O inverno começou oficialmente à 0h32min de segunda-feira, e moradores do Distrito Federal buscam opções para curtir a estação mais fria do ano, como restaurantes, cinema a céu aberto e parques. Frequentadora do Cine Drive-in — criado em 1975 — há cerca de 30 anos, a servidora pública Andrea Cantieri Taube, 50 anos, moradora do Cruzeiro Novo, conta que, sempre que pode, leva os filhos e os amigos para ver algum filme.
“Nesta pandemia, costumo ir de duas a três vezes por mês para lá. Já cheguei a ir de pijama assistir a um filme. Fui, pedi lanche e voltei para casa. Não tem coisa melhor do que ir sem trocar de roupa. Quando vou, tenho sempre um cobertor no banco traseiro do meu carro. É um lugar em que eu me sinto em casa, com ambiente familiar. Levo os meus dois filhos, o Gabriel, de 23, e a Ana Carolina, de 15, que combinam com os amigos deles. A gente faz um piquenique com um lençol no chão”, detalha Andrea.
A servidora pública afirma que confia nos protocolos sanitários do Cine Drive-in, o único em funcionamento no país. “Não estou trancada em casa, mas tenho saído para lugares com segurança. No cinema fechado, eu não vou. Ando mais em parques abertos para caminhar em área verde. Continuo me preservando e vou em lugares onde tenha distanciamento e segurança. No Cine Drive-in, sempre tenho máscara no carro e álcool em gel 70% na minha bolsa. A organização deles é fantástica, porque estão fazendo o distanciamento de dois metros, com uma vaga com carro e outra sem. Está todo mundo de máscara. O pessoal é muito rigoroso. Por frequentar há muitos anos, já fui à cozinha, que é totalmente organizada. O pessoal fica de touca e luva, o que me deixa confortável para comer os alimentos. Se todo mundo fizer a sua parte, dá para curtir o inverno com segurança”, destaca.
Dona do Cine Drive-in, Marta Fagundes, 61, ressalta que o movimento no local cresceu 30%, em relação ao primeiro trimestre de 2021. Nesta pandemia, ela reduziu pela metade a quantidade de vagas disponíveis, de 400 para 200. “Sempre temos uma boa procura. As pessoas ainda trazem coberta, travesseiro, edredom e ficam no porta-malas dos carros. Com o filme Cruella, fiquei quatro semanas com os sábados com sessões lotadas. Estamos com essa capacidade pela metade, mas o movimento segue bom”, comemora.
Preocupada com as medidas de segurança contra o novo coronavírus, Marta explica que o cardápio possui um QR Code para a pessoa fazer o pedido do próprio carro. “Esse pedido sai da lanchonete, e o garçom não tem mais contato com o cliente, como era antes (da pandemia). Todos os lanches vão enrolados, em sacolas de entrega. Passamos álcool 70% em todas as bebidas antes de entregar aos clientes. Os funcionários usam máscara, touca e sabonete sanitizante para a lavagem das mãos. Temos desde batata frita, pipoca, refrigerantes, suco até bolinho de bacalhau. A gente só oferece lanche rápido que facilite a entrega para a pessoa que está assistindo ao filme”, revela a proprietária do Cine Drive-in.
O comerciante Lindoval Oliveira da Silva, 51, morador do Setor O é dono do restaurante Caldo Verde, em Ceilândia Norte, há 10 anos. Com metade das mesas disponíveis para os clientes — nove — em respeito às normas sanitárias do Governo do Distrito Federal (GDF), ele costuma receber casais e famílias. “Eles vêm para comer mais os três tópicos que vendo. São basicamente bufê de caldos, arroz com carne de sol, feijão com legumes, torresmo e temos galinha e arroz caipira. Também trabalhamos com macarrão. Os clientes podem montar o prato, que é pesado na hora”, enumera.
Lindoval conta que o restaurante adota os principais cuidados contra a transmissão do novo coronavírus. “A gente tem álcool em gel, luva descartável para os clientes e mesas com distanciamento de 2 metros uma das outras. Temos algumas placas com aviso do uso obrigatório de máscara. O movimento não voltou ao normal, como antes da pandemia. Neste ano, fiquei fechado quase 50 dias, durante os últimos decretos de funcionamento do comércio. Mas espero melhorar as vendas neste período”, diz.
A estudante de Comunicação Social Millena Gomes, 21, confessa que o inverno não é a sua estação favorita. Ela prefere um clima mais quente. Nesta época, a universitária diz que vai ficar em casa, bem agasalhada e assistir a filmes e séries. Millena quer aproveitar o tempo em que pode ficar em casa, também, para ler e atualizar sua página nas redes sociais sobre livros, “com a companhia de um chocolate quente”, completa a moradora do Recanto das Emas.
A jovem conta que não vê muita atração nesta época do ano em Brasília e, quando tem, não chega a ser tão acessível. Millena admite que, quando bate uma vontade de sair de casa, ela dá preferência ao Cine Drive-in. “Aproveitar a grande vantagem de poder olhar para o céu e estar aquecida no carro tomando um chocolate quente”, descreve.
Festival no Pontão
Para marcar a chegada do inverno em Brasília, a 10ª edição do Festival de Inverno do Pontão celebra a gastronomia e o artesanato do DF a partir de hoje. O evento segue até 25 de julho. Restaurantes e quiosques do complexo oferecem um menu inspirado na estação mais fria do ano.
Segundo a administradora do Pontão do Lago Sul, Sandra Campos, o festival é uma tradição muito aguardada. De acordo com ela, a gastronomia ganhou mais força mediante as dificuldades trazidas com a pandemia. “Nossas casas se reinventaram com a utilização de drive-thru e take-out. Teremos álcool em gel nas mesas, tapete sanitizantes na entrada dos restaurantes, aferição de temperatura, mesas ao ar livre com distanciamento social e obrigatoriedade de uso de máscara em todo o complexo”, acrescenta.
Estreante no festival, o restaurante Same Same, localizado na Quadra 711 Norte, abriu as portas em meio à pandemia, em outubro de 2020, e vai aproveitar o evento para divulgar o cardápio e a casa. “A vacinação começou, e as pessoas estão voltando a sair, essa é a oportunidade que temos de, realmente, mostrar o nosso trabalho ao público, porque o festival está trazendo essa oportunidade para nós”, disse a engenheira de menu do restaurante, Raquel Siqueira.
O Same Same apresentará, no festival, comida asiática de rua. O cardápio inclui entrada de trouxinhas de vegetais fritas, servidas ao molho da casa, arroz frito tailandês de porco com abacaxi, como prato principal, e as opções vegana, com cogumelo e abacaxi, e vegetariana, de cogumelo, ovo e abacaxi.
O Festival de Inverno vai arrecadar doações em dinheiro. O valor será destinado aos programas de fomento e capacitação do artesanato local desenvolvido pela Secretaria do Turismo do DF. A entrega deverá ser feita nos restaurantes ou nos quiosques, e o público receberá, em troca, brindes — uma tábua rústica de eucalipto (madeira de reflorestamento) hidratada com óleo mineral e finalizada com cera de abelha assinada pelo designer Jader Rodrigues ou uma faca de queijo, respectivamente.
*Estagiária sob a supervisão de Guilherme Marinho
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