Sete meses após o começo das obras na 404 Sul, Bloco A, onde funcionou a Brace, será aberto ao público, na próxima terça-feira, no Dia de São Pedro, o Manuelzinho Restaurante, uma justa homenagem ao restaurateur português Manuel Pires, 68 anos, cuja personalidade alegre e festiva impregna todos os estabelecimentos pelos quais já passou.
Sempre foi comum se ouvir dizer: “vamos ao Manuelzinho”, quando na verdade, as pessoas iam comer no Antiquarius, primeiro no Rio de Janeiro, depois em Brasília e, nos últimos cinco anos, no Tejo, que funciona na mesma quadra. Ao sair de lá, o profissional lusitano da alta gastronomia recebeu uma proposta irrecusável: ser sócio de um restaurante que tivesse não só a sua cara, mas o nome. A ideia foi de um cliente fiel, Flávio Silva Alves, empresário brasiliense que, há 13 anos, comprou a Potiguar Caldos, em Taguatinga, e transformou a marca em uma rede de restaurantes, com 14 lojas no Distrito Federal e duas em Uberlândia e em Goiânia, no entanto, nenhuma de cozinha portuguesa.
Daí, o encanto de Flávio de buscar a ambientação mais condizente possível com o cardápio. A arquiteta Melina Mello, que assina o projeto de diversas operações da rede Potiguar, se inspirou na claridade dos antigos salões de restaurantes europeus e imprimiu um toque de contemporaneidade, característico da linha original das lojas nas quadras. Isso ficou nítido no mezanino, espécie de salão reservado que contará com um grande televisor para projetar imagens durante reuniões fechadas.
No piso térreo, despontam dois lustres preciosos e antigos completamente restaurados e, nas paredes, três telas em acrílico pintadas à mão pelo artista Ricardo de Deus, sendo que a maior retrata a Pousada Santa Luzia, no Alentejo, onde Manuelzinho, ainda menino, começou a trabalhar aos 11 anos. Aos 19, enamorou-se por Natividade, 65, a eterna companheira e braço direito nos empreendimentos. Os dois formam uma família gastrô, da qual fazem parte o chef de cozinha Custódio Alves, que os acompanha desde o Antiquarius carioca, há mais de 15 anos, e o gerente-geral Jonas Nascimento, que pertenceu à equipe do Antiquarius de São Paulo e do Dali Camões, comandado por Natividade Pires, no Brasil 21.
De dar água na boca
Com 57 anos de carreira, Manuel Pires sabe exatamente qual o prato predileto de cada pessoa que já frequentou sua mesa, que tem sido, ao longo dos anos, muito disputada por profissionais liberais, empresários e políticos de todos os matizes. “Os clientes gostam de comida boa, feita com ingredientes de qualidade, e isso nós sabemos fazer”, pontua ele, que não deixou faltar no cardápio do novo e charmoso estabelecimento o trio que mais arrebata os corações dos amantes da culinária portuguesa: bacalhau ao forno (R$ 149); arroz de pato (R$ 75) e polvo a lagareiro (R$ 149).
Para começar, o bolinho de bacalhau, o croquete de carne e o rissolis de camarão são imbatíveis, sobretudo regados com o azeite extravirgem português disponível na mesa. Há saladas de folhas verdes e duas pastas, mas é a partitura das especialidades a página do cardápio mais tocada. Nela, as notas altas vão para os pratos de camarão ao champanhe (R$ 129); de lulas grelhadas (R$ 79); do picadinho à moda do Rio (R$ 69) e da paleta de cordeiro assada (R$ 116).
Os fãs do cabrito lusitano não perdem por esperar. “Assim que eu conseguir com um produtor de Catalão o fornecimento regular do animal abatido, entrará no cardápio o cabrito assado inteiro, como guisado na cerveja e, ainda, arroz de cabrito com champanhe”, adianta Manuelzinho, que entregou, praticamente, toda a carta de vinhos para a importadora brasiliense. “Com exceção dos tintos Cartuxa e Esporão, 98% vêm da Del Maipo, com destaque para os vinhos do Porto”, revela o gastrônomo especialista. O sommelier Felipe Santos faz sugestão dos rótulos.
Entre as sobremesas, predominam os doces conventuais portugueses e os sorvetes Amor ao Pote, uma grife pertencente ao grupo Potiguar, feita de gelados de frutas, algumas cultivadas na própria fazenda de Flávio Alves.
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