O chefe de uma das principais organizações criminosas italianas, a “Ndrangheta”, Rocco Morabito, e o comparsa Vincenzo Pasquino deram entrada, nesta quinta-feira (27/5), na Penitenciária Federal de Brasília (PFBRA), revelaram fontes policiais ao Correio. Os dois foram presos dentro de um hotel de João Pessoa (PB), pela Polícia Federal (PF), em uma mega-operação realizada na última segunda-feira (24/5).
No começo da tarde de terça-feira (25/5), Rocco desembarcou no DF. Em decisão proferida ontem, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu o pedido imediato da transferência do criminoso ao Sistema Penitenciário Federal. Até então, não se sabia onde o mafioso ficaria recluso até a finalização do processo de extradição. O processo, no entanto, corre em sigilo.
Rocco Morabito foi alvo de uma mega-operação conjunta entre a PF, a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) e autoridades de segurança italiana. O criminoso é procurado na Itália desde 1990 e é acusado de cometer uma série de crimes, como tráfico de drogas, tráfico de armas, tráfico de pessoas e lavagem de dinheiro. “Desde a nossa gestão, em abril, fortalecemos a busca por esse criminoso, que, no Brasil, passou por São Paulo, Rio de Janeiro e Paraíba”, afirmou o diretor-geral da PF, Paulo Gustavo Maiurino, em coletiva de imprensa promovida na sede da corporação, em Brasília.
O chefe da organização italiana chegou a ser preso em 2017 no Uruguai, depois de 22 anos foragido, mas enquanto aguardava o processo de extradição para a Itália, acabou fugindo em 2019 e tornou-se um dos três fugitivos mais procurados da Itália.
Vicenzo também era considerado fugitivo e procurado para responder a processo penal perante a Justiça italiana pela prática de crimes de tráfico internacional de drogas e associação para o tráfico de drogas “entre Brasil e Europa, especialmente Espanha e Itália, sendo membro da organização criminosa de tipo mafioso conhecida por Ndrangheta, em transações envolvendo centenas de milhares de euros”, como consta no processo.
Investigação
Após um intenso trabalho investigativo, a PF conseguiu chegar ao paradeiro do Mafioso. Rocco foi preso dentro de um hotel, em João Pessoa. No quarto, estavam outros dois estrangeiros, sendo um deles um italiano foragido da Justiça pelos mesmos crimes. “ O que fez a diferença nesse caso foi a cooperação internacional. Dessa troca de dados. Agora, partiremos para outras etapas de investigação na busca dos capitais ativos, que, com certeza, ele estava realizando as atividades criminosas mundo afora”, detalhou o coordenador-geral de Cooperação Internacional (CGCI), Luiz Roberto Ungaretti.
Segundo o chefe da Interpol no Brasil, Bruno Samezima, há indícios de que Rocco está envolvido com atividades criminosas no Brasil e afirmou que o criminoso permanece detido durante todo o processo de extradição para a Itália. “A Itália busca a extradição dele (criminoso) há quase 30 anos. Para nós, esse é um caso muito importante."