CHACINA DO INCRA 9

Caso Lázaro: relembre todos os passos dados pelo criminoso até agora

Em 9 de junho, Lázaro se tornou suspeito de um triplo homicídio no Incra 9. Quase uma semana depois, ele é procurado por quatro assassinatos, três tentativas de homicídio e diversas invasões

Talita de Souza
postado em 14/06/2021 23:07 / atualizado em 14/06/2021 23:10
 (crédito: Polícia Civil/Divulgação)
(crédito: Polícia Civil/Divulgação)

Quatro assassinatos, três tentativas de homicídio, três invasões e dois incêndios: a extensa lista de crimes feitos por Lázaro Barbosa desde a última quarta-feira (9/6) o colocou como o homem mais procurado do Distrito Federal e de Goiás atualmente. Na ocasião, o criminoso de 33 anos foi apontado pela Polícia Civil como autor de um triplo homicídio no Incra 9.

Agora, são mais de 200 policiais de diversas forças militares empenhados nas buscas do criminoso. Até a noite desta segunda-feira (14/6), o suspeito permanece foragido, após desaparecer ao entrar em uma mata fechada próxima à BR-070, na altura de Edilândia (GO). Lázaro abandonou o veículo que usava, roubado da última chácara que invadiu em Cocalzinho, após avistar uma viatura. Desde então, os policiais que participam da missão o procuram; cães farejadores, helicópteros e drones são usados na busca. Segundo as últimas informações do caso, o criminoso trocou tiros com um caseiro de chácara localizada em Edilândia (GO). Aos policiais, a vítima disse que Lázaro ficou ferido.

Confira abaixo o perfil do criminoso e os ocorridos dos últimos seis dias de busca:

Quem é Lázaro Barbosa, autor dos crimes

Lázaro Barbosa Sousa, 33 anos, tem um rastro de terror na história dele. Baiano, os pais de Lázaro moram em Girassol (GO), mas estão separados há mais de 20 anos. De acordo com dados obtidos pelo Correio, o divórcio ocorreu porque o pai era alcoólatra e agredia fisicamente a esposa e os filhos. O suspeito tem passagens em orfanatos, fugas de casa, interrupção no aprendizado, instabilidade profissional, além de uso de drogas e álcool.

Em 2007, ele fugiu da cadeia 10 dias depois de se entregar e confessar um duplo homicídio em Barra do Mendes, na Bahia.

Em 2013, ele foi detido no Complexo Penitenciário da Papuda, local em que um laudo psicológico do criminoso foi feito. O documento revelou que Lázaro é uma pessoa agressiva, impulsiva, instável e com “preocupações sexuais”. O laudo feito quando ele tinha 26 anos mostra que ele pode ter possibilidade de ruptura do equilíbrio.

Já em 2015, o suspeito perdeu o irmão, aos 18 anos, em um caso de homicídio. Desde a morte, o pai de Lázaro não vê o filho e a mãe afirma que não tem notícias dele. Um ano depois, em 2016, ele foi solto.

Em abril de 2020, após invadir uma chácara próxima a Santo Antônio do Descoberto (GO) e fazer quatro idosos reféns, ele teria desferido uma machadada na cabeça de um dos cativos. O homem não morreu, mas ficou com sequelas após a agressão.

Em 17 de maio, ele invadiu outra chácara, próximo ao da família assassinada. Nela, ele amarrou as vítimas e as ameaçou com revólver e faca, obrigou todos a ficarem nus e as moças da família a cozinharem para ele.

Já em 26 de abril, Lázaro cometeu estupro e roubo contra uma mulher que abordou na rua. O caso é investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

Há ainda dois mandados condenatórios por roubo qualificado cometidos no DF. "É um criminoso de alta periculosidade", pontuou o delegado à frente do caso, Raphael Seixas, chefe da 24ª Delegacia de Polícia (Setor O).

Seis dias de terror

Relembre os acontecimentos na quase uma semana de buscas à Lázaro Barbosa, responsável pelo terror no Incra 9 e na cidade goiana de Cocalzinho:

9 de junho

Triplo homicídio
Em 9 de junho, o Incra 9 amanheceu com uma notícia que seria apenas o início do terror que assolaria o local: a morte de três homens e o desaparecimento de uma mulher. O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) foi acionado, na madrugada daquela quarta-feira (9/6), para atender uma ocorrência de agressão física com uso de arma branca (faca), no entanto encontrou um triplo homicídio. O empresário Cláudio Vidal de Oliveira, 48 anos, e os filhos dele, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15, eram as vítimas.

