Abrigado em um ponto estratégico para facilitar o transporte de armas e drogas no Distrito Federal, Leandro de Matos Ferreira, 33 anos, mais conhecido como “Baianinho”, assumiu o comando da maior facção da capital, o Comboio do Cão, após o chefe, Wilian Peres Rodrigues, o “Wilinha”, ter sido preso em uma operação desencadeada pelo Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil (Decor/PCDF). Ontem, investigadores da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) prenderam o criminoso, que tem uma extensa ficha criminal, em uma casa em Corumbá (MS), na fronteira do Brasil com a Bolívia.
A suspeita é de que Leandro teria chegado à casa, supostamente alugada, na terça-feira passada. Ele estava na companhia de um colega, que fugiu. “Conseguimos identificar que ele (autor) estava no local para tomar conta da facção. A área é um ponto estratégico da organização e tomada por traficantes”, detalhou o delegado à frente do caso, Tiago Carvalho, da 10ª DP. Policiais do DF descobriram o esconderijo do investigado e, em operação conjunta com a polícia boliviana, detiveram Leandro.
Na abordagem, o criminoso utilizava um documento falso, expedido em Goiás. Ele reagiu à prisão e ameaçou os investigadores de morte. Com suspeito, foram apreendidas duas pistolas, sendo uma Glock e outra Taurus. A hipótese de que Leandro teria chegado a pouco tempo em Corumbá (MS) é reforçada pela situação a qual os policiais encontraram a casa: colchões ainda novos e embalados e poucos móveis.
Envolvimento
A investigação foi conduzida pela 10ª DP, do Lago Sul, porque, no começo do ano passado, os agentes da runidade policial desencadearam uma operação para prender um grupo acusado de invadir e roubar uma residência no Lago Norte. “Todos foram presos, e Leandro era o último envolvido, que ainda estava foragido”, completou o delegado.
Constatou-se, à época, que os crimes eram cometidos por integrantes do Comboio do Cão. Os investigados usavam o mesmo modus operandi: com restrições de liberdade e emprego de arma de fogo. Até março deste ano, Leandro estava preso no Centro de Progressão Penitenciária (CPP), no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), e fugiu, após deixar o local beneficiado pelo “saidão”.
Preso, Leandro ficará à disposição da Justiça e responderá, além dos crimes os quais já se encontrava cumprindo pena antes de fugir da unidade (furto, receptação, roubo, tráfico de drogas) pela prática de roubo circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (reclusão, de 4 a 10 anos) e por integrar organização criminosa (reclusão de 3 a 8 anos).
Facção
Concentrados em regiões como Riacho Fundo 2, Recanto das Emas e Taguatinga, o Comboio do Cão está envolvido em assassinatos, tráfico de drogas e armas, lavagem de dinheiro e roubos de veículos e residências. A facção se instalou na capital em meados de 2013. A polícia estima que o grupo esteja implicado em mais de 500 ocorrências criminais e cerca de 30 homicídios.
O chefe da facção, Wilian Peres Rodrigues estava foragido desde 2017 e instalou-se em uma residência luxuosa em Paranhos (MS), divisa com o Paraguai, para tentar se esconder da polícia e, de lá, articular a entrada de armas e drogas na capital e encomendar assassinatos de rivais. Wilinha atuava na cúpula como “atacadista”, uma tarefa que exigia jogo de cintura para investir capital nas mercadorias ilícitas e planejar as rotas que os produtos deveriam seguir para evitar as fiscalizações. No começo de abril, ele foi preso e, atualmente, está no Complexo Penitenciário da Papuda.