Após a chegada de mais 47,2 mil imunizantes contra a covid-19 e o remanejamento de doses, o Governo do Distrito Federal vai abrir mais uma etapa de agendamento para a população em geral. A partir das 14h de hoje, as pessoas com 55 a 57 anos, público estimado em 43 mil brasilienses, poderão acessar o site vacina.saude.df.gov.br e escolher o local, a data e o horário da aplicação da primeira dose, que ocorre a partir de segunda-feira. O governo local aguarda 36,2 mil unidades da Janssen, vacina da Johnson & Johnson, para finalizar a imunização dos profissionais de educação e autorizar o retorno das aulas na modalidade presencial. Apesar das ampliações, o GDF segue sem um calendário fixo para a campanha.
O número de pessoas do novo público alvo exclui aqueles que já receberam a vacina, seja por terem comorbidade, seja pela categoria profissional. Ao todo, serão 65 mil vagas abertas e o atendimento começa na próxima segunda-feira, pois as pessoas com 58 e 59 anos também poderão agendar. O prazo de três dias para o cadastro da população em geral segue valendo, assim como o limite de cinco dias para quem perder a data marcada buscar a imunização. Além disso, segundo o secretário-chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, outros grupos serão atendidos com doses que estão disponíveis na Rede Central de Frio.
A medida visa a acelerar o andamento da campanha no DF. Apesar disso, o GDF segue sem divulgar um calendário prévio. “A vacinação não depende somente do Governo do DF, depende da chegada de vacinas. Então, só vamos divulgar quando tivermos certeza da data. É uma posição conservadora para termos transparência maior com a população”, justificou o secretário durante coletiva no Palácio do Buriti ontem. Além disso, ele garantiu que a capital federal não vai usar doses armazenadas para D2 (segunda dose) como D1 (primeira dose). O governador Ibaneis Rocha (MDB) reforçou, em entrevista ao Correio, que há, sim, um calendário, que não será divulgado pela dependência das ações do ministério.
O secretário-chefe da Casa Civil ainda afirmou que a vacinação na capital federal está funcionando, pois as doses estão chegando aos postos. “O governo tem de fazer a vacina chegar nos pontos de vacinação, tem que reduzir a idade, mas não pode obrigar que as pessoas se vacinem”, completou. “O que pode ser feito é o que está sendo feito”, reforçou Gustavo Rocha, referindo-se ao remanejamento de doses entre os públicos.
Pouco movimento
Apesar das afirmações do secretário, ontem, os postos de vacinação do Plano Piloto registraram movimentação fraca ao longo da manhã. Na UBS 13, na 114/115 Norte, as cadeiras colocadas para as pessoas sentarem enquanto esperavam estavam vazias. Quem chegava ia direto para a mesa receber a dose da vacina. No drive-thru do Parque da Cidade, o fluxo estava tranquilo. O tempo de espera era, em média, de cinco minutos ou menos. De acordo com funcionários da Secretaria de Saúde ouvidos pelo Correio, o agendamento da faixa etária de 58 e 59 anos e dos grupos etários tem facilitado na organização para evitar filas. Porém a adesão da população com comorbidade diminuiu na última semana.
Moradora da Asa Sul, a servidora pública Maria Aparecida Cardoso da Silva, 59 anos, garantiu a primeira dose da vacina. “Que Deus permita que toda a população tenha a mesma felicidade de receber a vacina, como eu. É um momento muito esperado”, conta. O namorado dela internado em estado grave pela doença.
Neviton Meireles, 39, secretário escolar de uma escola infantil em Santa Maria, comemora a imunização. “Esse momento é muito importante, estamos há muito tempo aguardando por essa vacina. Nós, que trabalhamos com pessoas, precisamos dessa imunização e desse retorno presencial”, afirma o morador de Luziânia. “O que gostaria de ressaltar é que quem puder tomar a vacina, que se vacine, pois ela salva vidas”, destacou.