Familiares informaram que a esposa e mãe da família, Cleonice Marques, 43, não estava no local. De acordo com o cunhado, Cleonice o telefonou, por volta das 2h, para pedir ajuda pois um homem estava arrombando a porta da casa da família. Ao chegar no local, antes do Corpo de Bombeiros, o cunhado ouviu de Cláudio que o autor do crime levou Cleonice. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) assumiu o caso e, a partir desse momento, a busca que completa seis dias começou.

Identidade revelada
No fim da tarde do dia dos assassinatos, em 9 de junho, a PCDF divulgou a foto de Lázaro Barbosa Sousa e o confirmou como suspeito de cometer os crimes em Ceilândia Norte. A descoberta foi feita a partir de impressões digitais encontradas na chácara. Com a identidade, a ficha de Lázaro foi levantada, com um histórico recente de agressões.

Em 17 de maio, ele invadiu outra chácara, próximo ao da família assassinada. Nela, ele amarrou as vítimas e as ameaçou com revólver e faca, obrigou todos a ficarem nus e as moças da família a cozinharem para ele.

Já em 26 de abril, Lázaro cometeu estupro e roubo contra uma mulher que abordou na rua. O caso é investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

10 de junho

Nova invasão e primeira confissão
As buscas por Cleonice já completavam 24h quando a PCDF descobriu outra invasão em uma chácara próximo ao local onde a empresária foi sequestrada. Lázaro foi reconhecido pela nova vítima, Silvia Campos de Oliveira, 40 anos. Durante três horas da tarde de quinta-feira (10/6), ela, o caseiro, identificado como Anderson, 18, foram mantidos como reféns.

De acordo com relato da mãe de Anderson, Antônia Fernandes, 51, Lázaro encontrou o caseiro primeiro e disse que não ia fazer nada, contanto que ninguém reagisse. Em seguida, “colocou uma máscara de criança e mandou chamar quem estava dentro de casa”.

Para a dona da chácara, Sílvia, o criminoso confessou ter matado a família Vidal, mas disse que não estava só. Além disso, repetia frases soltas, como “se matarem minha filha, eu vou matar todo mundo da região”.

Lázaro ameaçou Silva com uma arma de fogo, roubou R$ 200 e um casaco preto, além de pedir comida. Antônia, mãe do caseiro da chácara, conta que Lázaro obrigou o filho e a dona da chácara, Sílvia, a fumarem maconha.

Neste dia, a PCDF e a Polícia Militar do DF encerram o primeiro dia de buscas por Cleonice.

11 de junho

Roubo e incêndio de carro: Lázaro chega a Cocalzinho
A busca por Lázaro e Cleonice ultrapassaram a fronteira do Distrito Federal na madrugada de sexta-feira (11/6). O suspeito invadiu uma chácara em Ceilândia por volta das 20h, fez o caseiro de refém e roubou um veículo, um Palio branco, que usou para se dirigir até Cocalzinho de Goiás (GO), às 3h30. Lá, na BR-070, Lázaro incendiou o carro.

O comandante do Batalhão da cidade, o tenente Gerson de Paula, afirmou ao Correio que o suspeito foi buscado por um colega na rodovia. Ainda disse que esse motorista foi ouvido. Durante toda sexta-feira, cerca de 80 policiais civis e militares do DF e Entorno, auditores fiscais e rodoviários federais estavam no município goiano para encontrar Lázaro.

No entanto, as buscas não foram bem sucedidas.

12 de junho

Cleonice é encontrada por familiares e vizinhos sem vida


O terceiro dia de buscas pelo criminoso e pela empresária Cleonice começou intenso, era sábado, 12 de junho. Juntaram-se às buscas os vizinhos e familiares da vítima que, separados da força policial, começaram a procurá-la em chácaras e no matagal perto do Incra 9.

Por volta de 12h daquele dia, o grupo encontrou o corpo de uma mulher em um córrego do local. O cadáver estava nu e de bruços. A identidade foi confirmada pelo irmão de Cleonice, Ivan Rodrigues, 60 anos, presente no local. “Era minha irmã. Ela estava com um hematoma na parte de trás da perna direita e com pouco cabelo. Eu não sei o que esse homem fez com ela, mas foi muita maldade”, relatou Ivan ao Correio.

