Calçadas novas e asfalto reformado. São essas as estratégias do Governo do Distrito Federal (GDF) para revitalizar a W3 Sul até o fim deste ano. Avenida de serviço para áreas residenciais e comerciais do Plano Piloto, a W3 Sul já foi uma das áreas de maior potencial comercial da capital federal. Apesar dos problemas, muitas lojas tradicionais resistem ao tempo, ao desgaste e à estrutura já envelhecida. Com as obras, que custarão R$ 18 milhões, a intenção do GDF é retomar a força do comércio local e facilitar a vida de empresários, pedestres e motoristas que passam todos os dias pelo local.
“Por muitos anos, pontos importantes do DF ficaram esquecidos. A revitalização da W3 Sul não é apenas um compromisso nosso com a cidade; vai além da retomada histórica. A avenida é, ainda hoje, uma importante artéria urbana do DF e faz parte do nosso projeto de recuperação de áreas degradadas, como o Setor Hospitalar, o Setor Comercial Sul e o Setor de Rádio e TV Sul. A W3 Sul voltará a ser um importante vetor do nosso comércio a partir desta revitalização, que também está sendo feita na Avenida Hélio Prates, em Ceilândia e Taguatinga, na Avenida dos Pioneiros, no Gama, e na Avenida Paranoá”, destacou o governador Ibaneis Rocha (MDB).
Ao Correio, o presidente da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), Izidio Santos, afirmou que as reformas tocadas em parceria com a Secretaria de Obras do DF devem retomar a potência da avenida — que é uma das mais movimentadas da região central de Brasília. “O objetivo é realmente revitalizar a W3, que é uma importante via do Distrito Federal. Com isso, acreditamos que novos comerciantes virão”, disse.
O representante da Terracap ressaltou o prazo de finalização das obras. “O objetivo é devolver ainda neste ano toda a W3 revitalizada. Junto às obras, foram feitas outras adequações: toda a iluminação da via é de led, foram recuperados pontos de ônibus e alguns estacionamentos. É um conjunto de serviços para dar essa funcionalidade a W3 e W2”, afirmou.
Desde abril de 2019, o local está recebendo melhorias nas vias urbanas e nas calçadas, com nivelamento por meio de piso tátil e rampas a fim de garantir acessibilidade. As empresas contratadas para a reforma são responsáveis por realizar obras nos estacionamentos e nos becos entre os blocos, além de serviços de arborização, paisagismo, pintura, sinalização horizontal e troca da iluminação. Segundo o GDF, mais de 200 empregos foram gerados com as obras.
Izidio Santos também afirmou que a empresa pretende expandir a revitalização para a W3 Norte. “Esses projetos urbanísticos são originados da Seduh (Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação), que já está elaborando os projetos da W3 Norte. Os projetos demandam um tempo para ficarem prontos”, concluiu.
Comércio local
O empresário João Batista, 50 anos, trabalha na W3 Sul há 34 anos. Ele é proprietário de uma loja especializada em manutenção e venda de eletrodomésticos, e enfrenta diariamente os problemas da região. Com calçamento desgastado e asfalto velho, João destacou os transtornos dos comerciantes. “O comércio da W3 está abandonado. Até tem algumas benfeitorias, mas é por parte. São reivindicações que a gente faz há bastante tempo”, afirmou.
O empreendedor relembrou o passado glorioso da via e como a situação mudou por ali. Na avaliação dele, a área está abandonada e sem perspectiva. “Tinha tudo na W3 Sul. Hoje, não mais”, destaca. “Dá para melhorar. Tinha de ter mais segurança. A W2, que é um complemento da W3, deveria ser mais bem iluminada, e tínhamos de revitalizar as marquises. A W3 Sul está feia; ela era muito bonita, eu acho que pode voltar a ser. Depende do governo e um pouco da iniciativa privada também”, ponderou.
O coordenador de vendas Luiz Galdino, 35, trabalha na 503 Sul. Ele destaca os pontos positivos da área. “É uma região bastante interessante, localizada próxima ao grande centro de Brasília e completamente autossuficiente”, disse. Para ele, a W3 Sul carece de reformas estruturais. “[Falta] revitalização e acessibilidade nas calçadas, aumento e revitalização dos estacionamentos, das fachadas das lojas, incentivos para grandes empresas se estabelecerem no local e aumento no policiamento”, destacou.
Desvalorização
Com o passar do tempo, a W3 Sul tornou-se pouco atraente para os investidores do mercado imobiliário. As principais queixas são baixa acessibilidade, falta de segurança, pouco estacionamento e distância entre um comércio e outro.
O presidente Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Distrito Federal (Creci-DF), Geraldo Nascimento, explicou como a região foi impactada negativamente. “Não há posto policial próximo. A população não tem segurança alguma em transitar pela W3. Muitas lojas tradicionais fecharam ou mudaram para shoppings. A gente já não procura mais nada na W3. Aquelas casas tradicionais não existem mais”, lamentou.
Na avaliação do presidente do Creci-DF, o local está abandonado e necessita de mais atenção do poder público. “O investimento lá deixou de ser importante para o investidor do mercado imobiliário”, concluiu Nascimento.