O número de acidentes de trânsito com mortes no Distrito Federal caiu nos primeiros quatro meses de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a abril deste ano, o Departamento de Trânsito (Detran) registrou 40 ocorrências com e 42 mortes. No primeiro quadrimestre de 2020, foram 57 acidentes e óbitos. No entanto, houve aumento no número de três infrações — dirigir alcoolizado, não utilizar cinto de segurança e usar o celular ao volante — durante o mesmo período.
De janeiro a abril deste ano, foram registradas 26.262 multas por uso de celular ao volante. No mesmo período do ano passado, o Detran autuou 21.626 motoristas pela infração. Dirigir alcoolizado rendeu multa para 6.386 condutores durante os quatro primeiros meses de 2021. No ano passado, de janeiro a abril, 5.340 motoristas foram flagrados dirigindo sob efeito de álcool. Os dados relativos às infrações de trânsito incluem o total de ocorrências do tipo registradas pelo Detran-DF, Departamento de Estradas e Rodagem (DER-DF) e Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).
Entre as penalidades mais cometidas de janeiro a abril de 2021, no DF, em primeiro lugar está exceder o limite de velocidade (451 mil casos). Na sequência, estão transitar em faixa exclusiva (45,7 mil), estacionar em local proibido (34,5 mil), dirigir sem o cinto de segurança (29,8 mil) e uso de celular ao volante (26,3 mil infrações).
De acordo com o diretor-geral do Detran-DF, Zélio Maia da Rocha, o órgão tem feito diversas campanhas educativas, entre elas o Maio Amarelo, mês dedicado à reflexão sobre como ter um trânsito mais seguro. Nesta semana, a autarquia irá focar nos cuidados em geral para os cidadãos nas ruas. “Ainda faremos campanhas de conscientização sobre as velocidades das vias. Outra será sobre o uso do cinto de segurança. O nosso objetivo é educar, mas faz parte do processo educativo a punição”, esclarece Zélio.
Vítimas
Dos 40 acidentes com mortes, em 2021, 16 foram por colisão, 12 ocorreram por atropelamento de pedestre, cinco por capotamento, cinco por choque com objeto e dois causados por queda. Das 42 vítimas, 14 eram motociclistas, 12 eram pedestres, sete passageiros, cinco demais condutores e quatro ciclistas vieram a óbito.
Pedestres e ciclistas são os mais vulneráveis no trânsito. Histórias como a do consultor Renato Carlos Rezende dos Santos, 41 anos, entram anualmente nas estatísticas. Há dois anos, o ciclista morreu após ser atropelado, na BR-080, por um HB20 branco. “Por volta das 20h, o Renato estava voltando para Taguatinga e o motorista ia sentido Brazlândia. Ele foi fazer uma ultrapassagem em local proibido e vinha um carro no sentido contrário. O motorista não conseguiu voltar e jogou o carro no acostamento da contramão, atingindo o Renato de frente, que faleceu na hora. Segundo os bombeiros, a pancada foi muito forte, e ele não resistiu”, relata a viúva, a professora Kádna Rezende, 44 anos.
Kádna conta que costumava aconselhar Renato a ter cuidado com os carros na pista. “[Os motoristas] passam muito próximo quando eles estão pedalando, e esquecem que ali vai um pai de família, um filho, um amigo, uma pessoa. O motorista deveria estar mais atento ao fazer a ultrapassagem. Se é faixa contínua, se tem placa de proibido ultrapassar, tem que respeitar. A sinalização não é um mero enfeite nas vias, ela está ali para ser respeitada pois salva vidas. Se ele tivesse esperado um pouco mais, o meu marido estaria aqui comigo e meus filhos, não teria partido tão novo”, afirma.
Kádna processou o motorista no Tribunal do Júri de Brazlândia, onde cobra os danos materiais pelos custos com a funerária e com a bicicleta. Segundo a mulher, nem o condutor e a defesa dele procuraram a família de Renato para prestar apoio. Ainda de acordo com Kádna, a defesa do motorista culpa Renato pelo acidente.