Um dos vizinhos, Cláudio, relatou o cenário em que Cleonice foi encontrada. “Ao redor, tinha várias camisinhas, uma barraca que, supostamente, o homem ficou escondido aqui. Foi terrível”, disse.

Sábado de terror em Cocalzinho: Lázaro invade chácara, baleia três e incendeia residência


Enquanto a família de Cleonice descobriam que nunca mais a veriam com vida novamente, Lázaro invadia outra chácara, desta vez em Cocalzinho de Goiás (GO), local em que ele incendiou o carro no dia anterior.

Durante toda tarde, o criminoso manteve como refém o caseiro da residência, próximo à Lagoa Samuel, o obrigou a cozinhar e a fumar maconha. Lá, o suspeito ingeriu bebida alcóolica, depredou o carro do refém e cortou os fios de wi-fi do local. O local pertence a uma soldado da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).

Depois, Lázaro invadiu outra chácara, por volta das 19h, e baleou três homens. Ao Correio, uma das vítimas informou que ele “chegou atirando”. A vítima estava com dois amigos, que ficaram feridos e em estado grave. Além da agressão, o criminoso roubou duas armas e munições.

Com quatro assassinatos e três tentativas de homicídio, Lázaro inseriu um novo crime na ficha: ateou fogo em uma chácara. O fato ocorreu ainda na noite de sábado, por volta das 23h30 e a vítima, dona do local, afirmou que Lázaro foi o autor do ataque. Ninguém ficou ferido.

13 de junho

Bope e Polícia Federal se juntam às buscas


Na madrugada de domingo, equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Polícia Federal (PF) chegaram a Cocalzinho para auxiliar nas buscas por Lázaro. Antes da chegada do reforço, os policiais civis e militares do DF e de Goiás montaram pontos de bloqueio pela BR-070, abordaram carros, entraram em matas, chácaras e utilizaram drones para encontrar o criminoso. Juntas, as forças policiais somavam 200 soldados em campo.

Por volta das 8h, três caseiros de uma chácara do município goiano relataram aos policiais que viram Lázaro próximo à porteira do local que asseguram. Assustado com os facões e foices nas mãos dos homens, o criminoso fugiu, entrou em uma mata fechada próxima ao local e desapareceu.

Suspeito fura cerco policial e foge, de novo


Na tarde de domingo (13/6), o dono de uma chácara da região de Cocalzinho (GO) denunciou aos policiais o roubo de um carro, um corsa vermelho, e uma invasão. O chacareiro não estava no local.

A partir desta informação, os policiais começaram a busca pelo veículo vermelho, que encontraram por volta das 18h30, perto de Edilândia (GO). O automóvel foi abandonado, na beira da estrada, antes de encontrar uma viatura da polícia. Cães farejadores foram incubidos de encontrar Lázaro na mata perto do local.

14 de junho

O sexto dia de buscas por Lázaro começou como o primeiro: sem pistas do suspeito. Mas, após um dia de procura, por volta das 20h, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) fez um novo cerco ao suspeito de cometer a chacina que aterrorizou o DF, Lázaro Barbosa de Sousa, 33 anos. Segundo informações da corporação, o criminoso trocou tiros com um caseiro de chácara localizada em Edilândia (GO). Aos policiais, a vítima disse que Lázaro ficou ferido.

A ação conta com soldados da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), da Polícia Militar (PMDF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Federal (PF), além de policiais do Goiás. Os policiais fecharam parte da rodovia KM 56 por mais de duas horas. Até o momento não há notícias sobre o paradeiro de Lázaro, no entanto, o major da Polícia Militar de Goiás (PMGO) afirmou que as forças policiais só sairão da rodovia quando Lázaro for capturado.

Enquanto isso, moradores e comerciantes de Edilândia vivem momentos de tensão. Famílias inteiras têm deixado residências;donos de lojas afirmam ter receio em abrir. O restaurante self-service de Leandro Santos, 31 anos, que só abriu as portas a pedido dos policiais. "É aterrorizante, está todo mundo com medo desse cara", diz Leandro. "Nem dormi essa noite, não tenho nem um estilingue em casa".

 

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