a data e, para isso, precisamos de campanhas, de esclarecimento. É necessário saber quem são essas pessoas, para que sejam notificadas e acompanhadas e tenham segurança para tomar a segunda dose.
E quando a pessoa sabe que o efeito colateral pós-vacina extrapolou?
A orientação do Ministério da Saúde é que a gente notifique todos os efeitos. É uma vacina nova, a gente precisa saber muito bem aonde a gente está caminhando. Mas, a maioria dos casos, são efeitos leves, passageiros, uma dor no braço, mal-estar, dor no corpo, febre ou dor de cabeça, mas na grande maioria dos casos, com 24 horas, isso tudo já passou. Então esse pequeno desconforto vale a pena por um benefício maior, que é a proteção.
Como é a orientação de vacinação para as grávidas?
As grávidas são um grupo muito peculiar, porque, ao mesmo tempo que são mulheres que não foram incluídas nas pesquisas, trata-se de um grupo vulnerável. Uma grávida que adquire covid tem mais riscos de evolução grave, tem mais risco de hospitalização, de internação na UTI e, se for no começo da gestação, também corre o risco de perder o bebê. Foi disponibilizada a vacina para esse grupo pela vulnerabilidade e aconteceu uma complicação raríssima em uma mãe após tomar a Astrazeneca, que teve trombose. Por conta disso, para aumentar a segurança das grávidas, foi decidido que elas podem tomar ou a vacina da Pfizer ou a CoronaVac.
Como está no Distrito Federal referente ao número de casos dessa nova onda?
Ainda não foi observado essa chegada da terceira onda nos hospitais do DF, estamos atentos. Mas em Brasília ainda não foi notado esse aumento significativo (de casos) nos hospitais devido a essa nova onda. O alerta agora é que invés de comemorar, a gente deve intensificar (a vacinação) para que essa terceira onda não chegue.