Nesta quarta-feira (30/6), Katia Rosana Zansavio, 54 anos, moradora de Sobradinho e paciente do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), reencontrou Charlote, a cadela de estimação, após 69 dias afastada do pet. As duas, juntas há 14 anos, foram separadas quando Katia foi internada para tratar a covid-19.
"A espera chegou ao fim. Finalmente vou rever minha companheira", disse Katia, minutos antes de reencontrar a cadelinha Charlote, da raça dachshund, conhecida por salsichinha. O encontro foi proporcionado pela equipe de enfermagem do Hospital Regional da Asa Norte que cuidou de cada detalhe, para que o momento ocorresse no estacionamento do Hran com a segurança que o momento de pandemia exige.
“Ela sempre falava da cachorrinha e manifestou o desejo de vê-la. A filha da Katia perguntou se ela queria ver alguém e ela foi enfática: quero ver minha cadela!”, conta a supervisora de enfermagem Fabiane Teixeira.
Charlote foi adotada por Katia quando tinha apenas cinco meses de idade. Já são 14 anos de companheirismo e, ao longo desse tempo, até então elas haviam se separado uma única vez, quando Katia viajou. Segundo ela, Charlote não gostou da situação e quando ela retornou para casa, a cadela demonstrava o descontentamento. A segunda separação ocorreu com a internação na rede pública de saúde.
Para o grande momento aguardado por Katia, a equipe encheu balões e a levou em uma cadeira de rodas para o estacionamento do Hran. Assim que viu a cadela, a emoção tomou conta de todos que estavam próximos.
Participaram do reencontro a filha Amanda Zansavio, 32 anos, o sobrinho André Zansavio, 35, e a equipe de enfermagem do Hran que cuida diariamente de Katia.
“Por tudo que eu via, eu pensava, se eu pegar covid, não vou sobreviver. Deus me deu mais uma chance de seguir o meu caminho e continuar aqui, e viva!”, comemorou a paciente. Katia ainda ficará por mais alguns dias no Hran até se restabelecer e poder voltar para casa. O sentimento de toda a família pela equipe que cuida de Katia é de gratidão e de boas energias na luta diária no enfrentamento à covid-19.
A separação
Em 18 de abril, Katia, que cuida da mãe (85 anos) e do pai (84 anos) de segunda a sexta-feira, começou a sentir os sintomas da covid-19. Segundo ela, no início, parecia uma gripe comum. Era um domingo e ela já se preparava para ir para a casa dos pais.
Na quarta-feira (21/4), os sintomas se manifestaram com mais força. “Fiz um chá para ver se melhorava e não melhorou. Foi quando deixei de sentir cheiro e gosto. Liguei para minha filha que pediu para eu me isolar naquela hora”, relata. No dia seguinte, já isolada em casa, a irmã de Katia a levou para uma clínica, em Sobradinho, para consultar e fazer exames. Na sexta (23), o quadro piorou e a filha de Katia então a levou para fazer mais exames que o médico havia pedido. Fez um RT-PCR para detectar o coronavírus e o resultado foi positivo.
No mesmo dia o quadro piorou e ela foi levada para o Hospital Regional de Sobradinho (HRS), onde foi internada. O quadro estava evoluindo mal e, na manhã seguinte, ela foi intubada. "A equipe do HRS me avisou que precisariam me intubar. Eu já tinha visto outras pessoas serem intubadas, do meu lado, e já imaginava que precisaria também. Eu então concordei, pois queria viver", lembra.
A partir do momento em que foi sedada e intubada, ela se lembra apenas do dia em que acordou, já no Hospital Regional de Samambaia (HRSam), 28 dias após a intubação. "Eu acordei agitada, queria retirar o oxigênio, os fios", recorda. A transferência para o HRSam ocorreu no dia seguinte à intubação no HRS. Em Samambaia, ela permaneceu mais quatro dias após acordar e precisou ser encaminahda ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde permanece internada recebendo assistência multiprofissional para se recuperar e logo poder voltar para casa. Katia faz fisioterapia para recuperar a força dos membros inferiores e melhorar a capacidade pulmonar.
Com informações da Agência Saúde
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