Morreu, nesta sexta-feira (6/6), aos 70 anos, José Antônio Filho, um dos fundadores do tradicional bloco carnavalesco Pacotão. Joanfi ou Joka Pavarotti — como era conhecido — passava por uma cirurgia para retirar um câncer do intestino, mas não resistiu.
Desde 1978, o cantor de marchinhas ficava responsável pelos grandes desfiles do bloco, que tinham como objetivo protestar de forma debochada contra figuras dos três poderes. Com músicas de autoria própria, Joka teve importante papel durante a ditadura militar, fase em que continuou a contestar as autoridades.
Em entrevista ao Correio em fevereiro de 2020, última vez em que blocos carnavalescos saíram as ruas de Brasília antes da pandemia, Joka afirmou que a meta do Pacotão era "fustigar os poderosos". "Nada melhor do que fazer nosso discurso na contramão", frisou. Em outra reportagem, essa de 2014, José Antônio — que também atuou como jornalista e diagramador — destacou que o objetivo do trio era conscientizar as pessoas sobre problemas como racismo e homofobia.
Paulo Henrique de Oliveira, presidente da Liga dos Blocos Tradicionais de Brasília, lamentou a morte do colega. "Brasília está em luto. Temos uma forte lembrança do Joka. Ele foi idealizador do personagem fictício Charles Preto, lutou contra a ditadura por meio do bloco. Esse é o maior legado dele", comentou Paulo Henrique. "(José Antônio) sempre (foi) brincalhão. A mesma coisa que era no bloco era com os amigos", acrescentou.
Nas redes sociais, conhecidos prestaram homenagem ao músico. O jornalista Roberto Seabra escreveu no Facebook: "Meu amigo Joanfi, o Joka Pavaroti. O irreverente, sempre pronto para nos fazer rir. Meu parceiro de uma marchinha só, que fizemos juntos com o André Cerino, no Carnaval de 2002. O diagramador mais engraçado com quem fechei jornal. E fechamos centenas de edições. Só vai deixar saudades. Vá em paz! O Pacotão nunca mais será o mesmo sem você", escreveu.
A reportagem não recebeu detalhes sobre o velório de José Antônio.
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