Após o poeta Rafael Cruz dos Santos, 31 anos, ser retirado à força de um dos vagões do metrô, o Centro Brasiliense de Defesa dos Direitos Humanos protocolou uma representação na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes (Decrin) em que pede que seja instaurada uma investigação criminal contra a Companhia do Metropolitano (Metrô-DF) e que os seguranças envolvidos no atendimento ao público sejam afastados.
Segundo a Polícia Civil, o termo circunstanciado foi instaurado e encaminhado ao judiciário e o crime de racismo está sendo investigado. "Uma pessoa que foi duramente discriminada, que sofreu diversos constrangimentos dentro do metrô", pontuou o advogado Michel Platini, e presidente da ONG.
A ação foi registrada em vídeo por outros passageiros. Na ocasião, em 14 maio, o artista de rua foi contido por seguranças com um mata-leão pelas costas e foi jogado no chão, na estação Feira. Ele ainda foi encaminhado à 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), onde foi lavrado o boletim de ocorrência por desacato.
“A porta estava quase fechando e coloquei minha mão para não fechar. Foi quando eles viram e me impediram. Falei que não ia sair do vagão, que não tinha motivos, mas eles me pegaram à força”, detalhou ao Correio.
Morador de Samambaia, há três meses ele recitava poemas nos vagões para sustentar os três filhos. "Eu quero justiça, até porque somos seres humanos e não cometi nenhuma atividade ilegal. Passei uma humilhação, minha família toda viu o vídeo, fica a pergunta: foi só por causa da minha cor?", indaga Rafael em vídeo na página do CentroDF.
Por meio de nota, o Metrô informou que ainda não foi notificado da investigação e que "os fatos ocorridos foram devidamente esclarecidos em ocorrência registrada no mesmo dia do fato na 1ª DP".
A companhia ainda reforçou uma manifestação anterior, em que afirma que "os empregados da segurança estavam embarcando um deficiente visual na plataforma 2 da Estação Feira e visualizaram o Sr. Rafael, que se autodenomina como o ‘Poeta’, realizando mendicância no trem, prática proibida pelo RTTS (Regulamento de Transporte de Tráfego e Segurança)", diz a nota.
Segundo o metrô, ao trocar de vagão, Rafael segurou a porta do trem, impedindo que a composição saísse da estação. "A segurança abordou o indivíduo e solicitou que ele saísse do trem para averiguações, mas ele se negou. Os seguranças insistiram na saída dele por ter transgredido o RTTS. Diante da negativa, por conta da resistência e desobediência, ele foi contido e retirado do sistema". Um agente de segurança do Metrô-DF foi encaminhado para o IML, devido a machucados na região da testa.