Violência

Mãe de Letícia Curado pede justiça durante julgamento de Marinésio

Tribunal do Juri de Planaltina analisa o caso da morte de advogada. Nove testemunhas compareceram pela manhã

Rafaela Martins
postado em 21/06/2021 17:37 / atualizado em 21/06/2021 17:38
Mãe de Letícia Curado, Kênia Sousa, acompanhou o julgamento de Marinésio Olinto, que começou às 9h, desta segunda-feira (21/6). -  (crédito: Rafaela Martins/CB/DA Press)
Mãe de Letícia Curado, Kênia Sousa, acompanhou o julgamento de Marinésio Olinto, que começou às 9h, desta segunda-feira (21/6). - (crédito: Rafaela Martins/CB/DA Press)

A mãe de Letícia Curado, Kênia Sousa, acompanhou o julgamento de Marinésio Olinto, que começou às 9h, desta segunda-feira (21/6). Muito abalada e com a foto da filha nas mãos, a mulher diz que espera justiça. “Eu morri junto com minha filha, e até hoje não sei encontrar meu espaço neste mundo sem Leticia. Ela é minha razão de viver. A dor que eu tenho só não é maior do que o amor que tenho por ela”, lamentou.

Pela manhã, nove testemunhas de defesa e acusação prestaram depoimento. A definição de culpa ou absolvição do réu confesso pelo feminicídio da advogada Letícia será proferida pelo Tribunal do Júri de Planaltina, ainda nesta segunda (21/6). Marinésio é acusado de homicídio quintuplamente qualificado. Às 14h15 o acusado foi interrogado, e debates aconteceram no plenário durante a tarde.

Por se tratar de violência contra a mulher, o caso tramita em segredo de justiça e, por isso, a sessão de julgamento está restrita. A representante do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) será a promotora Nathália da Silva. A previsão é de que a sentença seja determinada no fim da tarde.

Advogado do acusado, Marcos Fernandes contou que a justiça prevalecerá. “A defesa entende que a pena deve chegar aos 20 e poucos anos, metade do que a acusação pede. Mas, essa é a pena justa, para o caso completo”, diz o advogado. Além disso, a defesa do homem espera absolve-lo dos crimes de furto, feminicídio e tentativa de estupro.

O defensor afirmou que o acusado mantém uma postura de arrependimento e que não lembra dos fatos de modo completo. O advogado Marcos Fernandes fará, ainda, a defesa de Marinésio no caso Genir. “O caso Genir é mais emblemático. Segundo Marinésio, a polícia acabou acusando ele, e ele confessou por pressão. Três meses após a prisão do mesmo, ele assumiu que não fez nada à vítima, porém, confessou por receio da polícia fazer algo com sua família”, relatou o advogado de defesa.

Mais uma vítima

Em frente ao fórum de Planaltina, outra vítima de Marinésio se fez presente. Kevelyn Kassio, 19 anos, não escapou das maldades do acusado. Ela conta que estava pronta para trabalhar naquele dia, mas não conseguiu chegar. Marinésio abordou a jovem com uma faca e a obrigou a entrar no carr. Na época, ela tinha 17 anos. Quando chegou em uma região de mata no Itapoã, ele a estuprou. “Quando acordei, estava nua e sozinha. Ele me deixou jogada lá. Não consegui falar sobre isso com ninguém no dia, só depois de três meses”, explicou .

Kevelyn estava com olhos marejados e voz trêmula enquanto aguardava por notícias. Mesmo assim, ela declarou que clama por justiça e que estará ali para apoiar a família de Letícia e de outras vítimas. Traumatizada, a jovem desenvolveu depressão. Ela se mutilava e chegou a tentar suicídio. Os pais de Kevelyn estavam na parte de fora do tribunal com a filha. Além deles, duas tias de Letícia aguardavam o fim do julgamento pela manhã.


Relembre o caso

Em 23 de agosto de 2019, a advogada Letícia Curado esperava o ônibus em uma parada entre o Vale do Amanhecer e a DF-230, em Planaltina. Ela estava a caminho do trabalho, no Ministério da Educação (MEC), órgão no qual era servidora. Porém, ela não chegaria ao destino. Marinésio passou de carro pela parada e ofereceu uma carona à jovem. Dentro do veículo, ele tentou estuprá-la, mas Letícia reagiu. Diante da reação, o homem a estrangulou e ela morreu asfixiada. Letícia deixou o marido e um filho, hoje com cinco anos.

Logo após, Marinésio escondeu o corpo da vítima dentro de uma manilha e roubou pertences como uma nécessaire, um relógio e um pendrive. Os objetos foram encontrados dentro do automóvel quando ele foi preso em flagrante. Por isso, além do homicídio, ele também responde pelos crimes de tentativa de estupro, furto e ocultação de cadáver. À polícia, ele confessou que já conhecia Letícia, pois pegou o mesmo ônibus que ela para o Plano Piloto em outra ocasião, e deu detalhes do assassinato.

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