Até o momento, segundo dados da Secretaria de Saúde, o DF recebeu 1,3 milhão de doses de imunizantes e aplicou 1 milhão, sendo 735 mil como D1 (primeira dose) e 326,9 mil como D2 (segunda dose). Ontem, foram realizadas 14.382 primeiras aplicações e 204 reforços. Na Rede Central de Frio há 107.502 doses para D1 e 98.710 para D2.
Educação
Para imunizar os profissionais da educação da rede pública, serão destinadas 34 mil doses da Janssen — que chegam ao DF entre domingo e a terça-feira. A princípio, essas doses, que funcionam com aplicação única, serão utilizadas em funcionários que atuam na rede pública para que seja possível autorizar o retorno das aulas presenciais em agosto. Além disso, como as doses da Janssen chegaram próximas à data de validade de 27 de junho, a Secretaria de Saúde pretende montar uma “operação de guerra” para atender esse público. “A gente tem que vacinar todo esse público até esta data. O secretário Leandro Cruz (da Educação) encaminhará uma lista (com nomes dos profissionais) de acordo com as escolas para que a Secretaria de Saúde possa fazer a vacinação em inúmeros postos”, disse o secretário Gustavo Rocha.
Segundo a Secretaria de Educação, o início da operação será na próxima quarta-feira e seguirá até 23 de junho. O procedimento para a convocação dos profissionais será o mesmo adotado até agora. As escolas avisarão por e-mail a data e o local. A lista com o nome dos aptos para a vacinação será publicada no site da pasta.
Nas últimas 24h, o DF registrou 631 novos casos e 30 mortes por covid-19. De acordo com os dados do último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, divulgado ontem, o total de infecções confirmadas desde o início da pandemia chegou a 414 mil e o de óbitos a 8.898. A taxa de transmissão segue em 1.
Bancários
O governador Ibaneis Rocha (MDB) acatou o pedido do Sindicato dos Bancários e decidiu incluir a categoria entre as prioridades na vacinação contra a covid-19. Ibaneis recebeu, no gabinete, o presidente do Sindicato dos Bancários, Kleytton Guimarães Morais, ao lado das deputadas federais Celina Leão (PP-DF) e Érika Kokay (PT-DF). Ele se comprometeu a abrir o agendamento dos bancários depois da imunização dos professores. Segundo dados da entidade, há, no DF, aproximadamente 46,7 mil trabalhadores do sistema financeiro, dos quais 27,5 mil são empregados de bancos ou cooperativas e 11,5 mil trabalham em agências com atendimento ao público.
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Telemedicina para todas as especialidades
Muita coisa mudou desde que foi declarada a pandemia no início de 2020, uma delas é a maneira como a telemedicina passou a ser vista. Em abril do ano passado, uma lei federal permitiu que o método fosse usado como recurso contra a covid-19 no Brasil. O ginecologista e coordenador clínico do projeto Eu Saúde, Ricardo Cabral, falou sobre o assunto, ontem, em entrevista à jornalista Jéssica Eufrásio no CB.Saúde, parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília. Ele defende o uso da tecnologia e das consultas remotas para todas as especialidades. “O que diminui o contato com o paciente é o jeito de ser do profissional, não está associado com a tecnologia ou a falta dela”, afirma.
Ricardo argumenta que não há uma lista formal de quais serviços podem ser atendidos pela telemedicina, mas cita exemplos. “A especialidade que vai atender é sempre uma resposta à queixa que veio do nosso paciente. Ela funciona muito bem: em queixas pediátricas; queixas dermatológicas que forem passíveis de avaliação só visual; funciona muito bem nas queixas psíquicas; as queixas pneumológicas, a observação inicial”, diz.
O especialista ainda defende que o tipo de atendimento a distância não atrapalha nem piora a interação e relação entre médico e paciente. “Sinceramente, não atrapalha. O que atrapalha é a gente querer ou não estabelecer uma boa relação. Não é o fato de eu estar aqui com o computador que eu vou diminuir meu olhar para o paciente. É meu jeito de cuidar, minha personalidade, eu olho menos, mas nunca foi o computador que atrapalhou, é muito mais o perfil”, argumenta.