A corrida contra o tempo tem feito parte do dia a dia da pequena Maitê Luíza Martins da Silva, de 13 dias de vida. Diagnosticada com uma má formação no coração, denominada síndrome de hipoplasia do coração esquerdo (SHCE), a pequena depende da autorização do Governo do Distrito Federal para conseguir uma cirurgia de correção que deveria ter sido feita até cinco dias de vida da bebê.. Agora, os pais de Maitê lutam na justiça por uma vaga para a cirurgia da filha.
Durante a gestação, a autônoma Sara Pinheiro da Silva, 20, mãe de Maitê, fez o acompanhamento no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). À poucos dias da chegada da filha, foi encaminhada para o Hospital das Forças Armadas (HFA), sob justificativa médica de que poderia haver algo errado. Através de exames, os médicos identificaram o problema no coração de Maitê. Foi quando os pais souberam que ela precisaria ser internada assim que nascesse poque precisava da cirurgia.
A internação, de acordo com a orientação médica inicial, deveria ser no HFA, uma vez que o HRT não possui estrutura para a complexidade do procedimento. “Na última consulta, a internação de Sara foi feita no HRT. Ao questionar os médicos, Sara recebeu a informação de que a cirurgia da filha seria feita no próprio hospital”, explica Sergio Luís Nery Júnior, advogado da família.
Luta judicial
Após o nascimento, Maitê foi encaminhada para a unidade de terapia intensiva (UTI) do HRT e, cinco dias depois, os pais souberam que a cirurgia não poderia ser feita por falta de condições. Foi quando a família optou em entrar com uma ação judicial, solicitando a cirurgia. “O juiz deu uma liminar obrigando os órgãos a proceder a transferência para o HFA para fazer a cirurgia imediata ou, caso impossibilitado, davam como opção a transferência para um hospital particular, devido à urgência da situação”, ressalta Sérgio.
Até o momento, não houve uma resposta dos órgãos. “Já estivemos no HFA, entregamos a cópia da liminar em ação, eles deram como alternativa, fazer uma permuta, ou seja, transferir uma criança do HFA para o HRT e disponibilizar a vaga para a Maitê. Seria, supostamente, o caminho mais fácil, de acordo com eles”, ressalta o advogado da família. Além disso, Sérgio explica que a família também tentou contato com a Secretaria de Saúde, mas a alegação é “contraditória”. “Dizem que ela é a primeira da fila da faixa vermelha, ai no dia seguinte mandaram a notícia de que ela é terceira. Agora, tornou-se a 13ª”, conta. “A família não quer discutir a indenização após ela falecer, a cada dia que passa a vida dela corre mais risco”, acrescenta.
Dias de luta
O Correio conversou com Sara, mãe de Maitê. À reportagem, ela contou como tem sido os últimos dias: “Era pra ela ter feito a cirurgia com quatro ou cinco dias de vida, e até agora não temos nenhuma resposta. Antes, falaram que na semana que vem ela faria a cirurgia, mas já não é mais o caso. Tem sido cada dia mais complicado”, lamenta a mãe. Com pouca condição financeira, a mãe lamenta a situação: “A gente não estava esperando viver tudo isso. Estamos tirando um pouco de onde não tem e confiando em Deus de que vai dar tudo certo”, acrescenta.
O Correio entrou em contato, também, com a Secretaria de Saúde para cobrar um posicionamento. Em nota, a pasta informou que “a cirurgia da referida paciente já foi autorizada pela regulação para o mês de Julho. O mapa cirúrgico com a data exata do procedimento é de responsabilidade do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF). No momento, a criança segue internada no HRT recebendo cuidados na unidade de cuidado intermediário neonatal (UCIN) enquanto aguarda o procedimento”, ressalta.
A reportagem também tentou contato com o ICDF acerca da data do procedimento, mas até a publicação da matéria não houve resposta. O marceneiro Kesley Jerônimo Martins, 22, pai de Maitê, fez contato com a representante do ICDF, que informou que, a princípio, a criança será convocada para atendimento na próxima semana. Disse ao pai, ainda, que caso consigam levá-la antes, os pais serão avisados.
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