Estupros, assassinatos, violência, agressões, roubos e fugas de presídios. Lázaro Barbosa Sousa, 33 anos, acusado de matar o empresário Cláudio Vidal, 48, e os dois filhos dele, Eduardo Marques Vidal, 15, e Gustavo Marques Vidal, 21, está envolvido em crimes graves desde 2009, ano em que foi preso pela primeira vez. Um documento obtido com exclusividade pelo Correio revelou, por meio de um laudo psicológico elaborado no Complexo Penitenciário da Papuda em 2013, que Lázaro é uma pessoa agressiva, impulsiva, instável e com “preocupações sexuais”. À época, ele foi condenado e ganhou liberdade em março de 2016.
O exame criminológico serve para avaliar a personalidade do preso para, a partir das evidências, reincidir na prática de delitos. Em 2013, quando ele tinha 26 anos, testes comprovaram os seguintes traços de personalidade de Lázaro: agressividade; ansiedade e tensão; ausência de mecanismos de controle; dependência emocional; dificuldade em canalizar e expressar emoções; impulsividade; instabilidade emocional; possibilidade de ruptura do equilíbrio; preocupações sexuais; e sentimentos de angústia.
O criminoso tem um histórico de uso abusivo de drogas e álcool, perturbações psíquicas, instabilidade profissional, interrupção no aprendizado escolar e profissional, internação em orfanatos e fugas de casas, revelou o laudo. À época, os psicólogos que ficaram responsáveis pela avaliação descartaram a hipótese de que Lázaro ganhasse o benefício da progressão de regime.
“No entanto, analisando as informações citadas anteriormente, percebe-se que o indivíduo, caso seja inserido no contexto social e ambiental ao qual pertencia antes de sua reclusão, provavelmente retornará a delinquir. Apesar de ter consciência de suas atitudes assumi-Ias e perceber o sofrimento causado em terceiros (passos importantes no processo de ressocialização), percebe-se que todos os crimes cometidos estão diretamente relacionados com a dependência química, fato do qual o periciando não tem autocontrole, haja vista o uso abusivo de bebida alcoólica antes de sua reclusão e o vício no crack após a prisão”, destacaram os profissionais de saúde no documento.
Os psicólogos sugeriram algumas medidas antes da concessão do benefício, como o acompanhamento psicológico de forma regular e frequente, a inclusão em grupos de ajuda tanto para dependentes químicos quanto para abusadores sexuais e a classificação para o estudo. “Tais medidas, caso sem implementadas, oferecerão alicerces nos quais o periciando poderá se apoiar quando estiver em liberdade”, destacaram.
Em 2014, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) manifestou pela progressão de regime de Lázaro, mas sem benefícios externos, como saídas temporárias. “[...] Nesse sentido, registrou-se que o sentenciado ainda não está apto a retornar ao convívio social e que, no momento, o seu grau de periculosidade é alto”, pontuou a promotora. Na Papuda, quando um preso recebe o direito do regime semiaberto, ele cumpre pena no Centro de Progressão Penitenciária (CPP) ou no Centro de Internamento e Reeducação (CIR), recentemente desativado.
Passagem pela Papuda
Na cadeia, Lázaro participou de encontros em grupo sobre temas ligados à Lei Maria da Penha e Estatuto da Criança e do Adolescente; sexualidade e parafilias; estratégias de enfrentamento: assumir, entender, mudar; empatia: colocar-se no lugar da vítima; compreensão de fatores de risco e fatores protetores. Como consta no documento, Lázaro participou de todos os encontros.
Ainda na Papuda, em 2012, Lázaro e outros três presos se juntaram e agrediram um outro detento durante o banho de sol, na Penitenciária do Distrito Federal 2 (PDF 2). Em oitiva, a vítima relatou que sofreu as agressões porque o trio o queria em outro pátio. O preso levou uma gravata no pescoço e, depois, foi levado para o banheiro do pátio, onde foi ferido por socos e pontapés.
Em 2016, Lázaro fugiu do CPP, após não retornar do benefício do saidão da Páscoa. Ele foi recapturado e cumpriu pena entre 7 de março de 2018 e 23 de julho de 2018, quando novamente cometeu fuga do presídio de Águas Lindas de Goiás (GO).
O que é exame criminológico?
“O exame criminológico é realizado a fim de avaliar a personalidade do apenado, se houve arrependimento em relação ao crime que cometeu e eventual possibilidade de reincidir na prática de delitos. Por isso, o exame pode ser utilizado para orientar acerca da impossibilidade do retorno do preso ao convívio social em razão do risco de reiteração na prática de infrações penais”, advogado criminalista Bruno de Oliveira.
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