CHACINA

Polícia entra em segundo dia de buscas por mulher sequestrada em Ceilândia

Um homem de 33 anos entrou em uma casa no Incra 9, nessa quarta-feira (9/6), e deixou três pessoas mortas. Entre as vítimas estão Cláudio Vidal e os dois filhos dele. Polícia procura a mulher do empresário, Cleonice, provavelmente sequestrada pelo autor do crime

Darcianne Diogo
postado em 10/06/2021 06:00
Após matar três pessoas na Fazenda Vidal, o suspeito Lázaro Barbosa (foto menor), sumiu com uma das moradoras da casa; buscas duraram todo o dia -  (crédito: Darcianne Diogo/CB/D.A Press)
Após matar três pessoas na Fazenda Vidal, o suspeito Lázaro Barbosa (foto menor), sumiu com uma das moradoras da casa; buscas duraram todo o dia - (crédito: Darcianne Diogo/CB/D.A Press)

As forças de segurança do Distrito Federal deram início a uma intensa busca pela empresária Cleonice Marques, 43 anos, desaparecida desde a madrugada de quarta-feira (9/6), quando teve a casa invadida, segundo a polícia, por Lázaro Barbosa Sousa, 33. Procurado, ele seria o responsável pelo assassinato do empresário Cláudio Vidal, 48, marido de Cleonice, e dos dois filhos do casal — Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15. Os três foram encontrados mortos dentro de casa, na Fazenda Vidal, no Incra 9, em Ceilândia Norte. Os investigadores não descartam a possibilidade de outras pessoas terem participado do crime.

A ação ocorreu por volta das 2h, quando o suspeito arrombou a porta da casa da família. Cleonice estava acordada e, assustada, ligou para o irmão, a quem pediu socorro. A chamada não levou um minuto. Em voz baixa, a empresária disse: “Estão invadindo minha casa. Chama a polícia”. Em seguida, a ligação caiu. Com uma arma de fogo e uma faca, Lázaro abordou a família e os obrigou a tirar as roupas.

O delegado-chefe da 24ª Delegacia de Polícia (Setor O), Raphael Seixas, afirmou que apura o caso como homicídio. “Ao que tudo indica, não houve latrocínio. O autor não levou nenhum pertence (das vítimas). Na casa, havia dinheiro e um carro. Uma das possibilidades é que tenha havido reação por parte da família, porque o filho mais velho levou um tiro”, disse. Os demais foram mortos a facadas, segundo o investigador.

O irmão de Cleonice, que não teve o nome divulgado, chegou em menos de 10 minutos à casa e encontrou uma cena de terror. Os corpos de Gustavo e Carlos Eduardo estavam em um dos quartos do imóvel, e a mãe deles não estava no local. Também ferido, Cláudio alertou o cunhado: “Age rápido, porque levaram a Cleonice”. Segundos depois, o empresário não resistiu e morreu.

Mobilização

A família administrava uma floricultura, em frente à casa em que moravam. Nas redes sociais, conhecidos das vítimas divulgaram postagens com pedidos de ajuda para descobrir o paradeiro de Cleonice, e as forças de segurança do DF se mobilizaram em uma megaoperação. Os trabalhos contaram com a participação de delegados, agentes da Divisão de Repressão ao Sequestro (DRS) da Polícia Civil, policiais rodoviários federais, Corpo de Bombeiros e policiais militares de diferentes batalhões. Até o fechamento desta edição, a empresária não havia sido encontrada.

Policiais militares do Batalhão Rural chegaram ao local do crime por volta das 2h40. Inicialmente, a ocorrência tratava-se de roubo, mas a equipe encontrou outro cenário. “Uma cena desagradável. Desde então, nossos policiais se deslocaram para cá (Incra 9) e passamos a fazer rondas em vários pontos, na tentativa de localizar a senhora (Cleonice). A princípio, a única rota que ele (Lázaro) poderia ter seguido é o matagal”, comentou o major Adauton Santana, comandante do grupo.

Devido a marcas de impressões digitais deixadas em uma das janelas da casa e identificadas pela perícia, os investigadores conseguiram chegar ao nome de Lázaro, considerado o principal suspeito. “Ele já morou no Sol Nascente, mas fica mais na rua do que em um endereço fixo”, afirmou o delegado Raphael Seixas. Familiares da empresária entregaram aos policiais uma jaqueta e uma blusa de Cleonice. Os itens foram usados para rastreio de cães farejadores.

Ficha criminal

Lázaro Barbosa é natural de Barra do Mendes (BA). Contra ele, há um mandado de prisão em aberto, emitido pela Justiça da Bahia por homicídio qualificado. Além disso, ele acumula duas condenações não cumpridas por roubos qualificados cometidos no DF. Considerado de alta periculosidade, o acusado também é investigado por um roubo seguido por estupro, no Sol Nascente, cometido em 26 de abril. Lázaro teria abordado a vítima em uma rua da região administrativa e a estuprou após anunciar o assalto. O caso é investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

A Polícia Civil apura, ainda, outro roubo, em uma chácara perto de onde morava a família de Cleonice. O homem cometeu uma ação parecida, mas sem deixar mortos. Mascarado, ele invadiu a casa, amarrou as vítimas e ordenou que ficassem nuas, segundo a polícia. Em seguida, sentou-se e ordenou que as mulheres cozinhassem e o servissem. Depois, fugiu, levando pertences da família, inclusive um carro. As vítimas estiveram nessa quarta-feira (9/6) na delegacia e reconheceram Lázaro por foto.

Presidente da Associação de Moradores do Incra, Robson Pereira da Silva, 50, comentou que casos como esses têm sido frequentes na região. “Até pouco tempo, não tínhamos tantas ocorrências de assaltos como agora. Era tudo muito tranquilo. Mas, de uns meses para cá, temos visto muitas pessoas estranhas rondando”, disse. Robson mora no local desde que nasceu. Ele conhecia a família Vidal há mais de 40 anos. “Soube dessa tragédia pelo noticiário. Eles sempre foram muito tranquilos, disso não tenho dúvida”, completou.

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